Trágica deusa do cinema chinês

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Considerada a Greta Garbo da China, Ruan Lingyu (阮玲玉) é quase ignorada pela história do cinema que se atém a Hollywood e ciclos do que é produzido na Europa. A trajetória de Ruan Lingyu foi rápida, marcante e trágica como a de Jean Harlow, James Dean e Rudolph Valentino.

Nascida em 1910 numa família de operários humildes, ficou órfã de pai ainda criança, o que a fez ser obrigada a trabalhar como empregada doméstica. Aos 16 anos passou no primeiro teste para atriz.

Só iria deslanchar a partir de 1930, tornando-se o principal nome feminino da fase muda do cinema chinês. Diferente de Hollywood que inaugurou a fase sonora no final dos anos 20, tendo extinguido filmes mudos na próxima década, na China isso demoraria mais algum tempo.

Ruan Lingyu participava de histórias pouco glamourosas, transcorridas nas partes mais miseráveis de Xangai. Seu jeito natural (e físico) de interpretar é comparado ao estilo propagado por Marlon Brando muitos anos depois, só que Lingyu, evidentemente, jamais estudou no Actors Studio.

Ao todo participou de 29 filmes, dos quais, oito estão desaparecidos.
Frame de New Woman
O último lançado enquanto estava viva foi New Woman (新女性, 1934 de Cai Chusheng) sobre a história real da atriz Ai Xia que havia cometido suicido recentemente após ter sua vida devastada pela imprensa.

Meses depois, em 1935, a própria intérprete viu acontecer o mesmo consigo após processo judicial com o primeiro marido. Tabloides expuseram hostilmente amores e dores da atriz e o que mais encontraram de sensacionalista, na recatada China da década de 30.

Encurralada, Ruan Lingyu tomou uma overdose de barbitúricos,
entrando em óbito com apenas 24 anos de idade. Embora hoje contestado por alguns historiadores, teria deixado apenas uma linha como carta de suicídio onde dizia: “A Fofoca é uma coisa terrível!”.
Túmulo da atriz em Xangai
Como prova da incrível popularidade, seu cortejo fúnebre teve cerca de cinco quilômetros de tamanho. Pelo menos três fãs imitaram sua estrela e também se mataram naquele dia.

O New York Times escreveu que foi “O velório mais espetacular do século”. É provável que nem o do hollywoodiano Rudolph Valentino em 1926, tão comentado aqui no ocidente, tenha se igualado em termos de estardalhaço social.

A primeira imagem é um oferecimento I.MTime.

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2Comentários

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  1. Nossa que fantástica a história, acho o cinema clássico chinês infinitamente mais interessante que o Japonês(que está tão na moda, principalmente porque as distribuidoras nacionais arrumaram finalmente um produto pra empurrar pra jovens que acham anime perda de tempo).
    Vou procurar assistir algum filme dessa atriz, além disso ela era muito bonita.

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  2. Anônimo, que bom que agora não dependemos apenas das distribuidoras. Muitos filmes q eram apenas lendas estão acessíveis agora.

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