E me dá nos nervos imaginar que um DVD bacanudo, novíssimo e com extras a dar com o pau sai por cerca de 40 pilins e um CD de áudio com encarte marreta custa exatamente a mesma coisa! E que pena que coisinhas do tipo da trilha sonora de Kill Bill não se vendam ali no piratinha safado da esquina... E nem gosto de furtos, não, senhor! Podem me chamar de tudo, menos de mentiroso e ladrão. E isto levo a sério, sim, senhor, e prometo um daqueles posts beeeeeeeeem extensos sobre o tema! Mas a dita febre da ilegalidade, já bastante discutida, tem mais lados prós e contras do que possa imaginar. Não ficando só no campo das diferenças de preço. Se achar um desses disquinhos abençoados com qualquer coisa da fase 70’s de John Walters, não importando o preço de forma alguma, tô levando pra casa. Mas vivemos no Brasil, meu filho, e por aqui só é lançado o óbvio ululante! Mais ululante do que óbvio, of course! E quando lançam, é sempre em edições toscas, full screen, miseráveis em extras, etc. e tal. E que bom que às vezes um Hitchcock em fase pré-histórica pode ser encontrado nas bancas por 9,90 reais, ou vários da Hammer nas Lojas Americanas com o mesmíssimo preço. Foi lá que comprei a Mansão do Morcego, filme trash de 59 com Vincent Price e Agnes Moorehead. Com um elenco destes, não é um filme, mas uma parada gay em restaurado B&W. Mas e os piratinhas de estimação, onde ficam nessa conversa toda? Bien, em se tratando de filmes em cartaz, acho as cópias deles (quase sempre conseguidas através de uma câmera VHS clandestina em salas de exibição sabe Deus onde) um nojo. Fora bombas do nível de Resident Evil: Apocalypse, onde as risadas da platéia até deixam a coisa um pouco assistível em meio àquela chanchada toda, de resto não vejo lógica pela falta de qualidade. Claro que é mais barato que ir ao cinema, e não assistimos com aquela platéia cada vez mais mal educada e que insiste em comer ao seu lado aquelas pipocas com futum de nádegas amanhecidas. Mas onde os bucaneiros de DVDs têm virado uma mão na roda é no comércio de filmes que nunca foram e provavelmente jamais serão lançados nestas terras tapuias. E estes, adquiro sem peso algum na minha guliver, meu caro! Muito pelo contrário. Sem eles seria realmente difícil ter acesso a películas modernas feitas na Ásia além do divertido cine porrada de Jet Lee ou épicos grandiloqüentes de Zhang Yimou. No início, comecei a achar apenas as de terror feitas no Japão (Juon, Ringu...), vindas claramente na cola do remake norte americano The Ring. Agora qualquer gênero de qualquer outro país daquele continente é facilmente encontrável a módicos 10 reais. Ou 8 se você der uma pechinchada.
Destes títulos não dá pra deixar de destacar o próprio Juon, obra prima do virtuosismo narrativo e dramático que dá um olé na versão yankee que ganhou o nome aqui de O Grito (The Grudge). Mesmo tendo em comum alguns atores, personagens e até o diretor Takashi Shimizu, as coincidências acabam aí, com roteiro linear e extremamente simplificado diluindo os sustinhos ao mais que evidente. O medo que vem do nipônico, vai além de seus 86 minutos de duração. Outra, o Clube do Suicídio (Jisatsu No Saakuru)! Apelando para o clichê, diria que é mais que um soco na boca do estômago ao som medíocre da girl band Dessret. Ou Dessert, já que mesmo durante o filme ninguém sabe direito como aquele imbróglio da indústria fonográfica se chama. De múltiplas interpretações, a trama deste, à primeira vista totalmente subversiva em seu emaranhado de subtramas e personagens imersos em um mundo frio e multimídia. E um amigo meu que após assistir a ele teve a visão apocalíptica de todo o elenco de A Praça É Nossa de mãozinhas dadas se atirando (por vontade própria!) nos trilhos do metrô paulista. Pensou? Você se importaria? Um dos personagens, Gênesis, que se auto denomina o Charles Manson da era da informática nos remete diretamente a outra bicha tresloucada do cinema, o personagem de Tim Curry em The Rock Horror Picture Show. Assim, como o transexual, Gênesis arruma tempo para cantar entre um crime e outro, e até durante. Aliás, referências a obras norte americanas são só um atrativo a mais para cinéfilos mais atentos. O principal deles é O Iluminado de Kubrick. Jack Nicholson arregaçando a porta a machadadas foi lembrado nos chineses Koma (que dá voz á lenda urbana do tráfico de rins em banheiras de gelo) e no fraquinho The Eye 2. Até aquele elevador de onde jorram litros de sangue teve sua versão H2O em Dark Water. O coreano Old Boy (famoso no ocidente após Tarantino ter achado uma das melhores coisas de Cannes em 2004) é outro que bebe em muitas fontes hollywoodianas conseguindo ir muito além. Aliás, o que mais se nota em todos estes filmes é que vão além exatamente porque estão livres daquela pasteurização imposta por engravatados californianos e um público cada vez mais ingênuo e infantil do ocidente. Alguns temas são gratos à grande maioria destas obras, talvez os mais gritantes sejam a figura de pais ausentes gerando o mal inconscientemente e os acontecimentos em cadeia, que se repetem infinitamente querendo os protagonistas deles ou não, tudo, claro, em se tratando daquelas terras, sempre seguido por aparelhos câmeras, sejam elas de circuitos internos de TV, fotográficas, etc. Qualquer um destes discos, oriundos de arquivos em Divix com imagem às vezes sofrível, vale a pena por uma ou outra seqüência absurdamente inesperada, ou roteiro que trilha nem sempre os caminhos fáceis de serem compreendidos quando se assiste pela primeira vez. Um refresco quando não se quer ver apenas o que os distribuidores nos impõem. E azeite se eles ainda não sacaram que nem todo mundo é todo mundo.
welcome back, baby.......
ResponderExcluirtah de volta...urru!!
ResponderExcluirmilagre, dos filmes q vc cita assisti algum: Kill Bill e, pasme, Ju-on!! eu quase MORRI de medo de Juon...imagina uma madrugada silenciosa onde a cada cena tensa um barulho misterioso vindo do nada acontecia...isso pq assisti (bem) acompanhada! medrosa, eu?
=**** se cuida migo...e ve se me escreve ok desnaturado??