Sororidade por Joan Crawford

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Devemos a Metro um pouco da cultura das celebridades. Ser um contratado da Metro, o estúdio do Leão, era verdadeiro sonho entre atores e chegar lá e conquistar regalias era pra pouquíssimos.

Joan Crawford, autoproclamada realeza de Hollywood, sabia muito bem disso e não se fartava de propagar. Foi assim que em junho de 1941 a revista A Scena Muda, principal publicação brasileira a cobrir a Era de Ouro de Hollywood, publicou a notinha em primeira pessoa intitulada singelamente de “Coisinhas de Mulher...”:

“— Eu — disse Joan Crawford — sem querer, mas sabendo, causei inveja a mais de uma de minhas colegas dos estúdios...
É que nem todas poderiam obter uma licença como a que consegui. Mas fui invejada, devo dizer, não por nada de excepcional, senão por uma razãozinha muito simples, mas que surpreenderia a qualquer homem — menos a nós, eternas filhas de Eva, que vivemos engolfadas em questiúnculas como esta.
Não se trata nada mais nada menos que de uma viagem que fiz a New York, logo antes de começar o meu trabalho em UM ROSTO DE MULHER, outro celulóide que estou fazendo para o signo de Leo. Pois bem, aproveitei esses dois meses, a mais não poder.
Fiz isso simplesmente pela emoção e vaidade de ter adquirido na "Quinta Avenida". De minha parte foi vaidade; mas da parte de minhas amiguinhas houve inveja e muita inveja...
Tudo não passa de uma bobagem... Suponho que é porque ninguém vive contente coma sorte. Certamente, se eu vivesse em New York, estava doidinha por coisas de Hollywood, compradas na fonte original.
Sendo a humanidade como é, posso dizer que as minhas amiguinhas invejaram, porque não poderiam deixar de invejar a minha viagem a Nova York...”
Crawford, Melvyn Douglas, e Conrad Veidt em foto promocional de Um Rosto de Mulher / Divulgação
É isso gente! A notinha (que reproduzi respeitando a ortografia da época) era só isso mesmo. Ela estava acima de todas as "coleguinhas" de trabalho por ter conseguido ir a Nova Iorque durante o começo das filmagens de de UM rosto de Mulher (A Woman Face, 1941 de George Cukor).

A saber, se foi enviada ao Brasil (e a todos os órgãos de imprensa do planeta voltados a fãs) pelo departamento de publicidade do estúdio ou se foi a própria Joan Crawford, que apreciava tanto escrever cartas quanto se preservar como grande estrela. Geralmente os agentes de publicidade dos grandes estúdios trabalhavam bastante, mas em se tratando de Joan Crawford...  

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