King Kong no relógio da Paulista!

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Nem o relógio do Itaú no topo do Edifício Horsa do Conjunto Nacional ficou a salvo do marketing do arrasa quarteirão King Kong (1976 de John Guillermin). Em junho de 1977, quando a super produção finalmente estreou no Brasil, o banco publicou nos jornais a seguinte propaganda:
O relógio está certo.
Para não chegar antes da hora ou depois da hora, vestido demais ou vestido de menos, na estreia do filme do macaco, use os serviços do relógio Itaú.
Ele informa a hora e a temperatura absolutamente certas, para os 4 cantos da cidade, das 6 da tarde às 6 da manhã.
O Relógio Itaú está em cartaz há mais de um ano e meio, no cruzamento da Paulista com Augusta, e é o ponto alto dos serviços de utilidade pública que o Banco Itaú Oferece à população de São Paulo.
Levante a cabeça e olhe pra ele sempre que você quiser saber a hora e a temperatura certas. Quem sabe um dia você acaba vendo o macaco do filme lá em cima. Corre boato de que ele anda rondando aquelas imediações.

O slogan tomava proveito do bordão popularizado pelo humorístico da TV Globo O Planeta dos Homens que era “O macaco está certo”, sucesso a partir de 1976. Eles trocaram macaco por relógio, o que não foi má ideia em se tratando de associar o local com hora certa e o King Kong.

Ele não apareceu ali, mas esteve no Playcenter, conforme você pode conferir neste post aqui. Estranhamente eles não usam em momento algum o nome King Kong, mas aparece o mesmo macaco conforme o pôster. 

Pensando em King Kong por São Paulo a gente lembra logo do prédio do Banespa, mas não podemos esquecer que no filme estrelado por Jessica Lange ele sobe nas Torres Gêmeas, não no Empire State como o dos anos 30. Então o Conjunto Nacional na propaganda até faz certo sentido...

Itaú celebrava um ano e meio no relógio da Avenida Paulista. Realmente o banco foi parar lá em 1976, mas o relógio já existia desde 1962, na inauguração do edifício, mas exibia a marca da montadora Willys Overland e cinco anos depois da Ford.

Quando o Itaú assumiu o espaço ele funcionava com 2.800 lâmpadas incandescentes de 150 watts cada, modernizado em 1986 por seis quilômetros de neon e a troca dos interruptores mecânicos pela digitalização do sistema. Cabia a empresa a manutenção a cada dois anos e taxa da publicidade.
O relógio em 2009 segundo a Wikipédia
O Itaú ocupou o espaço por décadas se tornando referência e nome ao ícone da cidade até que em 2007 entrou em vigor a Lei da Cidade Limpa. O relógio estava tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) desde 2005, mas a publicidade agregada a ele não estava inclusa.

Porem, o condomínio exigiu que o contrato em vigor fosse respeitado e a empresa teve que continuar arcando com os custos normalmente (estimam que fosse algo em torno de R$ 2,5 milhões de manutenção e R$ 300 mil mensais). Por outro lado, a prefeitura paulistana passou a cobrar multas pelo desrespeito à lei.

Até conseguirem desfazer o contrato foram pagos cerca de R$ 15 milhões à prefeitura. Apenas em 2012 o banco conseguiu tirar seu logo e vários jornais na época chegaram a noticiar que o relógio ia parar, coisa que não aconteceu.

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