Hollywood sempre me pareceu dois universos bem distintos. De um lado as estrelas produzidas e paparicadas pelos grandes estúdios e do o outro, na periferia, uma gama de gente topando tudo para fazer parte do primeiro grupo.
Muitos destes sonhadores acabam realmente fazendo cinema, mas cinema B. São comuns os do primeiro grupo que vão parar no segundo e raro o contrário.
Maila Nurmi teve a competência de transitar entre os dois mundos em vários momentos. Como Vampira, era a mais popular apresentadora de filmes de horror na TV americana dos anos 50 até que suas ideologias políticas a fizeram cair em desgraça n a caça às bruxas do Marcartismo.
Por insistência da “produção” ou porque não tinha gato pra puxar pelo rabo, em 58 topou trabalhar com um empolgado diretor chamado Edward Wood Júnior. Achou tão ridículo o roteiro de Plano 9 do Espaço Sideral (Plan 9 from Outer Space) que pediu para não ter falas.
Pra seu alívio, o filme não deu em nada além de ser exibido (pelos baixos custos dos direitos) em Drive-ins por anos a fio. Pronto! Rumo ao ostracismo.
O visual de sua personagem na TV claramente inspirou o das personagens Morticia Adams, Lili Monstro entre outros. Mas foi na década de 80 que ela saiu à luta.
Entre os afazeres de dona de casa e artesã de bijuterias processou a atriz e ex stripper Cassandra Peterson por copiar seu antigo número ao criar Elvira, A Rainha das Trevas. Nessa mesma época, críticos elegeram Plano 9 do Espaço Sideral como o pior filme.
Ed Wood (já morto) tornou-se então o cultuado pior diretor de todos os tempos. Provavelmente quem concorda com isso nunca assistiu Cinderela Baiana ou conhece a obra de Moacyr Góes.
Assim, Vampira e todos os sobreviventes, passaram a freqüentar convenções de nerds, dar entrevistas, participar de documentários, etc. Na década de 90 foi representada por Lisa Marie na cinebiografia dirigida por Tim Burton sobre o incompetente diretor.
Como o mundo dá mesmo muitas voltas, Maila Nurmi faleceu no início do ano passado e graças a todo este revival foi lembrada no In Memoriam do Oscar 2009. Homenageada ao lado de nomes como Cyd Charisse, Nina Foch e tantos outros do primeiro escalão hollywoodiano que nos deixaram em 2008. Relembre clicando aqui:
É vista a partir de 2:15, primeiro numa cena de Plan 9 (quem diria!) e depois numa imagem recente. Repare que engraçado como a Academia colocou seu nome “Maila Nurmi” e embaixo, ao contrário da habitual descrição da função na indústria, apenas “Vampira”.
As fotos P&B são um oferecimento de Muamba Escaneada
Veja também:
Alergia a água
Liz Renay: Vivendo desesperadamente
Edith Massey, a dama dos ovos
Jayne Mansfield: Êxtase cor-de-rosa
"nunca assistiu Cinderela Baiana ou conhece a obra de Moacyr Góes"
ResponderExcluirMuito bom, hahahaha! Concordo plenamente!
Glauco, é uma disputa inglória entre Ed Wood e Moacyr Góes...
ResponderExcluirSei lá, Miguel, a pretensão do Góes me faz acreditar que ele é beeeem pior.
ResponderExcluirEle jura que faz cinema, e o pior, sério e de qualidade. Essa turminha da Globo Filmes, ele, o Jorge Fernando, o Monjardim e o Wolf Maia deviam se contentar com os estúdios do Projac.
Glauco, mais que apoiado!
ResponderExcluirEmbora acredite que tem que haver filme pra todo mundo, mas aqui, como filmar não é pro bico de qualquer um, é um desperdício de cinema.
a Vampira!
ResponderExcluirEduardo, Maila é um nome super corriqueiro aqui em casa agora já que acabei batizando uma gatinha que nasceu no fim do ano passado. Vampira seria pegar pesado...
ResponderExcluir