O tempo passou e um dos feitos da bailarina, militante e
poetisa Luz Del Fuego foi esquecido: A primeira pessoa a desfilar de cabelos de
cores exóticas no Rio de Janeiro. O escândalo!
E dessa vez ela nem precisou ficar nua, enrolada em serpentes.
O feito foi registrado na Revista do Rádio n° 119 de 18 de dezembro
1951. A principal revista de cultura popular da época foi logo estampando: “É o
fim do mundo!” .
Hoje é uma coisa banalíssima! Verde, roxo, azul... Mas o texto deslubradíssimo com a grande novidade que era ter os cabelos pintados de verde parece até poético. Leia na íntegra abaixo, com a ortigrafia atualizada.
Aconteceu nesta mui leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Os Jornais noticiaram a volta de Luz del Fuego. Mas antes que as edições circulassem, Já circulava a historia: Luz deli Fuego estava de cabelos verdes. Verdes e enormes. Enormes e esvoaçantes. Esvoaçantes e verdes. Totalmente verdes. Cor de esperança. Pela primeira vez o cidadão carioca passou a ver o verde da esperança nos cabelos de alguém. Nos cabelos de Luz del Fuego. Pitoresco? Mas não anda ela com um dente de elefante no colar, pendurado, á guisa de enfeite? E não dizem que os seus dentes naturais, tão belos, foram arrancados e substituídos por outros não de paladon, mas de coral, coral legítimos? O coral vem do mar, o mar é verde e verdes são agora os cabelos de Luz del Fuego. Um espetáculo para os olhos. Vale a pena ver os cabelos esvoaçantes de Luz del Fuego, cabelos da côr da esperança, esvoaçando ao vento, um espetáculo. Um espetáculo à maneira de Luz del Fuego, a artista que não sai do cartaz.
Lembrando que o Rio na época era a capital do país, então, julgamos
que fosse de hábitos mais cosmopolitas... Será que daqui a 70 anos o tabu do
corpo despido, a principal luta de Luz Del Fuego, também cairá por terra?
Veja também:
Luz Del Fuego no buraco da fechadura
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