Neville de Almeida é puro pop

Os filmes de Neville de Almeida são um subgênero à parte. Embora muita gente insista, não pertencem à categoria pornochanchada. Têm mais similaridade com os sexploitation norte americanos do que com as produções da Boca-do-lixo. Puro sensacionalismo barato, violência fake e muita mulher pelada pra vender ingresso. Fabulosamente delicioso!!! Seus filmes mambembes tecnicamente, de produção irrisória e personagens quase sempre agindo pelo instinto sexual tornaram-se comédias esdrúxulas. Ou a Claudia Raia (antes da plástica nasal e perdendo feio na guerra contra a celulite) colocando a aranha pra brigar com Louise Cardoso em Matou a Família e Foi Ao Cinema pode ser levado a sério? Esse desnecessário remake ainda trazia Alexandre Frota em um nu frontal. Nossa que ousadia a dele, ficar nu em filme... Rio Babilônia é mais famoso pela cena da surubinha na piscina com a Denise Dumont do que os 110 minutos de metragem total. Dumont é aquela que foi fazer carreira internacional. Leia-se “carreira internacional” a cena onde aparece (de relance) cantando Tico-Tico no Fubá em A Era do Rádio de Woody Allen. Outra “internacional” que passou pelas lentes de Almeida foi Sônia Braga, memorável com seu cabelo sarará penteado a lá Farrah Fawcett em A Dama do Lotação. Ronronando pelos coletivos, se esfregando naqueles tipos de carteira debaixo do braço e palito no canto da boca. Se não bastasse, tem ainda Pecado Original (uma das poucas músicas de Caetano que prestam) servindo de tema. Mas o preferido de quem era moleque nos 80 é Os Sete Gatinhos. Reprisava pelo menos uma sexta feira a cada mês na TV Manchete, e tentando entender tudo aquilo (além dos hormônios em ebulição) a gente decorava diálogos do tipo “Quem foi que desenhou caralhinhos voadores na parede do banheiro?” ou “Bejo mulé na boca pra me sentir menos puta!”. Obra prima do gosto duvidoso!

[Ouvindo: A Girl Named Happines – Jeremy Jordan]