Silly Symphonys foi uma série de animações curtas, produzidas entre os anos 30 e final dos 40 como forma de aprimorar a técnica. De lá pra cá, a maioria desses filmetes teve infinitas reprises na televisão.
O Gafanhoto e As Formigas (The Grasshopper and the Ants, 1934) era o meu favorito. Só fui entender que algo está fora dos eixos revendo agora adulto.
Repare que os bichinhos são caricaturas raciais. Bastante semelhante à imagem de Al Johnson pintado de negro em O Cantor de Jazz (Jazz Singer, 1927).
De alguma forma, esse tipo de representação étnica deveria ter certa graça na época. Veríamos formigas novamente da mesma forma em futuras animações.
Ao ser contrariada pelo saltitante opositor, decretará que quando o inverno chegar, ele mudará de opinião.
O historiador Leonard Maltin comenta o ineditismo de representar o extremo de fome e frio com a cor azul. Hoje é comum se falar “Estou azul de fome!”.
Vamos lá! Desde quando alguém que se dedica à música é vagabundo? Porque a tal rainha não o contratou antes, para tocar enquanto seus súditos arrumavam comida?
E é evidente que vagabunda mesmo é sua majestade, que nem instrumento toca. Enquanto as coitadas ralam forte, ela anda carregada pra cá e pra lá sem fazer nada, na mais pura mamata.
Mais! Do jeito que foi mostrado, correto estava o gafanhoto. Levou o verão na maciota e sobreviveu ao inverno, do mesmo jeito que as formigas que se estreparam.
[Ouvindo: Pot Pourri Fantasia de Cellos:Primavera/Valsa De Eurídice/Canção Do Amanhecer - Maysa]
A história original da cigarra e da formiga é uma crueldade só!
ResponderExcluirMas há aquela piadinha atual em que a cigarra, descoberta por um agente, foi de casaco de pele e limusine rumo a um circuito europeu e a formiga ficou lá, com seus bens conseguidos a duras penas e discutindo durabilidade de tupperware de 1,99.
Letícia, bem mais realista! hahahaha Amei a piada.
ResponderExcluirMas só faria sentido se fosse cruel e o gafanhoto morresse no final mesmo. Moral da historia distorcida dá nisso mesmo.
Hahahaha! Miguel, creio que essa rainha não difere muito das de carne e osso. Esse desenho é mesmo um clássico.
ResponderExcluirRecentemente, “descobri “ um cineasta russo, chamado Wladyslaw Starewicz, que fazia filmes em stop-motion com insetos mortos. Fez uma versão para essa história em 1913, e é um dos seus grandes clássicos, disponível aqui: http://www.youtube.com/watch?v=FF40myX1vb0
Glauco, gracias! Vou assistir JÁ!
ResponderExcluirMiguel, lembrei de um causo! Li certa vez que houve na década de 50 um projeto de produzir um curta animado em cores dessa fábula, aqui no Brasil, e que a cigarra (e não gafanhoto) seria dublada pela Ângela Maria. Se muito não me engano, li isso em alguma Cinemin em um artigo sobre Álvaro Henrique Gonçalves, responsável pelo longa de animação Presente de Natal (1971), um dos primeiros produzidos aqui e que não está cadastrado no IMDB!
ResponderExcluirGlauco, mas será que foi adiante?
ResponderExcluirNão sei se cigarras saem detonando tudo pelo caminho como gafanhotos, mas parece fazer mais sentido já que "cantam".
Ah, esqueci esse detalhe, o projeto com a Ângela Maria não foi adiante...
ResponderExcluirMiguel, acho que a versão com a cigarra é mais usual (http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga).
Glauco, e tinha uns disquinhos de historinha da Disney.
ResponderExcluirMiguel, não cheguei a ter esses disquinhos, mas tive uma coleção de livros da Disney que vinham acompanhados de uma fita K7.
ResponderExcluirGlauco, eu tenho dezenas. Pena que todos sem capa.
ResponderExcluirFábula não tem happy-end, tem lição de moral que pode parecer cruel para crianças, segundo os atuais cânones da educação. Há uns 2, 3 anos traduzi e adaptei em prosa para o português cerca de 230Fábulas de La Fontaine, A Cigarra e A Formiga, inclusive:
ResponderExcluirA CIGARRA E A FORMIGA
Chegou o inverno, e a cigarra, morta de frio e de fome, foi bater à porta da casa da formiga, para lhe pedir algo para comer, ela que nem casa tinha para se abrigar.
Durante toda a época de calor, a formiga nada mais fez do que trabalhar muito e estocar alimento para sobreviver ao duro inverno, resguardada dentro de casa.
Tanto a cigarra insistiu que a formiga foi à porta atender.
— O que você quer? — perguntou.
— Tenho fome. Aqui fora não tem mais nada para se comer. — respondeu a cigarra, tiritando.
— E o que você fez durante todo o verão? — perguntou a formiga à pedinte.
— Eu cantava noite e dia, a toda hora! — respondeu a cigarra.
— Cantava, é? — disse a formiga com desdém. — Pois agora, pode dançar!
E bateu a porta com força.
Refer, então... Muito mais interessante desse jeito.
ResponderExcluirNa França, La Fontaine é passado nas escolas. As fábulas são narradas em versos simples e as crianças aprendem a recitá-los.
ResponderExcluirTraduzi do espanhol (mesmo sem saber espanhol!), os textos foram publicados com as gravuras de Gustave Doré. Deu um trampo daqueles, mas foi um trabalho que gostei muito de ter feito.
Refer, pelo menos por este, gostei bastante.
ResponderExcluirMesmo em Portugal suas fábulas são bem comuns. A Cigarra (ou Gafanhoto) e a Formiga me marcou bastante na infância.
Também tem um preconceito seu: a rainha administra/gerencia a equipe. A prova disso: ao ver a possibilidade de queda de produtividade (um dos operários ia "cair na gandaia") tomou a providência necessária.
ResponderExcluirAnônimo, isso não é preconceito algum. Apensa descrevi o ato.
ResponderExcluirIdeologia total: os músicos e cantores não produzem nenhum bem, logo são vagabundos. A Rainha tem o direito 'divino' de nada fazer e ser carregada pra todo lado mandando e desmandando. As pobres formiguinhas trabalham felizes da vida pra sua Rainha e de nada reclamam. É o modo ocidental de se viver!
ResponderExcluirAnônimo, super claro, né? Não faz nada e ainda decide o que os outros devem fazer.
ResponderExcluirOk vc quis fazer uma leitura "realista", mas a fábula tem outra leitura. Os menestréis da Idade Média e grupos de teatro eram nômades, iam de cidade em cidade, se apresentado. O grilo, que já foi cigarra, encarna o tipo despreocupado com o amanhã e as formigas representam a sociedade organizada que provê pra todas as épocas e é racional. Mas quando o grilo tá na pior, aí vem o momento sublime, onde as formigas são altruístas e relevam qualquer julgamento para ajudá-lo. No final ele tem o seu lugar na "civilização". Uma história moralista com sentido edificante. Se é bom eu não sei, mas não é tão sem noção...
ResponderExcluirAnônimo, como avisei no começo do texto, o cartoon foi revisto pela minha ótica atual, de adulto.
ResponderExcluirGostava bastante desta fábula, hoje nãos ei se deixaria um filho assistir sem explicar.
Kkkkkkkkk adorei o texto!!!! Me rachei de rir. Orgia gastronômica kkkkk
ResponderExcluirAnônimo, que bom! :))
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