Rachmaninoff e a silenciosa vaia do século XXI

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A certa altura de O Pecado Mora Ao lado (The Seven Year Itch, 1955 de Billy Wilder) o protagonista pensa em seduzir a Garota com Sergei Rachmaninoff. Em sua imaginação ela diria que Rachmaninoff não é justo, “Fiquei toda arrepiada”.

Há um tempo atrás fiz post no Facebook ironizando como mais de 400 pessoas haviam dado “dislike” numa música tocada por Rachmaninoff. Exatamente na célebre Piano Concerto N°2 que aparece no filme.
Facebook me trouxe essa lembrança dia desses e voltei lá só por mórbida curiosidade mesmo. Agora já alcançou mais de 4 milhões de visualizações e os dislikes beiram oitocentos.

OITOCENTAS pessoas, oitocentos seres viventes, fizeram questão de deixar claro não terem ficado satisfeitos com Rachmaninoff tocando sua própria música. Que música será que elas tocam, ouvem? Cadê o Globo Repórter quando se precisa dele?

A internet permite que gênios sejam confrontados facilmente por qualquer Dona Lurdes. Não entenda mal este post. Eu estou rindo! Já passei da fase de me irritar com coisas assim já faz um tempinho.

Lendo os comentários descobri o possível motivo. Algumas pessoas estranham o ritmo menos acelerado da gravação... Feita pelo próprio compositor lá atrás, na década de 20 do século passado!

Sim! Esta é a problematização dos Pernalonga de Batom da música erudita. O andamento não é como ele esperava, então não curte. TOMA!
E a gente volta ao filme do Billy Wilder com a Marilyn, quando ela fica toda feliz tocando Chopsticks. Aliás, tem vídeo de Chopsticks com muito menos dislikes.

Será que dislike equivaleria a vaia? Os tempos não estão bolinho! E a proeminência de cretinos não é exclusividade brasileirinha (ok! Estamos coalhados deles, mas a internet revelou um mudo de estúpidos!).

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