O primeiro longa da atriz foi Dário de Uma Perdida (Tagebuch einer
Verlorenen, 1929 de Georg Wilhelm Pabst) ao lado da lendária Louise Brooks. Schmitz
tinha apenas 20 anos e após Pabst trabalharia com outro gigante, Carl Theodor
Dreyer em O Vampiro (Vampyr, 1932), já um filme sonoro.
Seu personagem de O Vampiro a literalmente a imortalizou. É
hoje um dos seus papeis mais lembrados, sendo que o nome Sybille Schmitz batiza uma vampira na série japonesa de romances pop Vampire
Hunter D.
No mesmo ano ela seria contratada pela uFa, o poderoso
estúdio de cinema germânico que passou a lhe dar papeis de protagonistas fortes
e sedutoras. Seu nome seria estampado nos jornais do mundo todo, inclusive no
Brasil, pela profética ficção científica Devastador do Mundo (Der Herr der Welt,
1934 de Harry Piel).
Anuncio publicado no Brasil em 1934 com o nome de Sybelle Schmitz |
O período de estrelato de Sybille Schmitz coincide com a ascensão
de Hitler e o Terceiro Reich. Ao
contrário de muitos astros, estrelas, técnicos e artistas em geral que saíram
da Alemanha e conquistaram brilhantes carreiras em Hollywood, Schmitz
seguiu brilhando em produções locais.
Seu nome não foi sancionado pela Reichsfilmkammer (RFK), órgão
criado para regular a indústria cinematográfica na Alemanha nazista entre 1933
e 1945, mas também não causou incomodo a Joseph Goebbels, Ministro da
Propagando do Partido Nazi. O antes forte cinema alemão passou a ser
usado como propaganda dos ideais do Partido perdendo qualquer relevância ao resto do mundo.
Sybille Schmitz tinha traços semitas e ligações com a comunidade
judaica. Começou a receber papeis em sua maioria secundários, perdendo espaço a heroínas
loiras de olhos claros, perfil alinhado ao governo vigente, ou interpretando estrangeiras
pouco confiáveis.
1934 em A Valsa do Adeus |
Sua carreira foi minguando e as coisas ficaram cada vez
mais difíceis durante a Segunda Grande Guerra. Seguiu esperando Hitler cair
e quem sabe assim, sua situação profissional voltasse ao que era.
Deprimida, Schmitz passou a
beber cada vez mais e a usar drogas. O abuso de entorpecentes ajudou a deteriorar seu casamento
com o roteirista Harald G. Petersson, união que foi de 1940 a 1945, quase o
mesmo tempo da Guerra, sendo que os melhores filmes em que esteve no período tinham roteiro
do marido.
Em 1943 na versão nazi do titanic |
Quando Hitler finalmente foi derrubado em 1945 países como
os EUA tiveram como uma das prioridades resguardar o agora cambaleante cinema
alemão para que mais nenhum nazista tivesse acesso a esta poderosa ferramenta
de comunicação de massas. Assim, todos os que haviam trabalhado lá passaram a
ser proibidos na área.
Se os papeis de Sybille Schmitz no cinema já eram difíceis nos
últimos anos, agora se tornaram quase impossíveis. Levou dois anos pra voltar a
atuar, e ainda assim em personagens bem distantes dos que já interpretou.
Rumo ao anonimato e misturando drogas a álcool ainda com
mais frequência, a atriz teve algumas tentativas de suicídio. Cada vez com
menos dinheiro, passou a ser vista implorando trabalho, tentando fazer as
pessoas se lembrarem de quem ela era antes da Alemanha Nazista.
Em 1954 no filme Das Haus an der Küste |
Em 1955, com apenas 45 anos de idade, ela se matou com uma overdose de soníferos. Na época vivia com uma médica chamada Ursula
Moritz. Segundo suspeitaram, essa mulher vendia-lhe morfina em “doses” cada vez
maiores e mais frequentes enquanto fazia uso do pouco dinheiro que ela ainda
tinha, até ficar sem nada e não lhe interessar mais.
Em 1982 Fassbinder dirigiu O Desespero de Veronika Voss (Die Sehnsucht der Veronika Voss) inspirado nos
trágicos últimos dias de Sybille Schmitz. Aliás, talvez o filme mais
maravilhoso “baseado numa história real”.
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