Do mOndo nada se leva! Documentários para quem quer se chocar

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Muito em voga nos anos 60, os documentários ao estilo “mondo” (do italiano “mundo”) fizeram escola. A bizarria que antes se pagava para ver no cinema, hoje temos na TV paga aos montes.

Montados com uma ótica sensacionalista, não raro esbarravam nos temas morte e sexo. Por excelência, sua existência se deve aquele tipo de publico socialmente muito civilizado, mas que não deixa de diminuir a velocidade do carro e colocar a cabeça pra fora ao se deparar com um acidente rodoviário.

Ah, claro! Gente que diz comprar a Playboy pra ler as entrevistas também é plateia cativa dos "shockumentarios". Pra se ver um pouquinho de sacanagem é preciso, em suma, haver uma desculpa "sadia".

No cinema, pode-se apontar a raiz de uma onda (de gênero, estilo, temas, etc.), a partir de um sucesso de bilheteria. Embora o resultado nem sempre faça justiça completa, ajuda a compreender um pouco seus rumos.

Houveram antecessores de Mondo Cane de 1962, mas foi dele que dezenas de outros filmes emprestaram a palavra “Mondo” em seus títulos. Teve “mondo” pra todos os gostos, inclusive Mondo Topless (1966) de Russ Meyer e Mondo Trasho (1969) de John Waters.

Mondo Balordo de 1964 nos mostra o cotidiano de casais lésbicos, a vida de anões, cotidiano de tribos selvagens nos confins do planeta, grupo de voluntários que cuidam de cães maltratados, etc. Cada quadro com colorido e textura de película diferente, o que denota as mais inimagináveis fontes de conteúdo.

Balordo se distingue dos demais por buscar um certo pedigree com a narração bem humorada do ator Boris Karloff. No mesmo ano, Vincent Price emprestou sua inconfundível voz para I Tabú.



Além do tom exagerado, boa parte do que é mostrado hoje é de uma banalidade atroz, o que lhe impinge inevitável humor involuntário. Precisávamos ir ao cinema pra saber que anões têm uma vida romântica comum a todos, japoneses são adeptos ao
bondáge?

Imaginado como serão assistidos num futuro próximo aqueles programas do Natgeo ou H&H que mostram donas de casa comendo produtos de limpeza, homens solitários vivendo maritalmente com bonecas de silicone... Mundo cão seria apenas um ponto de vista temporal?

[Ouvindo: Casa E Comida – Núbia Lafayette]

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