Dançarina, atriz, poetisa e precursora do feminismo e
naturismo no Brasil, Luz Del Fuego é um vulto libertário. Hoje, em meio a tanto
barulho, muita hipocrisia e pouco foco político, seu nome se perde, mesmo tento
conquistado espaço numa época de parcos recursos midiáticos.
Assassinada em 1967 aos 50 anos de idade, cresceu inconformada
com a condição feminina, o estranhamento com a natureza humana e a dificuldade
em expor ideais existencialistas. Musa de Rita Lee em canção interpretada por
Lucélia Santos no cinema e mais recentemente por Rita Cadillac no teatro, sufoca
pensar que sua essência ainda é um tabu.
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Lucélia Santos em Luz Del Fuego, 1982 de David Neves |
Dora Vivacqua de nascimento, Luz Del Fuego de vida! Se
tornou um dos maiores nomes do Teatro de Revista apesar do repúdio dos
defensores da “moral e bons costumes”.
Numa edição e fevereiro de 1953 a Revista do Rádio incluiu
seu nome na coluna Buraco de Fechadura. A intenção era revelar itens íntimos da
celebridade em questão, uma chance de conhecer além do mito.
- Estatura baixa
- Morena-jambo
- Nasceu no Espírito Santo
- Seu verdadeiro nome é Dora
- É de família importante do Estado capixaba
- Estudou bailado desde cedo
- Fundadora de um novo espírito de dança
- Defensora do nudismo
- Fundou um Partido político
- Já escreveu vários livros
- Tem-se feito fotografar de todas as maneiras
- Amiga particular das cobras
- Tem uma casa espetacular na Avenida Niemeyer
- Admira o amarelo
- Não suporta Elvira Paga
- Já tentou o rádio, mas não teve persistência
- Tem ganho muito dinheiro como artista
- Faz intensa propaganda do naturismo
- Em sua casa há um ninho de cobras
- Usa cabelos longos e muito negros
- Prefere trancas e franjinhas
- Tem um secretário de cabelos oxigenados
- Diz que brigou com o noivo porque ele era muito ciumento
- Quando tiver um verdadeiro amor deixará de exibir-se
- Pretende casar-se e ter filhos
- Admira o lar, porém prefere um homem que tenha os seus mesmos ideais
- Acha que o naturismo acabará se impondo no Brasil por causa do calor
- Conversa muito bem
- Seus esportes preferidos: natação, remo e pesca
- Desde que chegou ao Rio, gosta de dirigir automóveis
- A primeira vez que seu nome foi focalizado ocorreu num baile do Municipal em que teve sua entrada barrada
- Em Belo Horizonte foi proibida de exibir-se
- Várias vezes tem recorrido aos poderes mais altos para poder exercer sua arte
- Ainda não tem 30 anos
- Quer terminar seus dias sossegadamente, tratando de seu lar
- Nos terrenos de sua casa há um pavilhão idealizado pelo seu ex noivo
- É fan de suas ideias e de seus princípios
- Tem um guarda-roupa feito de peles de seus animais que morreram
Como ela nasceu em 1917 e a revista é de 1953 a parte de que
não tinha 30 anos é mentirinha. Além dos shows em palcos, para promover seus
ideais de liberdade fazia performances públicas, como quando surgiu de Iemanjá seminua
no Viaduto do Chá em São Paulo.
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Ilha do Sol atualmente segundo registro de Guilherme Altmayer |
Naquele ano em que saiu a revista, ela seria detida e
condenada por ultraje ao pudor e desacato, absolvida teve que fazer exame de
sanidade mental. Seus últimos anos foi na Ilha do Sol, espaço que comprou para
viver e criar um recanto naturista dentro da Baía de Guanabara.
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