Faleceu José Mojica Marins, o Zé do Caixão

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 O ator e cineasta José Mojica Marins faleceu hoje, quarta-feira 19, aos 83 anos de idade. Ele estava internado em um hospital de São Paulo.

Iconográfico, sua figura se mistura à de seu personagem mais famoso, o coveiro Josefel Zanatas, o Zé do Caixão. Uma criatura que mesclava pesadelos de casa do terror de parque de diversão de vila com os monstros hollywoodianos da década de 30.

Mas Mojica, que por décadas insistia em se apresentar como o personagem, vai muito além dele. É um gênio, um fruto tipicamente brasileiro que cansado de tanto não, vez por si!

Em 1967 dirigiu da pior maneira possível um dos maiores filmes do nosso cinema: Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver. Sua filmografia ode soar ridícula para muitos, mas jamais será banal.
Segundo o G1, ele dirigiu cerca de 40 produções e atuou em 50, O último foi a Encarnação do Demônio de 2008, filme que encerrou a trilogia iniciada em À Meia-noite Levarei Sua Alma de 1964.

Após o sucesso dos primeiros filmes teve algumas séries na televisão como a Além, Muito Além do Além na Bandeirantes.  Obviamente levava seu jeito a uma versão brasileira do americano Além da Imaginação (Twilight Zone).

No cinema se tornou um nome conhecido da Boca do Lixo produzindo os mais diversos gêneros, inclusive para adultos. Na década de 80 Mojica (ou o Zé do Caixão?) se enfraqueceu junto às produções daquela região que foram ficando escassas.

Seguiu fazendo aparições em programas de TV populares como o Viva a Noite do Gugu.  Ele chorou no palco ao cortar suas gigantescas unhas diante das câmeras.
Nos anos 90 quando os VHS de seus antigos filmes foram distribuídos nos EUA pela Weird aconteceu o que era obvio, a aclamação internacional. O Coffin Joe (nome que eles batizaram o Zé!) foi elogiado por famosos o que fez com que ele ressurgisse das trevas em sua terra natal.

O maior fruto desse período é a apresentação do Cine Trash na Band onde concorria com a Sessão da Tarde da Globo apresentando todos aqueles filmes classe B que nenhuma  emissora exibiria de dia. Hoje era A Boneca Assassina (Dolly Dearest, 1990 de Maria Lease), amanhã podia ser Nosferatu - O vampiro da noite (Nosferatu, 1978 de  Werner Herzog).

Em 2008 surgiu a oportunidade de voltar a dirigir e ainda com o apoio da Fox, um grande estúdio hollywoodiano. A Encarnação do Demônio, para quem soube, teve sabor de privilégio para uma geração que finalmente pode assistir a um novo Mojica nos cinemas.

Temos a certeza da imortalidade como Zé do Caixão como o vimos sempre voltar naquelas histórias maravilhosamente inventivos. Mojica continuará iluminando com sua arte (tão nossa, amada e menosprezada) futuros cineastas que não se atém à banalidade.

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