Mickey Mouse, personagem central da hoje mega corporação
Disney, chegou ao Brasil ao mesmo tempo que nos jornais dos EUA, no ano de
1930. Mais precisamente no jornal infantil Tico – Tico de 26 de Março daquele
ano, edição 1277.
Sem alarde algum, o destaque na capa daquele número foi para
uma tira de J Carlos. Mickey estreou aqui como quem não quer nada, azul e seu
nome era O Ratinho Curioso.
A primeira tirinha publicada auto explica o nome que ganhou aqui. Obviamente depois o Mickey iria muito além de sua curiosidade.
O Tico-Tico trazia quadrinhos, poesias, brinquedos de
recortar e montar, lendas brasileiras e coisas do tipo. Porém, As Aventura do
Ratinho Curioso eram, aos olhos de hoje e toda fofice que a Disney impregnou
seus trabalhos, barra pesadíssima!
Tinha caso extraconjugal da Minnie (que se chamava Macaquita!!!), lavar a honra com sangue e... Suicídio! Veja essa tira publicada em 8 de abril de 1931, preservada a ortografia da época.
-Isso é demais! - Dizia Ratinho Curioso ao ver a Macaquita
"flirtando",
- Vou entrar e arrebentar a cabeça daquelle rato inferior!
- Venha cá, seu Ratinho Curioso! - Gritou uma voz. - Não
seja maluco! Não comprehende,
- Sim! - respondeu Ratinho Curioso dando voltas em redor da
casa da Macaquita.
Emquanto isso se passava, Macaquita perguntava: - Que devo
tocar agora, "seu" Guedes?
E do lado de fora, Ratinho Curioso pensava que "seu”
Guedes estava beijando Macaquita.
E, furioso, passeava de um lado para o outro, apressado,
agitado, zangado.
Depois, Ratinho Curioso sentou-se, muito triste. A Macaquita
- pensava - era uma ingrata.
E agitado, parava para as pessoas que passavam na rua.
Por fim, Ratinho Curioso tomou uma resolução. Ia matar-se
-Por que devo viver mais? Vou pôr termino á vida (continua)
Eita! Que o Ratinho Curioso era da pá virada, hein?! Não sei
o que acontece na continuação, o próximo não parece ter sequência a isso, mas
certeza que não teve Ratinho Curioso com os miolos esmagados. Certeza?
Bom, eu fui atrás das tiras originais em inglês. Só pra tirar a limpo se esse lado hardcore do Mickey não era coisa da tradução brasileira e, realmente, lá foi bem mais suavizado.
Mickey não fala que vai “arrebentar a cabeça” do oponente,
nem o Horácio fala em matar, mas dar uma surra. Ainda assim, o final é esse
mesmo, o rato decide por fim à sua vida.
Isso explica porque a publicação brasileira não seguiu a
trama. Nas próximas tiras é mesmo ele tentando dar cabo a própria vida.
Interessante que no Brasil, como a Tico-Tico era semanal, saiam logo três ou quatro tiras juntas e coloridas. Originalmente eram diárias
de uma em uma, sem cor e faziam uso de balõezinhos para o texto.
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