Hammer tentou produzir King Kong!

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Entre o final da década de 50 e início da 60 o estúdio britânico Hammer ficou conhecido em todo mundo por produzir “refilmagens” em cores dos monstros hollywoodianos da década de 30. De Frankenstein a Drácula, passando pelo Fantasma da Ópera, parece óbvio que o interesse em King Kong.

Esperavam rodar em 1966, marcando com ele seu 100º filme literalmente em grande estilo. O porém ficou a cargo dos detentores da RKO, que não tinham interesse algum em ceder os direitos para refazerem seu principal filme, sucesso astronômico de 1933.

Coube à Hammer então refilmar O Despertar do Mundo (One Million B.C., 1940 de Hal Roach Jr. e Hal Roach) clássico com dinossauros em stop-motion na “mesma linha” de King Kong. Mil Séculos Antes de Cristo (One Million Years B.C., 1966 de Don Chaffey) contou com os efeitos do papa da animação quadro a quadro Ray Harryhausen.

E mais! Raquel Welch no auge da formosura trajando nada mais do que peles de animais. Não podia dar errado e não deu mesmo! Tremendo sucesso fez surgir várias produções parecidas de outros estúdios que misturavam belas garotas e dinossauros.

A própria Hammer voltaria ao tema em Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (When Dinosaurs Ruled the Earth , 1970 de Val Guest) estrelado pela coelhinha da playboy Victoria Vetri. Com tanto dinheiro em caixa e as velhas criaturas revividas por ele já demonstrando sinal de cansaço nas bilheterias, a Hammer voltou a pensar em King Kong, não importando o quanto custasse.

No topo da empresa estava Michael Carreras, o maior entusiasta do projeto. Apostando alto em refilmar King Kong, contratou novamente Ray Harryhausen, agora para animar o macacão.

Harryhausen, lendário pelos efeitos em filmes como Jasão e o Velo de Ouro (Jason and the Argonauts, 1963 de Don Chaffey), nunca escondeu que foi justo o fascínio ao ver King Kong em 1933, quando era um garoto, que o impulsionou a seguir na área e a aprender a técnica do stop motion.
Harryhausen e uma de suas mais famosas criatura

Honrado pela oportunidade, ao mesmo tempo se sentiu confuso ao não ver a necessidade de refilmar, já que o original permanecia excelente. A empreitada chegou também a David Allen, responsável pelos efeitos de Quando os Dinossauros Dominavam a Terra.

Allen por sua vez viu a necessidade eminente de modernizar o monarca da Ilha da Caveira. Empolgado, por conta própria fabricou um bonequinho muito parecido ao da década de 30 e filmou vários testes de movimentos para demonstrar o que poderia fazer.
Um ano depois de negociações com a concessionária responsável pela RKO e nada! O presidente da empresa chegou publicamente a declarar que um remake de King Kong jamais veria o dia enquanto ao mesmo tempo cobrava uma pequena fábula de quem se propusesse a comprar os direitos além de incontáveis exigências.

Quase cinco anos depois os direitos do personagem estariam expirados, época em que o produtor italiano Dino De Laurentiis finalmente dará ao mundo um novo King Kong, dirigido por John Guillermin. Aliás, após uma acirrada disputa com a Universal que também queria fazer o seu, mas isso já é outra história.

Voltando à Hammer, os ânimos esfriaram após tanto tempo de negociações infrutíferas. Michael Carreras, o chefão, finalmente recuou desapontado por não conseguir comprar a autorização.

Imaginável também a frustração de Ray Harryhausen, morto em 2013, que jamais realizou o sonho de movimentar seu amado King Kong. Ao mesmo tempo o alívio de não carregar nos ombros uma produção com custos faraônicos.

Quanto a David Allen, seus esforços não foram totalmente em vão. Os testes acabaram de certa forma sendo aproveitados num comercial de TV para a Volkswagen.


Muito parecido ao original de 1933. Furiosamente em cores no topo do Empire State.

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