Como homem criativo ele sentia a obrigação de provar a possibilidade de se expandir.
Leitor de Carlos Castaneda, tomou o autor como inspiração, mas lamentou não ter
acesso às incríveis drogas indígenas que o peruano tinha acesso e descrevia seus efeitos.
Ciente que havia histórico de problemas cardíacos na família
fez uma bateria de exames antes e estava tudo bem. Manteve um médico por perto,
assim como um taquigrafo que registraria tudo que ocorresse.
Fellini disse à biografa Charlotte Chandler ( de Eu, Fellini
– Editora Record, 1993)que nunca teve controle nenhum em sua vida, ao contrário
dos seus sets. “Para mim, o autocontrole sempre foi importante e achava que o
perderia por completo neste caso”, também temia o risco de um dano permanente
não em seu físico, mas em sua força criativa.
Mas a curiosidade sobre o efeito de LSD que tanto havia lido
era mais forte, além, claro, a mescalina de Castaneda. Confessou que assim
que os preparativos para a experiência terminaram o diretor não estava mais a
fim de nada (“E se eu perco meus sonhos?”), mas temeu ser considerado um
covarde.
Após o efeito passar não se lembrou de absolutamente nada, nem se
sentiu melhor, mais excitado ou diferente em qualquer coisa. Estava com uma
leve dor de cabeça e muito cansado, depois lhe explicaram que foi por ter
andando de um lado pro outro e falado sem parar por horas.
Também contaram que ele era uma pessoa cujos pensamentos nunca
descansam. Sob a influência do LSD seu corpo explorou sua atividade intelectual,
“Mas já sabia, antes, que minha mente estava sempre em ação” concluiu Fellini.
Segundo o mesmo, foi um domingo desperdiçado, mas tentou não
lamentar o tempo que perdeu. “Só há uma droga na qual sou viciado: rodar
filmes. E ela é cara” e encerrou o assunto.
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