De beefcake a coadjuvante de Joan Crawford

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 Guardando as devidas proporções, a cultura do fisiculturismo fez pelo corpo masculino o mesmo que a explosão dos fotógrafos amadores fez pelas pinups. Na Inglaterra do final da década de 60 poucos nomes eram mais conhecidos do que o de John Hamill.

Isso, claro, num submundo bem à parte do mainstream cultural. Estavam acontecendo a Revolução Sexual, mas estamos falando de rapazes com pouca roupa e corpo definido.
Não houve em termos de sucesso um tipo de revista como a Playboy voltado ao público feminino e gay, que tirava do pecado a nudez alçando ao posto de arte. Mas houveram muitas revistas esportivas exibindo o corpo de jovens rapazes.

Nos EUA talvez o fotografo mais celebre no ramo tenha sido Bob Mizer e sua Athletic Model Guide (AMG), que despiu muitos moços que chegavam a Los Angeles sonhando com Hollywood. A casa já tinha caído para Mizer (com alegações de favorecimento à prostituição, atentado ao pudor, etc) quando John Hamill ficou conhecido do outro lado do oceano, na bem mais liberal Inglaterra.
Ainda assim, não vamos esquecer que até 1967 a homossexualidade ainda era ilegal na Inglaterra e em alguns países pertencentes ao Reino Unido até 1982. Mas o que John Hamill  tantos outros moços praticavam ao tirar a roupa era (aos olhos públicos) mero esporte, o fisiculturismo.

E isso tudo não impediu que ele fizesse fotos com nudez total e até alguns curtas homoeróticos em Super8. Hoje esse material é apreciado por colecionadores e entusiastas e está facilmente disponível na internet.

Anos mais tarde John Hamill disse que esses trabalhos com nudez foram necessários para sobreviver, mas acabaram com sua carreira de ator. O que podemos discordar totalmente aqui do futuro: Sem esses trabalhos de nu ele agora seria quase que totalmente anônimo, um mero nome no IMDB.
Seu trabalho mais importante no cinema é Trog, O Monstro da Caverna (Trog! , 1972 de Freddie Francis), o paupérrimo filme de monstro com que Joan Crawford encerrou a carreira. A própria declarou que quando viu seu nome na marquise do cinema atrelado aquilo quis morrer.

Aliás, o único motivo desse filme ser lembrado e festejado hoje é por ter a presença de Joan Crawford e ser extremamente ruim. De lambuja a grande dama de Hollywood ainda contracenou com o mocinho famoso por decorar as paredes de algum borracheiro gay.

Em 1974 ele juntou o dinheiro que tinha e tentou dirigir seu próprio filme adulto intitulado honestamente de “Doing the Best I Can” (algo como “É o melhor que eu consigo”). Nunca foi finalizado ou parcialmente distribuído, mas trechos do seu making of aparecem em um episódio sobre Xploitation da serie documental Man Alive produzido pela BBC em 1975.
Hamill seguiu tentando, fez teatro, apareceu em alguns outros terrores e algumas séries na TV. A principal delas é Doctor Who da BBC, durante o arco A Operação Ribos de 1978 e parou até 1989, quando participou de um episódio da série The Bill.

E isso foi o suficiente para abandonar o mundo artístico e montar uma loja de moveis de pinho. Hoje está com 71 e não há maiores informações sobre a sua vida atual.

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