Cláudia Raia às voltas com fantasmas

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Caso que a Cláudia Raia já contou em incontáveis entrevistas, mas em tons distintos: que o Carlos Manga (diretor artístico) não a queria de jeito nenhum protagonizando a adaptação de Asfalto Selvagem da Globo. A obra de Nelson Rodrigues foi adaptada na minissérie Engraçadinha Seus Amores e Seus Pecados celebrando 15 anos do falecimento do autor em 1995.

Teimosa, aos 27 anos de idade, achava que podia dar conta do papel dramático. Fazia exatos dez anos que ela despontou ao estrelato como  a vedete Ninon, pequeno e destacado papel da novela Roque Santeiro.

Durante essa década fez várias novelas bem sucedidas, espetáculos de dança e principalmente o programa TV Pirata, tudo transbordando humor. Além disso, Raia sempre conta que o diretor não lhe queria por ser muito bonita, comediante e não parecer um personagem rodriguiano.

Era consenso na época que voluptuosa, grandalhona, teria pouco de uma dona de casa religiosa do Rio dos anos 50, ainda mais cujo nome é graciosamente no diminutivo. Mas a diretora geral Denise Saraceni apostou nela e resolveu dar colher de chá de um teste com ela, contanto que fosse as escondidas, pra ninguém saber e chegar aos ouvidos do Manga.
Assim ela foi tarde da noite ao lado de Alessandra Negrini, a Engraçadinha da primeira fase. Era pra ser a Georgiana Góes, saída da série Confissões de Adolescente, proibida por um juiz de trabalhar na minissérie por ser menor de idade (acabou na novela A Próxima Vítima também de 1995).

No primeiro episódio do programa Que História é Essa, Porchat? (2019) a atriz desenvolveu esses momentos de 24 anos atrás com toques de paranormalidade! No estúdio estavam apenas as duas atrizes, o câmera, o cara do áudio, o da iluminação e a diretora no suiter.
Cláudia fazia a cena em que vê a filha repetindo sua postura jovem e começou a cantar o hino “segura na mão de deus” de improviso, ainda sem saber que a personagem era Batista. Foi quando, ela jura de pés junto, ter visto uma figura de branco passando ao fundo do estúdio, no escuro.

Ela conseguiu o papel como todos sabemos e foi bastante elogiada pelo seu amadurecimento dramático. Todo o programa marcou época principalmente por seu capricho técnico e cênico, tendo um texto bastante fiel ao que havia sido escrito por Nelson Rodrigues.

Ao gravar a última sequencia haviam algumas alterações no texto. Luzes apagavam sozinhas, câmeras quebraram, começou uma confusão e a estrela teria dito: “Gente, ele tá aqui! Ele não tá permitindo que a gente mude, vamos fazer o texto original?”.

E conseguiram gravar seguindo o texto original mesmo, com Engraçadinha lendo a carta da prima suicida. Pera que tem mais! Aí abaixo está a última imagem de Engraçadinha e você deve observar bem.
Quando a diretora fechou o close no olho da Claudia Raia para encerrar a minissérie assim, apareceu um brilho meio estrela se movimentando dentro dele. Ela garante que não havia qualquer luz rebatendo ou que tenha sido usado algum efeito de pós produção.

Nelson Rodrigues poderia estar psicografando um legítimo "Herculano! Aqui quem vos escreve é um morto!"? Poderia!  Mas bacana também vagar pelo Projac pra garantir a autenticidade de sua obra. Eu acho.



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