Quando o cinema tinha mais peito

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Russ Meyer está para os filmes de violência e nudez barata do mesmo jeito que Hitchcock está para os filmes de suspense. Um mestre! Praticamente o precursor no subgênero “pink violence”, onde belas garotas se digladiam com pouquíssima roupa.

Assim, no esculacho, levou multidões aos cinemas entre os anos 50 e 60, enquanto os grandes estúdios de Hollywood quebravam a cabeça para tirar as pessoas da frente da TV. Provavelmente sem caras como ele ou Doris Wishman (diretora de "Bad Girls Go to Hell"), as majors não teriam bancado filmes como Easy Rider ou dado pelota para gente vinda desse tipo de cinema como Jack Nicholson, Francis Ford Coppola, Joe Dante, etc. William Castle, outro campeão das produções de baixo orçamento produziu para a Paramount nada menos do que O Bebê de Rosemary, um divisor de águas no horror.

Na década de 60 estávamos em plena revolução sexual, mas os grandes estúdios pareciam ainda não ter se dado conta. Russ Meyer foi um dos que driblou o já caquético código de moral e conduta Hays, aquele mesmo que proibia até beijos muito longos. Deu ao povo o que ele queria: sacanagem da grossa! Ou como os americanos chamam Sexploitation, o equivalente à nossa Pornochanchada.

Com títulos curiosos como “Mondo Topless” e “Beyond the Valley of the Dolls” (único em DVD no Brasil), conseguiu notoriedade principalmente por “Faster, Pussycat! Kill! Kill!”, imbróglio de artes marciais, roupas colantes e gangues de garotas delinqüentes de 1965.

Sua estrela, Tura Satana, não se fez de rogada e registrou o visual da personagem Varla (a psicopata carateca), e mesmo os herdeiros do diretor quando querem relançá-lo, ou vender algum produto relacionado, têm que lhe pagar copyrights.

Tura Satana começou sua carreira artística como bailarina. Talvez a única vez que chegou perto de uma grande produção hollywoodiana foi na figuração não creditada em O Maior Espetáculo da Terra, de Cecil B. De Mille e outra pontinha em Irma La Dulce de Billy Wilder. Aparece em outro grande clássico da podreira cinematográfica, “The Astro-Zombies”, além de ter sido capa de algumas revistas pornográficas.

Bem mais viva que muitas atrizinhas instantâneas de agora, mantém há muito tempo site cujo sentido parece ser comercializar absolutamente de tudo relacionado a ela.

"Faster, Pussycat! Kill! Kill!" sempre é citado como influência na carreira de muitos cineastas modernos, principalmente nas de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. Rumores recentes dizem que Tarantino prepara remake pensando em usar a porn star Tera Patrick no papel que fora de Satana.


[Ouvindo: Main Hoon Lilly – Asha Boshle]

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2Comentários

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  1. TINHA COMEÇADO A LER E SENTI UM CHEIRO INCRÍVEL DE TARANTINO E, EXATAMENTE, VOCÊ O CITA NO FIM DO TEXTO. ADORO ESSE TIPO DE CINEMA. ALIÁS, FALANDO EM CINEMA DE QUALIDADE, JÁ ASSISTIU A "MULHER, MULHER", O FILME MAIS SINISTRO DE HELENA RAMOS? ELA APARECE PERTURBADÍSSIMA NELE.

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  2. Marcus, ainda não tive a honra de ver "Mulher Mulher"... Mas nos perturba? Difícil falar perturba sem sotaque da roça :O
    Também gosto, mas são muito difíceis de serem achados! :(

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