Sem título

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Denise está chamando

Do que é capaz o coração de uma mãe aflita! Nos faz aderir às (até então) mais sórdidas tecnologias. E lá sou de ficar dando satisfações de onde estou? Pago pra, em maus momentos, ficar incógnito em meio a multidões. Leia-se maus momentos como deprimido, chateado, desempregado, etc... Aliás, dando aula isto é cada vez mais difícil. Ficar incógnito, não em maus momentos! No banco, no meio da rua, indo trocar a válvula do botijão, escuto: "Oi, professor!". O mundo está cada vez menor... Mas enfim, demorei anos e anos para ter um celular, exatamente porque acho esse aparelhinho uma gigantesca (cada vez menor) bobagem. Ainda mais para um workaholic como eu, que ou está trabalhando, ou está em casa preparando o trabalho do dia seguinte. E aquela aura de status que celulares tinham há uns anos sempre me enojou. Não admito a substituição do ser pelo ter, jamé! Mas mãe é mãe e como estou há meses sem telefone fixo, eis que em uma bela tarde chega uma caixinha de Sedex com um dito cujo dentro!!! A graça de toda coisa é que ele tem prefixo de Itapeva, ou seja, mesmo se eu pedir uma pizza ali da esquina estarei fazendo interurbano. Não há créditos que cheguem... E como as coisas mudam rápido!!! Lembro quando reprisou A Próxima Vítima no Vale A Pena Ver de Novo, e APENAS o núcleo Ferreto, que morava nos Jardins possuía aqueles tijolões. E essa novela nem foi feita há tanto tempo assim para a coisa estar tão popularizada. Uma amiga ouviu a seguinte conversa outro dia " -Alooooô? É a Cráudia... Tô no crube andando de bicicreta." Huahuahauahauahau!!! E se eu torcia o nariz para o trem, hoje já o vejo como imprescindível. Aquela sensação de quando se tem antipatia por alguém à primeira vista e depois descobrimos se tratar de um doce de pessoa, sabe? Fui às compras, alguém me pediu para trazer margarina. Qual marca? Tasco o bichinho do bolso e ligo de lá mesmo. Como vivi sem ele esse tempo todo? Óbvio que antes a gente saía e ia até um orelhão, a forma mais indigente de se comunicar. Mas não dá mais pra sair de casa desprovido de um comunicador destes, e recarregado. Pelo menos de bateria. A gente realmente se acostuma a tudo nesta vida...

[Ouvindo: A Vida em Seus Métodos diz Calma - Di Melo ]

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