Ela estava com 23 anos e alguns filmes no currículo, mas
nada com o peso de uma protagonista e ainda em papel duplo. Bava havia sido
cinematografista de algumas produções e dirigido apenas curtas, ou auxiliado
algum outro diretor.
Steele se lembra bastante dele bastante dividido entre
dirigir e fotografar o filme. Britânica, sem entender direito o italiano se
sentiu alheia aquilo tudo, detestando do figurino muito decotado até a peruca
que foi obrigada a usar.
Pra piorar, talvez pelo entrave da língua, teve um dia que
se recusou a entrar no set, crendo que o diretor queria filma-la nua. Mais
tarde assumiu que todos os problemas foram por sua imaturidade e inexperiência.
“Ele era muito quieto, muito íntimo, muito discreto, muito
um-para-um. Ele não era carregado de si como a maioria dos diretores italianos
- muito inflamados, você sabe.” relembrou a atriz décadas depois em uma entrevista. Ainda disse que, assim como todos naquele set, Mario Bava estava
bastante gripado.
Estavam todos morrendo sufocados com o gelo seco e algum vírus
que se aproveitou do terrível inverno romano. Na Itália era uma prática comum não
trabalhar com áudio direto, assim como foi no Brasil por muito tempo, deixando
pra adicionar as vozes e sons posteriormente, o que no caso foi ótimo, porque
segundo ela, todos do elenco estavam falando de um jeito anasalado.
Barbara Steele acredita que tudo isso ajudou a deixar o
filme ainda mais intenso. E foi tão intenso que por anos acabou sendo proibido
em vários países, ressurgindo nos cinemas com muitos cortes.
No Brasil ele foi exibido em 1961 como A Maldição do Demônio
e redescoberto por uma nova geração que se tornou fã a partir de 2003, ao sair
em DVD pela London Films/Dark Side com o título A Mascara a de Satã. Depois foi
relançado pela Versátil num disco duplo com outros três filmes do diretor,
infelizmente também em DVD.
Veja também:
O gênio Mario Bava
Aquela que apanhou pra interpretar
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