Dolemite e Marlene Dietrich: Poucos graus de separação

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 A história de Rudy Ray Moore rendeu o maravilhoso Meu Nome é Dolemite (Dolemite Is My Name, 2019 de Craig Brewer), filme da Netflix que já nasceu clássico. Além do protagonista há pelo menos um outro personagem real que por si só tem muita a contar: Nick, o jovem cinematografista.
Eddie Murphy como Rudy e Kodi Smit-McPhee como Nick na produção da Netflix
Na produção ele nem tem tanto destaque, mas na vida real, quem fotografou Dolemite (1975, de D'Urville Martin) foi Nicholas Josef von Sternberg. Como o sobrenome entrega, filho de ninguém menos do que o gênio Josef von Sternberg, diretor de O Anjo Azul (Der blaue Engel, 1930) e algumas outras obras máximas.

Nicholas, que nasceu em 1951, frequenta sets desde 1953, quando acompanhou as filmagens de A Saga de Anatahan (Anatahan), um dos últimos trabalhos de seu pai. Também é um de seus favoritos dele.
Nicholas Josef von Sternberg em 2019 para o site Film Talk                         Leo Verswijver/Reprodução
Quando estreou na direção de um longa, justamente com Dolamite, ele vinha da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) onde já havia dirigido uma série de curtas. Estava com 21 anos e tinha uma enorme vontade de estrear em 35 mm.
Créditos iniciais de Dolemite com o nome do jovem artista (1975)
O filme se tornou cult com o passar do tempo e aquele monte de defeito as vezes faz pairar a duvida se era defeito mesmo ou mera linguagem artística. Se o pai dele filmava através de rendas, seria aquele microfone boom vazando o tempo todo um toque de genialidade?
Ironias a parte, em entrevista ao Film Talk em agosto último Nicholas lembrou que antes da estreia no famoso Blaxploitation ele quase trabalhou na Universal Studios. Gente de lá de dentro o queria, mas o sindicado barrou por ser ainda estudante.

“Naquela época havia muitas oportunidades para cinegrafistas independentes” recorda Stenberg que só trabalharia sindicalizado em 1990, no filme Texasville, filme de Peter Bogdanovich. Ele se aposentou da profissão em 2002, ao levar calote de uma produtora canadense, hoje é professor justamente na sua UCLA.

A parceira de seu pai com Marlene Dietrich rendeu sete filmes no mínimo memoráveis a partir de O Anjo Azul. Para muitos foi ele quem criou a grande diva, porém, após a parceira ela continuou como mito e ele é bem mais lembrado exatamente pelos trabalhos com Dietrich.
Pigmaleão: Josef von Sternberg e Marlene Dietrich no auge da parceria       Reprodução
Nicholas nunca conheceu Maria Riva, filha de Dietrich, mas quando criança chegou a sentar no colo da estrela, que manteve contato com seu pai até a morte dele em 1969. Foi amigo de seus netos, J. Michael Riva (morto em 2012) e J. David Riva: "Os netos de Dietrich são muito interessantes, particularmente Michael, ele realmente se lembrava bem de Marlene, ele a conhecia bem. Eu a conheci pouco.".

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