Da série “coisas que não entendo nesse Brasil de meu Deus”. É mais louvável que a Petrobrás invista em cultura do que em anúncio de revista semanal, isso é óbvio, mas que esse dinheiro beneficie não só o produtor a comer caviar, mas o consumidor em si.
Olha a coleção em DVD do Joaquim Pedro de Andrade, distribuída pela Videofilmes, que coisa mais irreal! Saiu cheio de logos da estatal nas capas, alardeada como a 8ª maravilha em restauração, mas não é pra qualquer bico.
Ironia que seja justo com os filmes deste diretor. Não é vendida em lojas populares e os títulos à venda (Macunaíma e Os Inconfidentes estão esgotados nos sites pesquisados) custam entre R$ 49,90 (Submarino) e R$ 45,90 (2001 Video). O Box com seis sai por exorbitantes R$ 259,00, mais do que a metade do salário mínimo atual (R$ 465,00).
Preços abusivos para um produto custeado com verba pública. É como se a gente pagasse a reforma do imóvel onde se mora e isso não só deixa-se de ser descontado do aluguel como proporciona-se aumento do mesmo.
Estes valores se justificariam se a distribuidora tivesse bancado a restauração, ou fosse discos duplos, o que não é nenhum dos casos. Trocando em miúdos: A Petrobrás pagou um serviço para que ele pudesse ser lucrativo ao ser comercializado para a elite. Só no Brasil para o governo financiar cultura de forma interessante apenas ao produtor, não ao público.
Lembrando que o tal Vale Cultura, beneficio ao trabalhador que está para ser votado, poderá comprar apenas um desses filmes brasileiros importantes. Ou nem isso já que se a compra for online, os valores não incluem o frete.
Tinham que ser vendidos em banca de revista a R$ 5,00 cada! Duvido que a distribuidora tivesse prejuízo e só não assistiria quem não quisesse.
[Ouvindo: You've Got a Friend in Me – Lyle Lovett, Randy Newman]
Resta mesmo, a nós, trabalhadores empedernidos, escolher na banca das Americanas, entre Marcelino Pão e Vinho e Ghost.
ResponderExcluirLetícia, é a da Pompéia?
ResponderExcluirOu os do Mazaroppi! Mas os que vc falou são clássicos das bancas da Americanas!
Seja de qualquer cidade, lá está Marcelino Pão e Vinho e Ghost! Hahaha
E o que gente digo aos meus amigos, cultura nesse país é artigo de luxo!
ResponderExcluirSuper válido esse seu protesto, Miguel, também não entendo como um produto financiado por uma empresa pública possa ter esse valor. Aliás, tudo lançado pela Videofilmes tem preços absurdos.
Agora, a pergunta que não quer calar: andastes a me seguir? rsrs
Incrível coincidência, hoje passei em uma lojinha de vídeo e som no Centro do Rio e namorei o DVD dessa iguaria do cinema brasileiro, mas lá, o preço estava cravado em 62 reais!!!
Me contentei em comprar o filme Caiçara da Vera Cruz a 10 reais em uma banca de jornal, até o que não foi tão ruim...
Glauco, R$ 62,00 é o cúmulo do absurdo!
ResponderExcluirMas voltando Miguel, adoro colecionar DVDs, corro atrás da promoções (R$ 12,90) malucas de filmes maravilhosos. Certeza que o povo nem sabe o que está vendendo. Já comprei maravilhas, imagino que você também.
Veja só que engraçado, segunda passada, fiz uma comprinha na 2001 virtual (Há meses não comprava um DVD devido ao dinheiro muito curto, mas esse mês sobrou um tiquinho e fui sem -COM!- medo de ser feliz). Escolhi só promoções fofas de R$ 12,90, afinal quero quantidade, ah! e também qualidade... Mas já para finalizar a compra, me peguei pensando: Hum... Só promoção. Nenhum DVD que eu DESEJO TANTOOOO. Parei, exclui três DVDs que sei que provavelmente continuarão na loja por R$ 12,90 e inclui o CASSY JONES que saiu pela Video Filmes há pouco e custa seus exorbitantes R$ 45 e pouco.
Pensei: Deve estar lindo, restaurado... NÃO! Devem ter pego o melhor negativo que devia estar com a Marina Person e simplesmente, codificaram, deram um up no som, saturaram as cores. Gente, NUNCA vi tanto risco, ruído, numa película.
