E Doris Day alcançou o infinito

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Merecedora do título de lenda hollywoodiana, Doris Day morreu na manhã de hoje, 13, aos 97 anos de idade. A Marilyn com mais açúcar, dona da virgindade a prova de bala, piadas que se contavam enquanto ela arrastava milhões às bilheterias principalmente em comédias fofas nos anos 50 e 60.

Aposentada há muitos anos, vivia isolada cuidando de animais abandonados e filantropia. Sua gloriosa vida teve alguns momentos dolorosos que contrastaram a imagem extremamente doce da atriz e cantora.

Foi Loira de Hitchcock uma vez. Ao cantar em cena a música chave no remake de O Homem Que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, 1956 de Alfred Hitchcock) revolucionou a indústria fonográfica, num tempo em que não era comum haver um hit que impulsionasse as vendas de uma trilha sonora de um filme não musical.
Com James Stewart sob direção de Alfred Hitchcock
"Que Sera, Sera (Whatever Will Be, Will Be)" chegou ao topo das paradas em vários países e anda levou o Oscar daquele ano. É até hoje um exemplo excelente do uso de uma canção na trama de um filme.

Doris Day alcançaria a teu sonhada indicação ao Oscar em 1960, pela comédia Confissões à Meia Noite (Pillow Talke, 1959 de Michael Gordon) . No filme ela é a decoradora solteirona que por erro da companhia telefônica tem a linha divida com um vizinho galanteador interpretado por Rock Hudson.
Ouvindo o vizinho fanfarrão Rock Hudson em Confissões à Meia Noite
Ela passa a odiá-lo sem nunca ver seu rosto, só de ouvir os papos melosos que ele tem o dia todo ao telefone com várias moças. Até que se conhecem pessoalmente, mas só ele a reconhece o que faz com que finja ser gay, a ironia máxima um ator gay que fingia ser hétero interpretar um homem hétero que finge ser gay.

Se a indicação da Academia apontava anos dourados para a atriz na década de 60, o destino lhe pregou uma peça. O terceiro casamento chegou ao fim e Doris Day teve a amarga surpresa em descobrir que o marido, que também era seu empresário, a deixou sem um tostão na conta.

Isso quando a revolução sexual havia deixado bem demodé uma figura como ela, com ar virginal sob qualquer circunstancia, típica da década de 50. Mas o show não pode parar e ela reconquistou seu lugar trabalhando como nunca em shows e no cinema, até em produções polêmicas, como quando a Fox resolveu retomar o filme que Marilyn Monroe havia deixado inacabado.
Eu, Ela e a Outra, papel que muitas recusaram acreditando não ser ético com Marilyn
O pior ainda estava por vir, acredite! Conforme relembrado por Ruy Castro no livro Saudades do Século XX, em 1969 seu nome apareceria envolvido na tragédia macabra do assassinato da atriz Sharon Tate, assunto do próximo filme de Quentin Tarantino.

A mansão que aconteceu o massacre pertencia a Terry Melcher, seu filho, o executivo de uma gravadora. Como ele procurava novos talentos haviam lhe dito que um grupo de hippies que morava em restos de cenários de faroeste abandonados faziam um som legal.

Ele foi até lá, ouviu, não gostou, deu uma nota qualquer e foi embora. Liderados por Charles Manson, o grupo jurou que houve a proposta de um contrato e foram até a mansão cobrar a dívida com sangue.
                                Com o filho Terry Melcher nos anos 70                                 gettyimages

Melcher, filho de Doris Day não morava mais lá, havia alugado a residência ao jovem casal formado por Roman Polanski e Sharon Tate, com 26 anos e grávida de nove meses. Polanski estava em Londres a trabalho, mas junto a Tate havia um grupo de amigos lhe fazendo companhia, todos brutalmente assassinados.

Evidente que Doris Day ou seu filho não tiveram a menor responsabilidade no caso, porém, explorar seu nome foi um tempero utilizado por alguns órgãos da imprensa que noticiaram a tragédia por muito tempo. Uma estupidez.

Ela não apareceria mais em nenhum filme depois de Tem um Homem na Cama da Mamãe (With Six You Get Eggrol, 1968 de Howard Morris). Na TV estrelou o sitcom The Doris Day Show entre 1968 e 1973 seguindo a formula de interpretar um personagem muito parecido com ela, inclusive com o mesmo nome, conforme Lucille Ball havia sido muito bem sucedida em I Love Lucy.
Novamente com o amigo Rock Hudson no primeiro episódio do programa de 1985
Na década de 80 faria história na TV americana com o programa Doris Day's Best Friends. No show ela recebia em seu rancho seus melhores amigos para um emocionante bate papo, entre eles Rock Hudson, o antigo colega e primeiro grande astro a contrair HIV, então já com a saúde debilitada.

Doris Days havia se tornado reclusa desde o falecimento de seu filho em 2004, se dedicando completamente a sua fundação para o bem estar animal. Será eternamente lembrada por fãs e milhares de trilhas sonoras que sempre utilizarão suas canções.

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