Bonita pra caramba: Até Martha Rocha enfrentou uma "Garota da Laje"

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 O que seria de um concurso de beleza sem uma perdedora inflamada? O Miss Brasil 1954 é bastante lembrado por ter eleito Martha Rocha, aquela que teria perdido o miss Universo por duas polegadas a mais, mas na época se falou bastante também da carioca perdedora Patrícia Lacerda, a moça sem papas na língua da vez.

 Essa edição do concurso foi no Hotel Quitandinha quase que a portas fechadas. Não teria até então empolgado o grande público brasileiro até a perdedora ir parar nos jornais, revistas e rádios acusando o resultado de falcatrua.
O país eternamente dividido entre Emilinha e Marlene assumiu a contenda Martha e Patrícia. Havia apenas seis competidoras, mas Patrícia (ou Pat, como gostava de ser chamada) nem chegou as finalistas e se considerava favorita!

A página Miss Memorabilia conta que assim que saiu o resultado do júri (que entre outros incluía o poeta Manoel Bandeira, o pintor Santa Rosa e os escritores Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos) Patrícia alardeou a marmelada. Ela justificou a má vontade do júri – que denominou de boçalíssimo - por ser neta do poeta Coelho Neto (o júri era modernista)!
Disse também que o vestido de gala usado por Martha Rocha era horroroso e parecia traje de anjinho de procissão. Para Patrícia Lacerda não havia ninguém menos preparado a ostentar a faixa de miss Brasil do que a baiana de olhos claros: “não tem classe, não sabe usar um vestido, não sabe falar, não sabe andar, não sabia nem onde fica Long Beach, tem pernas finas e tortas, tem muito ventre e é deselegante”.

Logo mais, em agosto daquele mesmo, ano o Brasil se depararia com o suicídio do Presidente da República Getúlio Vargas. É obvio que o assunto do país mudou de foco, porém, em janeiro de 1955, durante a retrospectiva, a revista Manchete relembrando as personalidades de destaque no ano anterior (Nelson Rodrigues entre elas) deu uma boa notinha sobre Pat Lacerda e nada sobre a vencedora.
PATRICIA LACERDA - Já era artista de cinema. E resolveu ser Miss Universo. Não Chegou ao Miss Brasil - por causa de Marta Rocha e mais duas polegadas. Pôs a boca no mundo. Tornou-se a mais feroz inimiga da baiana. E varou o ano com o cartaz.

“Já era artista de cinema”. O concurso de miss era um trampolim para as beldades alçarem o estrelato. Tanto que um dos patrocinadores dessa edição de 1954 era a Universal Studios que ofertava à vencedora um contrato para ir trabalhar em Hollywood. Prêmio que Marta Rocha recusou.

A brasileira voltou de LosAngeles desencantada. Achou o ambiente hollywoodiano muito artificial e que não se acostumaria aquilo, ainda desmitificou o caché alegando que com os contratos que lhe ofereceram “mal poderia se sustentar na Califórnia”.

Já Pat Lacerda, “que já era artista de cinema”, havia aparecido aos 15 anos na comédia Com o Diabo no Corpo (1952 de Mario del Rio) e naquele mesmo ano em que tentou ser miss esteve nas telas em Rua Sem Sol (de  Alex Viany) ao lado de Glauce Rocha, Doris Monteiro e Angela Maria. Faleceu em 1973, aos 37 anos, pouco depois de se afastar do show business.

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