Aff! Resumindo, sem patrocínio não há restauro, com patrocínio ao menos se faz um trabalho magnífico. A versão do MACUNAÍMA em DVD é de CHORAR de tão perfeito que está. Parece que fizeram ontem em digital, no fim vale cada centavo, já o CASSY não deveria custar nem R$ 9,90. Pau na Video Filmes!
Não sei me fiz entender, além de contar TOOODA essa história (Adoro seu blog, me sinto seu amigo... Quando resolvo comentar, não consigo parar. Desculpe.). Não estou bajulando a Petro., me inclua fora dessa, nem DVDs caros, acho que nada justifica, mas essa história que me aconteceu essa semana foi de amargar e teve tudo a ver com o seu post. Desabafei!
DVDs e CDs (livros também, sou editor, mas aí é outra história...) deveriam custar 50% menos do que custam. O Mundo seria mais alegre!
Abraços para todos (Adoro -morro de rir com os comentários)!
Ca VM
c a u e v m . b l o g s p o t . c o m
Glauco, acho que essa reclamação é vigente a todos os que compram DVD.
ResponderExcluirFiquei imaginando eu indo até uma estatal pedindo pra restaurarem sabe Deus o quê, e depois com o resultado saio fazendo fortuna por aí.
Eles deviam tomar cuidado com o que será feito após a restauração, tudo preto no branco...
Ca VM, sim compreendo teu comentário perfeitamente. Também acho muitas maravilhas que no máximo custam R$ 19,90.
Dá certo trabalho achar, mas escaramuçando bem se acha sim. Lógico que em lojas como a Fnac está tudo à mão, mas se paga um preço exorbitante. Banquinha de promoção lá é a partir de 20 Reais!
Quase sempre saio de lá com um bode danado! "Mercenários de merda!"
Olha, quanto à restauração de Macunaíma, confesso que também tenho ele e alguns outros dessa coleção, e vi que o restauro foi primoroso assim com certo esforço para os extras. No disco do Guerra Conjugal (de onde tirei o screenshot principal do post), por exemplo, tem uma raríssima entrevista da Cristina Aché e o diretor á Marília Gabriela nos idos do TV Mulher.
Todos eles acompanham um livreto em papel coché, ruim de fotos, mas rico em texto, mas...
Restauração em DVD não é mais do que obrigação, muito menos se foi feito com o nosso dinheiro! Não deveria ser quesito para custarem tanto, muito pelo contrário.
Cada um da coleção do Zé do Caixão (repleto de extras, até com faixas de comentários) custou 12,90! Uma barganha! A imagem está super boa e o áudio na medida do possível.
Não se consome um terço do que é produzido no brasil simplesmente porque ou é caro ou a distribuição é caótica. Lamento imensamente.
Ah, obrigado pelas palavras amigas!
Tem mais que boicotar as 'máfias' da cultura. O $$ feito em volta da cultura é alto, somente os mafiosos se beneficiam, com a omissão total do poder público. Se o CaVM é editor ele sabe que as editoras de livros, distribuidoras etc. foram desoneradas de impostos, porém esse corte no custo nunca chegou ao consumidor final. Algumas livrarias em SPaulo estão parecendo o Taj Mahal — é visível ONDE andam aplicando os impostos que antes eram recolhidos. É ridículo comprar UM livro e abrir um rombo no orçamento, mas é o que mais acontece. É o capitalismo à brasileira: vender pouco e lucrar o máximo. O discurso liberal de que o mercado deve ficar livre para que ele próprio se regule não se aplica ao Brasil. A ação mafiosa não permite. Bando de fdp. Um amigo que mora em Miami, onde o capitalismo é a vera, vai na seção de liquidação de um distribuidor e compra 25 DVDs por 20 dólares.
ResponderExcluirRefer: "Algumas livrarias em SPaulo estão parecendo o Taj Mahal — é visível ONDE andam aplicando os impostos que antes eram recolhidos"
ResponderExcluirfalou e disse! Quase não há livros novos que custem menos do que 50 Reais!
O problema principal tanto da história dos DVDs quanto esta dos impostos dos livros é que o governo não controla o que é feito depois. Digo "não controla" ou fiscaliza, ou tem algum interesse em que o oba oba chegue até o consumidor.
Só se sente essa falta de impostos dos livros naquelas coleções de cinema. Desde a época do VHS, se comprava um folheto e de "brinde" vinha um filme.
