Final trágico do "primeira amor" de James Dean

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É de se achar normal que a morte bem precoce de James Dean aos 23 anos não só comoveria o mundo como fizesse a imprensa em todo mundo dar voltas pra manter o drama em suas páginas. Na primeira edição de dezembro de 1956 a brasileira Revista da Semana trouxe a seguinte nota:

O PRIMEIRO AMOR DE JAMES DEAN
UM FENÔMENO que não se repetia desde a morte de Rodolfo Valentino, empolga os EE.UU. e já vai se espraiando pelo mundo: o culto a James Dean morto a 30 de setembro de 1955 num desastre de automóvel. Multidões vão em romaria visitar o lugar onde está exposto o carro esfrangalhado que o vitimou. Todos querem saber tudo sobre sua vida, esmiuçar os mínimos detalhes. Mas parece que não há muito a recolher de uma vida que durou apenas 23 anos. Sabe-se que Dean era triste e reservado, que teve uma infância miserável, que viveu abandonado desde tenra idade. Cresceu sozinho, e sua paixão (verdadeira obsessão) era se transformar num ator. Los Angeles (onde se criou) era uma cidade que o apavorava, segundo confissões recolhidas pouco antes de sua morte. Era muito tímido com as mulheres. E a sua primeira namorada (o seu único amor verdadeiro) foi Beverly Davis, filha da atriz Joan Davis. Ambos estudavam arte dramática na Universidade de Los Angeles. Beverly não era muito bonita. Mas era graciosa e inteligente. Por muito tempo Dean não teve coragem de falar-lhe. E quando se decidiu teve que enfrentar um grupo de estudantes cuio chefe também estava interessado em Beverly. Mas Dean venceu-os deixando clara a advertência: “Quando James Dean está apaixonado respeitem sua namorada “. Dois anos depois foi para Nova York e nunca mais ouviu falar em Beverly.

Um ano e três meses após sua morte o drama ainda estampada jornais e revistas. Essa notinha ainda ajuda a criar o mito do rapaz tendo que lutar por seu amor com a gangue de delinquentes, né?
 
A namoradinha oficial pra satisfazer as tia na ceia de natal é a Pier Angeli, pelo menos assim ficou sacramentado ao tempo. Essa Beverly Davis, que a revista se refere, consta realmente como um namorico que ele teve enquanto estudava para ser ator.
James Dean e Beverly (ao fundo de alça) em 1951, quando estudavam artes

Nem Dean, nem ninguém mais ouviu falar nela por bons anos. Filha da comediante Joan Davis, assinava Beverly Wills (não Davis) enquanto trabalhava como atriz nos primórdios da televisão, ainda um veículo menor que recebia em seus elencos aspirantes e astros de cinema longe dos tempos áureos.

Davis, a mãe, era daquelas estrelas populares raramente lembradas como tal por ser justamente cômica. Abraçou a TV após gloriosos anos no rádio e cinema, fundando a própria produtora, num tempo pré feminista.
Joan Davis e Jim Backus em foto promocional da série
Junto ao ator Jim Backus e a filha Beverly Wills (que interpretava sua irmã!) estrelaram a sitcom I Married Joan, um relativo sucesso nos lares americanos de 1952 a 1955. O programa sofreu com a evidentemente fórmula copiada de I Love Lucy que havia estreado no ano anterior.

Por ironia da vida, Barckus interpretaria também o pai submisso de James Dean no clássico Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955 de Nicholas Ray). Na série foi o cunhado de Beverly Wills, a namorada adolescente do astro.
Barckus com Dean no filme de 1954
Após a série Beverly emplacou seu mais importante papel no cinema, sendo Dolores, uma das integrantes da banda feminina em Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot, 1959 de Billy Wilder). O filme estrelada por Marilyn Monroe, Jack Lemmon e Tony Curtis é considerado uma das melhores comédias de todos os tempos.
Beverly entre as meninas da banda de Sweet Sue no filme de 1959
Foi um sucesso! Mas ninguém se lembrou ou reparou em Beverly Wills ali, longe da mãe famosa, em meio a um elenco estrelar.

Já sua mãe Joan Davis tentou emplacar outra série, mas com a saúde frágil forçou uma aposentadoria sem divulgar o motivo ao público. Seguiu fazendo apresentações esporádicas em teatros até morrer em 1961 de ataque cardíaco fulminante com apenas 53 anos de idade!

A essa altura sua filha tinha 27 anos, havia se casado três vezes, possuía dois filhos e lutava contra o vício do álcool. Estava cansada da carreira não deslanchar na tela grande e seu nome sempre estar associada a mãe famosa.
Isso sem haver notícias de atritos entre elas como geralmente acontece com filhas de famosas que também tentam o estrelato. Causou escândalo quando Beverly e seu pai, o primeiro e único marido de Joan, entraram na justiça para disputar a mansão de Palm Spring (Califórnia) avaliada em um milhão de Dólares em valores da época.

O juiz deu ganho para a filha que continuou morando lá com a avó materna e seus filhos. Até que na madrugada de 24 de outubro de 1963, dois anos após a morte de Joan, aconteceu uma das maiores tragédias de Hollywood!

Beverly Wills adormeceu na cama enquanto fumava! O cigarro causou um incêndio que a matou aos 30 anos de idade junto aos dois filhos (de sete e quatro anos de idade) e de sua avó que dormiam enquanto inalaram fumaça.

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