Kinematofor, o tataravô do Blu-Ray e outros parentes distantes

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 No tempo em que coqueluche significava uma doença contagiosa mesmo, um aparelho como o  Kinematofor devia ser um sonho. Ele permitia ter seu próprio cinema em casa, tal e qual conseguimos como Blu-Ray ou Netflix.

Claro que ainda não existia o conceito “cinema” como conhecemos hoje. A graça ali era ver várias figuras em movimento, os fotogramas, reproduzindo ações, sendo que cada “historinha” era chamada de vista. Entende-se que vista seja um dos primórdios do atual filme.
O Kinematofor é uma invenção do fabricante de brinquedos alemão Ernst Plank, patenteado em 1898. E não demorou muito a chegar ao Brasil. Na revista Echo Phonographico de janeiro de 1904 (111 anos!) há um anúncio do aparelho como sendo “última novidade em fotografia animada”.
Pra calcular quanto era 15 mil réis no dinheiro de hoje nunca é fácil, mas não devia ser barato. Nada nunca é em se tratando e tecnologias inovadoras.

O modelo de 15 mil Réis deve ser este da gravura, a manivela. Kinematofor era inovador por ser compacto e usar uma espécie de caldeira, girando graças ao vapor.

Na mesma revista tinha ainda o anúncio de outro sistema, também vendido pela na loja Figner Irmãos. Muito mais simples (e barato!), remonta a inventos como o Electrotaquiscopio.

O texto se refere a ele como Cinematographo Popular. Os pioneiros Irmãos Lumiere haviam apresentado o cinematografo em 1895, apenas nove anos antes da publicação destes anúncios no Brasil.

Outra publicidade da Echo Phonographico , mas edição de fevereiro de 1905, foi o do “Cinematographo Systema Lumière” . Um híbrido de projetor e Lanterna Mágica!

Com lâmpada a querosene e já apto a rodar a película 35 mm, além das vistas simples da Lanterna Mágica custava 400 mil réis!!! Muito mais caro que a Kinematofor e ainda demoraria dez anos para surgirem obras primas como O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, 1915 de D.W. Griffith).

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