Produtor do King Kong 70's se arrependeu de não ter chamado Fellini para dirigi-lo

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 Quando foi trabalhar nos EUA o produtor Dino De Laurentiis já era uma lenda em seu país, a Itália. Logo ganharia o apelido de “O último czar de Hollywood” tamanho o poder que acumulou rapidamente lá.

Na década de 70 o cinema comercial americano vivia uma crise bem longa onde os velhos estúdios perderam a força. Atores se tornaram independentes e a TV parecia ter levado uma fatia gigantesca de público.

Laurentis tinha conquistado seu lugar ao sol em Hollywood com títulos como Serpico (1973 de Sidney Lumet) e Três Dias do Condor (Three Days of the Condor, 1975 de  Sydney Pollack). Sua maior ousadia foi refilmar King Kong, o clássico que tantos outros haviam tentado sem sucesso.
Em entrevista publicada à Folha de São Paulo em dezembro de 1976, durante o lançamento mundial da mega produção (no Brasils eria apenas em junho de 1977), dizia orgulhoso “Quem manda em mim é o público. Sou o produtor”.  O filme custou cifras igualmente colossais para a época e um risco de fracasso do tamanho do macaco, mas Laurentiis confiava na história de amor e que o público estava cansado de violência, política e pornografia.
O que causa certo estranhamento, visto que de longe seu King Kong é o mais explicitamente  sexualizado de todos. Para ele o mais importante era a história a ser contada, já tinha aprendido que independente de diretores e astros no elenco, se o público não tiver interesse pelo que será contado, nada os arrasta até o cinema.

Macacos estava na moda no cinema naquela época desde O Planeta dos Macacos (Planet of the Apes, 1968 de Franklin J. Schaffner), mas seu King Kong era encarado com incredibilidade e mero sensacionalismo.  Bem, segundo ele Ingmar Bergman gostou de seu King Kong.
E não só! "Federico Fellini disse-me que é um filme que gostaria de ter dirigido. Devo confessar que há dois anos não pensei nele. É uma lástima  porque teria sido um filme louco e genial como só Fellini sabe realizá-los. De qualquer modo quero levar Fellini o mais cedo possível para os Estados Unidos para trabalhar comigo", garantiu Laurentiis.

Fellini nunca foi trabalhar nos EUA, mais flertou bem com um monstro gigante em Boccaccio 70 de 1962.   A voluptuosa Anita Ekberg perseguindo o puritano Seu Antônio não é necessariamente um monstro, mas dançaria valsa com King Kong.
Dino De Laurentiis seguia um plano, que segundo ele, apenas produtores  que também são autores podem realizar: "Fazer com que o público popular siga com interesse Bergman e que o público de elite divirta-se com King Kong". Após todos os esforços publicitários em cima do macacão ele se concentraria em “O Ovo da Serpente” (The Serpent's Egg ) que o diretor sueco estava rodando em Munique sob suas bênçãos.

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