Bete Balanço, o show: “Todos são bichas, mas a gente tá com uma festa genial pra vocês”

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 O pop rock brasileiro era só um bebê quando produziram o Festival Bete Balanço em 1984. A óbvia intenção foi promover a estreia do filme Bete Balanço de Lael Rodrigues.

A primeira edição aconteceu no Rio de Janeiro, no Morro da Urca e contou com os atores do filme e as bandas da trilha sonora. Sobreviveu o registro muito ruim (mas histórico) em VHS desta noite, que você deve assistir no player abaixo.

A plateia nada menos do que selvagem recebeu Diogo Vilela aos berros de “Bicha! Bicha! Bicha!”. O jovem ator (ainda desconhecido do grande público) respondeu: “Ó, achei que cês iam me chamar de veado”, sem perder o bom humor.

O segundo a entrar foi Arthur Muhlenberg que chegou logo com “É o seguinte, todos são bichas, mas a gente tá com uma festa genial pra vocês!”. Lauro Corona, o único astro de verdade ali, foi recebido aos berros de “baixinho” e com menos esportiva tascou a velha “sim, baixinho, mas na horizontal resolvo”.
Debora Bloch, a atriz principal, em compensação, foi tratada como diva. Num momento que lembrava seu personagem no quadro “As Presidiárias” do TV Pirata, interrompeu a distribuição de chaveirinhos do Corona avisando que ia revelar um segredo praquela plateia tão simpática.

“Vocês sabem quem é a Bete Balanço?”, dã. Logo entrou o Barão Vermelho e o Cazuza, que diz que Bete Balanço não é ele, mas é ela, que é loira, tem sardas e olhos azuis. “Não tenho não!”.

Bom, podemos considerar que apesar dos pesares o show foi um sucesso e Bete Balanço foi um estouro nas bilheterias do Rio de Janeiro, atraindo 270 mil espectadores até ali (depois ficaria cinco semanas em cartaz!). Para repetir o feito em São Paulo fizeram outra edição do Festival.
Titãs, tão paulistanos, não estiveram no show do Rio, embora participam da trilha com Toda Cor. Aliás, Debora Bloch canta no filme Amor, Amor que não entrou no disco com sua voz nem ela quis cantar nos shows.

Antes de chegar as telas da capital paulista a trilha lançada pela WEA já havia vendido 30 mil cópias segundo a Folha de São Paulo em 30 de agosto de 1984. O diretor acreditava que isso deu uma força aos grupos que participaram, já que não eram tão conhecidos.

Com orçamento de US$ 60 mil dólares, Bete Balanço também já estava pago antes de alcançar o circuito nacional, o que é uma realidade um tanto quanto rara em termos de cinema brasileiro. A expectativa era que ficasse em segundo lugar naquele ano, atrás de Os Trapalhões e O Mágico de Oróz (de Victor Lustosa e Dedé Santana), que conquistou 2 milhões de público.
Segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o filme de Lael Rodrigues fechou com 1.327 377 espectadores e está na posição 162 entre as maiores bilheterias do cinema brasileiro. Grande feito se levarmos em conta que o número um desta lista é a cinebiografia do Bispo Edir Macedo...

Esse sucesso todo ainda fez de Bete Balanço um dos primeiros filmes a sair selado (oficialmente) no país, pela distribuidora Videocassete do Brasil. Na TV o filme estreou na Globo em 1985 na faixa Festival de Férias às 22h15, horário bem tarde pra época, mas ainda assim, alcançou 17 milhões de espectadores.

Este post é fruto de pesquisa em várias fontes, algumas linkadas no texto, e no artigo O CINEMA DE ENTRETENIMENTO JUVENIL - Uma investigação sobre Bete Balanço de Zuleika de Paula Bueno

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  1. Débora lembra a Kate Machoney que fez no Armação Ilimitada!

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  2. Eu fui no festival no Anhembi! Celso Blues Boy roubou a noite, a plateia não queria saber mais de ninguém! Foi obrigado a dar 3 "bis"! O público foi à loucura! Pena não haver registro!

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  3. Eu fui no festival no Anhembi! Celso Blues Boy roubou a noite, a plateia não queria saber mais de ninguém! Foi obrigado a dar 3 "bis"! O público foi à loucura! Pena não haver registro!

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