Música de Drácula de 31 é ínfima, mas imortal

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 Quando a Universal produziu Drácula pela primeira vez, ali no começo da década de 30, o cinema sonoro era uma novidade tão grande que ainda não sabiam ao certo como usar o recurso em sua totalidade. Além, claro, de encarecer a produção enquanto o país vivia a Grande Depressão.

Hoje parece tão obvio que a música ajude a contar a história, a dar clima, mas ali no começo não parecia nada claro. Se na vida não há música de fundo pra tudo, pra quê por música sobre a imagem em movimento?

Assim sendo, a primeira adaptação oficial do romance de Bram Stoker (dirigida por Tod Browning e estrelada pelo fabuloso Bela Lugosi) é bastante silêncio! Existem apenas três musicas e todas elas devidamente justificadas com a realidade.
O Lago dos Cisnes, Op. 20 - Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1877)

Ouve-se durantes os créditos de abertura. O estúdio usaria o mesmo tema na abertura de crédito de alguns outros filmes como A Mumia (The Mummy, 1932 de Karl Freund), O Segredo da Alcova (Secret of the Blue Room, 1933 de  Kurt Neumann) e até em Os Assassinatos da Rua Morgue (Murders in the Rue Morgue, 1932 de Robert Florey) também estrelado por Lugosi.

Pessoalmente acho bem marcante à figura sombria de Lugosi. Mesmo se for um balé, não consigo ouvir sem lembrar de seu Drácula!

E acho que não é só comigo. Uma de minhas trilhas sonoras preferidas, a composta por Howard Shore para Ed Wood (1994 de Tim Burton) faz algumas citações aos acordes de Tchaikovsky para embalar as cenas dramáticas de Bela Lugosi interpretado por Martin Landau.
Die Meistersinger von Nürnberg, WWV 96 - Richard Wagner (1886)

A orquestra está terminando de tocar quando Drácula chega ao teatro. Ou seja, a música faz parte da ação, os personagens a escutam.

Esta música foi bastante utilizada na propaganda nazista. Mas até ali, 1931, ainda não havia fácil associação, sendo mera coincidência bizarra ela pontuar o primeiro encontro de Drácula com os principais personagens humanos.
Sinfonia Inacabada (Sinfonia nº8) – Franz Schubert (1822)

Após os primeiros diálogos do Conde com o resto do elenco a orquestra (sempre em off) volta a tocar. Embora a trama se desenvolva nos dias atuais (anos 30) é interessante que todas as três composição utilizadas sejam anteriores a 1897, ano em que o livro foi lançado.

Em 1998 a Universal Studios contatou o compositor Philip Glass para ele compor a trilha ausente. A execução ficou a cargo do Kronos Quartet, que segundo Glass, as cordas evocariam bem o espírito do século XIX.

Drácula com essa trilha sonora foi lançado em VHS e mais tarde se tornou uma opção de faixa de áudio para o DVD e Blu-ray.  Bonita, mas não fazia a menor falta.

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