Revista Set sai de cena

Edição 01 - Junho de 1987	Edição 261 - Março de 2009

O Omelete anunciou hoje que a revista Set chega ao fim. Depois de 21 anos nas bancas, nem a edição de abril (cuja capa está no blog do editor) deve ser comercializada.

E acredite em mim, estava com vontade de escrever sobre ela faz tempo. As coisas estavam em decadência galopante.

Evidente que colocarão a culpa nas mídias digitais, coisa e tal, mas pra quem acompanha há muitos anos, é evidente o equívoco de direcionamento de público. Apostaram no cinemão pipoca, qualquer porcaria de filme de super-herói virava capa a ponto da obviedade estragar um dos prazeres de colecioná-la: Ir à banca e se deparar com quem a estampava.

Outra, o público que consome e acha “obra-prima” esse tipo de cinema fica de bunda quadrada na frente do PC o dia todo, lendo as notícias fresquinhas na web. Cinéfilos de verdade, que gostam de qualquer gênero, de qualquer época (Hei, o princípio básico do cinema não é a atemporalidade?), e que poderiam usar as edições até para futuras consultas, ficavam na mão todo santo mês.

Chegou num ponto que a única coisa que podia ser levada a sério (?) era a coluna da finada Dulce Damasceno de Brito. Filmes da produtora Hammer jamais tiveram um artigo decente nos últimos 10 anos, nem tão pouco saiu uma linha sobre seu ressurgimento no ano passado. Roger Corman, mestre que instruiu incontáveis grandes cineastas, jamais teve vez nas suas páginas. Enfim, poderia ficar aqui citando incontáveis ignoradas.

Mas o que mais incomodava era, no total descaso com o leitor, vê-la conduzida como um fanzine pessoal. Até fotos caseiras passaram a ilustrar o editorial...

As críticas iam nessa mesma linha. Escritas por quem tinha pouquíssima bagagem pra poder comparar, não diferiam do que se lê em qualquer um dos milhares de blogs juvenis sobre cinema. Coisas desprezíveis levavam a mesma nota de um Cidadão Kane, além de páginas e páginas com fotos gigantes. Era uma grande sorte encontrar algum destaque a algo que saísse do gosto pessoal de seus editores.

Inesquecível a crítica do Roberto Sadovski ao lançamento nos cinema de O Grito. Deu nota baixa alegando que o filme era uma refilmagem quadro a quadro do japonês. Como se soube, há muito pouco em comum entre os dois.

Se o editor é pego na mentira desse jeito, crítica sem assistir, imagina os resto? E a gente pagando quase 10 mangos por isso...

Dá pena porque era um hábito comprar todo mês. E também alívio, porque só não deixei de comprar pra coleção não ficar incompleta.

UPDATE 02/04/09 19h18 - Pra não se ter dúvidas de que o site Omelete é uma pataquada sem tamanho, simplesmente tiraram do ar a matéria sobre o fim da Set, ao invés de publicarem uma errata. Verdade ou mentira, resta-nos aguardar.

UPDATE 03/04/09 02h21 - Pronto! O Omelete republicou a matéria. Agora com um texto enxuto.

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