O improvável romance de ícone gay com cantora de jazz

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Na explosão do cinema pornô, ali nos anos 70, depois do absurdo sucesso de Garganta Profunda (Deep Throat, 1972 de Gerard Damiano), Jack Wrangler se notabilizou como um viril super astro de produções voltadas ao público gay. Seu romance com a cantora popular  Margaret Whiting causou muito burburinho e contrariou a opinião pública.

Após alguns anos Wrangler chegou a fazer filmes para o público hetero, mas seu nome é associado até hoje com a cultura LGBTQ+. Antigamente era comum celebridades gays se declararem bissexuais, o que de alguma forma pode ser compreendido como um jeito de amenizar o impacto da sua homossexualidade diante do público, mas Jack Wrangler sempre se declarou gay.

Estamos falando de outra época, quando o êxito nas bilheterias quase transformaram o cinema adulto numa forma de entretenimento como outra qualquer. Os ataques morais do governo dos EUA e a popularização do VHS levaram tudo ao chão.

Então, nomes da indústria X-Rated eram celebridades que frequentavam revistas semanais, talk shows e toda mídia que os famosos possuem. Pós revolução sexual, fazer sexo em frente às câmeras era libertador, não havia o peso de hoje.

Em 1976 Wrangler estava numa boate dançando quando vislumbrou uma verdadeira divindade, a cantora Margaret Whiting. Em suas palavras: "Eu olhei para Margaret, cercada por cinco caras. Lá estava ela... com o penteado... as estolas... os diamantes e os gestos. Eu pensei, ‘Rapaz, isso é Nova York! Isso é glamour. Eu tenha que conhecê-la! ’".
Ele estava com 48 e ela com 70 anos. Margarida Whiting, cantora reminiscente da era de ouro da Big Bands, vinha de três casamentos e estava divorciada a quase 30 anos de um dos magnatas fundadores da Panavison.

Logo eles engataram um romance e o falatório começou tanto entre gays quanto heteros. O ator, obvio, foi acusado de tentar se passar por heterossexual de olho no dinheiro dela, mas ele insistiu em se declarar gay.

Em entrevista à revista Advocate em 2008 ele reforçou explicando: “Eu não sou bissexual e não sou hetero. Sou gay, mas eu nunca poderia viver um estilo de vida gay, porque eu sou muito competitivo. Quando estava com um cara eu sempre quis ser melhor do que ele: o que estávamos realizando, o que estávamos vestindo - qualquer coisa. Com uma mulher, você compete como um louco, mas vem de diferentes pontos de vista, e, tanto quanto sei, isso era factível".
Como é óbvio, o relacionamento de Wrangler e Whiting a princípio não foi nada fácil com ambos lutando contra a homossexualidade dele.  Durante uma das brigas públicas, em um restaurante, ele chegou a gritar que era gay e a parceira respondeu que “é apenas nas bordas, querido”.

Wrangler contou em entrevistas posteriores que a princípio teve consciência de que não poderia continuar saindo com caras porque quando chegasse em casa poderia encontrar Whiting do lado de fora, sentada ao lado de suas malas. Então, pra não viver com essa culpa jurou fidelidade tendo sua vida sexual restrita a masturbação, coisa que, segundo o próprio, era bom.

Com cinema pornô entrando em colapso nos anos 80, Wrangler abandonou a carreira no gênero para se firmar no teatro tradicional e shows de entretenimento em casas noturnas. Sua namorada não concordava com a pornografia.
O casal nos anos 90 quando finalmente casou / foto de Eric Stephen Jacobs 
Mesmo perante as dificuldades iniciais, o casal permaneceu junto, formalizando o casamento em 1994. E continuaram casados, ao contrário do que muitos achavam, até que a morte os separou!

Jack Wrangler faleceu em 2009, aos 62 anos, de enfisema e a viúva Margaret Whiting faleceu em 2011, aos 86 anos de idade, de causas relacionadas a idade avançada. Um relacionamento que causou polemica por ser fora das convenções, mas sólido na amizade e companheirismo além do sexo.

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Tal qual Hitchcock, diretor de Garganta Profunda apareceu em vários de seus filmes. Veja!

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1Comentários

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  1. Cada dia mais vejo que a gente ama pessoas. Gostar de transar, isso são outros quinhentos...

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