Hoje em dia até que os livros são bons, impressos na Espanha, pena que pro DVD ser de "brinde" ele venha acondicionado num envelopinho dentro da edição.
Enfim, nunca li nada a respeito (pelo menos que eu me lembre) tanto do valor dos DVDs "patrocinados" quanto do imposto dos livros na grande imprensa escrita.
O que comprova um outro lance: nossa imprensa é feita para a "classe A", que consome bens culturais caros por status. Repare os exemplos de pessoas que eles pegam para matérias comportamentais.
E também, como o papel do jornal (se não me engano) também não tem imposto, se a gente mexer mais um pouquinho se descobrirá algo semelhante com eles.
E por falar nisso, essa semana foi divulgado que o MINC comprou todo o acervo da Atlântida Cinematográfica, afim de restaurar e disponibilizar ao público, são mais de 60 longa-mentragens e mais cinejornais.
ResponderExcluirVamos ver como isso será disponibilizado ao grande público.
Glauco, aham... Mais filmes em DVD custando 50 Reais. pode apostar.
ResponderExcluirPelo menos é boa noticia por um lado, já que boa parte dos filmes da Atlântida estão em estado de virar pó pelo que andei lendo.
Lembrei, li também que o valor da aquisição desse acervo não foi divulgado para não dificultar a compra de outros.
ResponderExcluirSerá que nesses outros está o acervo da Cinédia? Mais velho e mais deteriorado que o da Atlântida.
E com herdeiros mais mercenários!
Glauco, se é que já não virou vinagre!
ResponderExcluirO acervo da Cinédia não está tão em risco assim (o risco é de cair no esquecimento por culpa da herdeira do cineasta), pois foram feitas cópias na década de 70 e os originais em nitrato, bem... foram incinerados diante das câmeras da TV Globo e com Grande Othelo tendo a "honra" de riscar o fósforo (sic). Eu nem tinha nascido quando aconteceu, mas conheço gente que ficou estarrecida ao acompanhar isso aí pela TV... No livro sobre o festival "Cinédia 75 anos", que foi uma exibição maravilhosa (mesmo com filmes incompletos, outros que simplesmente foram trocados e ninguém viu...), há uma breve menção ao fato. A herdeira numa palestra se disse arrependida mas logo se justificou dizendo que isso aí (eliminar originais em nitrato) foi temdënsia preservacionista na época. Então tá.
ResponderExcluirDidi, tô de boca aberta!!! Hahahah! Que absurdo!
ResponderExcluirTomara que estas cópias estejam bem conservadas pelo menos. Eles devem ter queimado pelo risco que é preservar película de nitrato, material altamente inflamável.
http://cidadaoquem.blogspot.com/2009/06/em-glorioso-preto-e-branco.html
Mas imagina o tipo de copiagem que era possível nos 70's...
Nossa, Didi, não conhecia essa história, mas sei que a senhora Alice Gonzaga, herdeira do acervo da Cinédia, o guarda como o grande tesouro das Minas do Rei Salomão, e pelo visto, não tem interesse em divulgá-lo.
ResponderExcluirAlguns filmes foram restaurados pela Funarte e lançados em VHS nos anos 90, teve ter sido moeda de troca, nós restauramos e assim lançamos em vídeo. Estranhamente nenhum lançado em DVD, nenhum exibidos pelo Canal Brasil ou pelas emissoras públicas do país.
Fazem uns 5 ou 6 anos que Alô Alô Carnaval (1935) foi completamente restaurado, com financiamento da Petrobras, e exibido para poucos no Cine Odeon, eu estava lá, mas cadê o filme?
Glauco, gozado que vi um trecho de Alô Alô Carnaval num documentário e estava caindo aos pedaços...
ResponderExcluirMiguel,
ResponderExcluirna mostra "Cinédia 75 Anos" (Centro Cultural Banco do Brasil, SP, 2006) foi exibida a versão restaurada de Alô Alô Carnaval. Eu, que só conhecia a versão "detonada" do filme (tenho dois exemplares, um pior que o outro...), fiquei pasmo. Imagem muito nítida, só o áudio que vez ou outra deixa a desejar. O som mais fanhoso está justamente na cena antológica "Cantoras do Rádio", o que é no mínimo curioso, pois no documentário "Bananas is my business" aparece a mesma cena com a imagem péssima de sempre mas um áudio limpo e nítido, quase perfeito. Mistérios...
