Virginia Rappe aos 30 anos era uma ex modelo dando seus
primeiros passos para se tornar estrela em Hollywood. Sua morte mudaria os
rumos da indústria de cinema norte americana além de destruir a carreira de um
dos atores mais bem pagos do momento, Roscoe ‘Fatty’ Arbuckle, no Brasil conhecido
como Chico Boia, então tão famoso quanto Charles Chaplin ou Buster Keaton.
Roscoe ‘Fatty’ Arbuckle, o Chico Boia |
Em cinco de setembro de 1921 (após o feriado do dia do
trabalho) o ator da Paramount aproveitou a folga para ir a São Francisco onde se hospedou num hotel com
dois amigos. Resolveram organizar uma festinha convidando varias garotas ao
quarto.
Entre elas estava Virginia Rappe, levada até lá com a
recente amiga Maude Delmont. No meio da festa Rappe passou mal, foi atendida
pelo médico do hotel e imediatamente internada.
Morreu no hospital três dias depois com peritonite e ruptura
da bexiga. Logo o comediante Roscoe Arbuckle seria preso sob a acusação de tê-la
violentado, o que teria causado os ferimentos.
Os jornais no mundo todo se esbaldaram no escândalo. A
principal acusação partiria de Maude Delmont que alegava que de alguma forma o
ator a perfurou, depois seu empresário veio a público contar que o ator
tentando forçar sexo com a vítima usou uma pedra de gelo, o que foi negado pela
defesa e depois assumido que ele teria usado o gelo no abdome numa tentativa de
apaziguar as dores que a garota sentia.
Maude Delmont, a testemunha |
Nas notícias lia-se histórias terríveis de orgia incluindo descrições de introdução
de objetos na genitália que hora era uma garrafa de Coca-Cola, hora de champanhe. Delmont
acabou indo à policia denunciar formalmente Arbuckle, mais tarde isso se
revelaria uma tentativa de extorquir o astro.
Isso, junto a sua extensa ficha criminal que continha delitos,
bigamia, fraude e extorsão, fez com que a mulher, a única testemunha de
acusação, não pudesse depor no julgamento. O juiz acabou por desmerecer todo o
caso por existirem evidencias fracas de estupro, embora quis que processo
continuasse como homicídio culposo.
Surgiram testemunhas dizendo que Rappe teve DST e sofria de
cistite, e que o consumo de álcool pode ter agravado sua saúde. Foi dito também
que ela havia feito um aborto clandestino dias antes da festa.
Após três julgamentos Arbuckle foi não só absolvido como
ouviu um pedido de desculpas do júri. Ele que nunca mais se reergueria após o escândalo, ficando muitos anos sem trabalhar.
Jornal da época: a vítima da "festa alcoólica" de Arbuck |
Seus filmes que haviam sido grandes sucessos de bilheteria estavam banidos durante o processo e continuaram
esquecidos por décadas sem receberem restauro ou maiores cuidados de
preservação. Fatty Arbuckle morreria de ataque cardíaco em 1933, aos 46 anos.
Autoridades aproveitaram a onda junto a alguns outros casos
criminais que supostamente expunham a devassidão de Hollywood para clamar por
moral. Em 1930 surgiria o infame Código
Hays para censurar qualquer desvio de conduta mostrada nos filmes.
Os estúdios também passaram a tomar muito mais cuidado com a vida privada de seus astros. Perceberam que seus contratados eram bens a serem preservados.
Após 95 anos o julgamento da morte de Virginia Rappe ainda é controverso servindo de material a estudantes e historiadores, mesmo com a absolvição do réu. Para alguns é considerado um crime nunca resolvido.
Após 95 anos o julgamento da morte de Virginia Rappe ainda é controverso servindo de material a estudantes e historiadores, mesmo com a absolvição do réu. Para alguns é considerado um crime nunca resolvido.
A primeira imagem é um oferecimento BBC, a última Rare Newspaper
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