Pessoas que não estavam lá

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“Em março dêste ano, esteve no Brasil, durante algumas semanas, o diretor cinematográfico Henry Levin acompanhado de uma equipe de filmagem. Andaram pelo Rio e São Paulo, rodando alguns milhares de metros de película, com um vistoso equipamento. Seu objetivo era tomar as cenas que serviriam de fundo para uma produção em Cinemascopio, "Holyday for Lovers", comédia romântica com Clifton Webb e Jane Wyman nos principais papéis. Levin ficou deslumbrado com os panoramas cariocas, e decidiu aproveita-los ao máximo. De volta a Hollywood, filmou nos estúdios da Fox, usando o sistema de "back-projection" (projeção de fundo). Esse sistema é um dos grandes recursos da técnica cinematográfica, uma vez que, levando ambientes naturais para o "set”, permite os mais variados efeitos técnicos, com uma economia considerável nos orçamentos. O "back-projection" é tão velho quanto o próprio cinema, mas, hoje, extremamente aperfeiçoado, tornou-se indispensável as produções menos ambiciosas. No caso de "Holyday for Lovers", a ação decorre em boa parte no Brasil, sem que os artistas tivessem sequer pisado nosso solo.

A estréia mundial de Amantes em Férias" aconteceu esta semana no Rio de Janeiro. Henry Levin declarou que voltara ao Brasil em dezembro próximo, provavelmente, para iniciar os preparativos da filmagem — com cenários verdadeiros — de uma historia inteiramente desenrolada em diferentes regiões do País, e interpretada por artistas americanos e brasileiros.” Revista Manchete, agosto de 1959 (clique para ler no original)

O diretor Levin não estava fazendo média quando disse que queria rodar um filme realmente tendo o Brasil como locação. Em 1966 dirigiu Operação Paraíso (Se tutte le donne del mondo), sátira a James Bond que se desenrolava no Rio de Janeiro.

Pensei que a “mágica” da retro-projeção (ou back-pojection) fosse tão comum antes que as pessoas nem a notassem. Raramente Hollywood manda uma equipe toda aos confins do mundo se podia usar esse recurso tão mais em conta, além de rápido.

Dentro de carros era obrigatório, até pelas limitações impostas pelo tamanho das câmeras. Com ação correndo em primeiro plano, dava pra apostar que ninguém repararia no fundo.

Como todos os efeitos especiais não digitais, tudo eram feito “ao vivo”, durante as filmagens. Grosso modo, atrás dos atores havia uma tela e atrás dela o projetor para a paisagem.

Alternativa à retroprojeção, o matte tinha resultados mais realistas, mas exigia um trabalhoso processo para a junção dos dois negativos a serem combinados depois de filmados. Complexo, dispendioso e demorado, pode ser visto tanto no Kink Kong de 1933 quanto nos vôos do Superman de 1978.

Com o passar dos anos, as câmeras diminuíram e o recurso foi abolido. Ao invés de retro-projeção usou-se chroma-key, recurso que inseria cenários na pós-produção no lugar do que havia sido gravado com um fundo de uma só cor.

Chroma-key tinha resultado não muito limpo, borrando as bordas dos atores com as cores do fundo, quase sempre azul (depois passaram a usar o verde). Dessa forma, era utilizado muito mais em produções baratas de TV do que no cinema.

Hoje voltou a ser empregado em larga escala tanto na TV quanto em filmes graças a programas de edição digital. É possível concertar qualquer imperfeição da sobreposição, tanto do recorte, quanto equivaler a iluminação dos atores com o cenário falso.

A cada vez mais comum Green-Screen causa controvérsia embora seja amplamente utilizada. Inimaginável qualquer blockbuster de 2011 que tenha aberto mão dela.

Veja também:
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Copacabana me engana



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4Comentários

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  1. Sabe que tenho passado por esse post e não consigo atinar, na primeira foto, se é o centro do Rio ou de SP? Os prédios, na minha cabeça, são sempre tão parecidos...

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  2. Letícuia, creio ser o Rio... Sempre achei que fosse.

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  3. E o grupo apreciando o Pão de Açúcar logo em frente...

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  4. Letícia, hahah tem cara. lembra um pouco aquele trecho na entrada do Paraíso.

    Mas devem estar vendo o corcovado mesmo.

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