E para a mostra, a Cinédia mandou o filme restaurado... em película! Aliás, pelo que eu me lembro, todos os filmes "compareceram" em película, com direito a funcionários desfilando com carretéis de filme antes de algumas sessões. Na hora eu pensei "que legal". Mas quando é este o assunto (patrimônio histórico) tudo deve ser interpretado com malícia... Exibição em película pela qualidade e fidelidade ao original? Que nada! Só pode ter sido para impossibilitar cópias, hahahaha
Glauco,
quando ao ciúmes da herdeira: vi uma estrevista dela, por ocasião da restauração do filme, em um canal de TV aberta. Foram exibidos trechos restaurados do filme, com um contador de tempo ENORME (aqueles de videotape), de fundo preto, quase no meio da tela... praticamente na altura do rosto dos artistas. Que coincidência, não é mesmo? [/ironia]
Observação: sou o "didi" de ontem. Estava com preguiça de fazer login no Google.
Quando ao incêndio dos nitratos, não achei o texto no livro/catálogo da mostra. Deve ter saído em alguma revista ou recorte de jornal, e até eu achá-lo... Mas no Google achei coisa ainda melhor: o registro do CONVITE enviado por Alice Gonzaga a Grande Othelo, inclusive com data, hoje depositado no Centro Técnico de Artes Cênicas/RJ:
ResponderExcluirhttp://www.ctac.gov.br/otelo/wxis.exe?IsisScript=c%3A%2Finetpub%2Fwwwroot%2Fotelo%2Fscripts%2Fpesquisa.xis&funcao=3&ind00=cin%E9dia&serdoc=
Consulta: palavras=cinédia
Referências encontradas: 4 registro(s)
Reg: 1 de 4 - 001243
Série/Tipo de Documento: Textual / Correspondência
N.Tombo: 0047.00
Data: [11.janeiro?].1986
Local: Brasil. Rio de Janeiro, RJ.
Autor:
Titulo:
Resumo: CONVIDA PARA GRANDE QUEIMA DE NEGATIVOS À BASE DE NITRATO, como protesto contra a falta de interesse das instituições culturais em relação à preservação da Memória do Cinema Brasileiro, no dia 18 de janeiro de 1986.
Descrição física:
Ficha técnica:
remetente: Cinédia.
destinatário:Grande Othelo.
Convite anexo.Traz uma pequena mensagem de Alice Gonzaga.
Tradição oral tem dessas: sempre me disseram que o fato havia ocorrido na década de 70, foi na década seguinte...De qualquer forma: durma-se com um barulho desses!
Troquei duas vezes "quanto" por "quando", por favor ignorem... (rs)
ResponderExcluirVoltei aqui para compartilhar mais um achado: o convite recebido por Grande Othelo... é tão bizarro e chocante que achei engraçado:
http://www.ctac.gov.br/otelo/acervo/img/texcor0047.00.pdf
Certa vez assisti a uma palestra com a bibliotecária responsável pelo Centro de Documentação da Rede Globo, o CEDOC, e ela contou a curiosa história da senhora Alice que ficava (ainda deve ficar) vigiando a programação das emissoras, caso fosse exibido qualquer imagem do acervo da Cinédia sem a devida autorização, ela cobrava uma considerável multa e ainda ameaçava de processar.
ResponderExcluirO pior de tudo foi ler uma reportagem, com essa senhora choramingando recursos públicos para salvar o que está se perdendo, já que os depósitos em que está o acervo além de não ter a estrutura adequada, havia sofrido uma inundação em algum temporal.
DjalmaCM, que protesto mais kamikaze! Até salvei o PDF pra mim.
ResponderExcluirPatrimônio artístico, cultural e histórico tratado como moeda em vingancinha.
Engraçado que como foi em 1986, época em que passei a reparar mais no mundo, aos 10 anos, portanto, me lembro bem, não absorvi este evento.
Glauco, como quase tudo no Brasil, tratado como objeto pessoal...
Ela está certa em reclamar seus direitos, claro, mas poderia se mobilizar de outras formas.
Tenho reparado, nestes tempos de internet, um hábito típico brasileiro com material alheio. Só ando ruminando melhor o assunto...
E que delicia deve ser bibliotecária responsável pelo Centro de Documentação da Rede Globo, o CEDOC. Emprego dos sonhos.