In Memoriam: Isabela Ferreto

12
A colunável paulistana Isabela Ferreto faz parte de uma tradicional família originária da Itália. Isto não a impediu de ficar famosa na década de 90 por perjúrio, chantagem, homicídio doloso e ocultação de cadáver entre outros delitos.

Filha única, apenas sua mãe Carmela, ou Cacá como é mais conhecida no jet set, escapou da sina das mulheres de útero seco entre suas irmãs Filomena, Francesca e a finada Romana.

Cresceu cercada de mimos principalmente da tia Filomena, que mesmo ocupadíssima comandando os negócios com mão de ferro, dedicava todo o carinho a quem chamava de bambina. Carmela acusou mais tarde a irmã de tê-la educado mal, porque jamais a repreendeu ou permitiu que fizessem isso quando maltratava seus animais de estimação ou os empregados domésticos, muito pelo contrário, orgulhava-se da personalidade forte da menina. É provável que ainda tenha lhe ensinado seu lema “olho por olho dente por dente”.

Residente no Jardim Paulista, Isabela evitava o tédio passando as tardes entre o haras e o noivado com o empresário do ramo frigorífico Diego Costa Brava. Relacionamento celebrado e documentado quase que diariamente pelas colunas sociais de maior prestígio na cidade.

A mais jovem a ostentar o sobrenome Ferreto passou destas frívolas colunas às sensacionalistas páginas policiais a partir justamente do dia de seu casamento. As bodas renderam páginas e páginas quando ela foi violentamente espancada pelo noivo perante a fina flor da sociedade.

Ao surpreender a noivinha minutos antes da cerimônia em pleno ato sexual com o tio Marcelo, que na época acreditava-se viúvo de Francesca, o rapaz fez jus ao conhecido sangue quente da ascendência espanhola. Os presentes sem entender nada, chegaram a ficar com pena da tão indefesa criatura vestida a caráter como toda boa moça de família costuma sonhar. O branco do vestido, sinal de sua pureza, acabou dramaticamente manchado de vermelho vivo.

É provável que os amantes encontravam-se na calada da noite desde a tenra idade da garota. Furtivamente, a mesa da cozinha servia de pitoresca alcova. Nas manhãs seguintes, nem a dedicada cozinheira Diva, ou o mordomo Alfredo suspeitavam o que aquelas paredes haviam presenciado.

Não demorou muito para Isabela se aborrecer. Trocou o tio (que ainda por cima tinha três filhos com uma grossa dona de cantina da zona leste) por outro homem: Bruno, filho adotivo e namorado da tia Romana, recém chegado de Florença. Quando descobriu a traição, Marcelo limpou sua honra com sangue! Com uma facada acertou profundamente o rosto da beldade. Nem o renomado cirurgião plástico Felipe Barreto conseguiu resultados satisfatórios, obrigando a socialite a trocar de penteado para esconder a cicatriz.

Junto a Bruno, planejou afogar Romana na suntuosa piscina da Mansão Ferreto. Embora em seus depoimentos tenha negado ser a mentora intelectual deste crime, pesa sobre ela outra morte, a de Andréa, funcionária de confiança da família. Obtinha a cumplicidade da secretária em inúmeras falcatruas chantageando-a com fotos de seu passado como estrela de pronochanchadas.

Quando Andréa conseguiu as imagens comprometedoras, terminou morta com um tiro certeiro. Seu corpo foi encontrado no porta-malas num carro submerso na represa Billings.

Deserdada, Isabella acabou sendo detida no aeroporto de Cumbica ao tentar fugir do país. Como se fosse uma vilã de telenovela, sua megalomania a levou a passar o resto de seus dias à beira da loucura num presídio.


[Ouvindo: Voulez vous – Erasure]

Postar um comentário

12Comentários

Antes de comentar, por favor, tenha consciência de que este espaço é disponibilizado para a sua livre opinião sobre o post que você deve ter lido antes.

Opiniões de terceiros não representam necessariamente a do proprietário do blog. Reserva-se o direito de excluir comentários ofensivos, preconceituosos, caluniosos ou publicitários.

  1. Miguel de Deus... revi a novela inteira neste seu relato SENSACIONAL. Acho que nem o próprio autor conseguiria apresentar melhor sinopse para a novela que esta que você acabou de nos oferecer. Adorei!

    ResponderExcluir
  2. rs, rs, rs, rs,
    nem o autor lembra de tantos detalhes...
    bom lembrar de Claudia Ohana quando ela era bonitinha

    ResponderExcluir
  3. Renata, o estranho é que lembro que quando ela jogou o carro com o cadáver (tipo Psicose) falavam represa Guarapiranga, e depois eles represa Billings... rs

    ResponderExcluir
  4. Sem "pobrema", Miguel. Billings e Guarapiranga são a mesma m...

    ResponderExcluir
  5. Letícia, ambas são sucessíveis a desovas de carros rs

    ResponderExcluir
  6. Perfeito, absolutamente perfeito! Com menção honrosa à referência ao Felipe Barreto de "O Dono do Mundo".
    Genial.

    ResponderExcluir
  7. Jéssica, eles sitavam umas personalidades reais também. Tipo, a Alicinha Cavalcanti teve a prataria que ofereceu no casamento devolvida.

    Doutor Dráuzio Varella era o médico que a tia a mandou ir se consultar quando ela simulava gravidez. :D

    ResponderExcluir
  8. Claudia Ohana continua linda!!! Nessa novela ela deu um show!!!

    ResponderExcluir
Postar um comentário