O anúncio da morte de Jerry Lewis ontem, aos 91 anos de
idade, encheu muita gente de saudosismo. Não é pra menos, seus clássicos das
décadas de 50/60 foram exibidos na TV por anos a fio, eram “filmes maravilhosos”
recomendados por nossos pais, avôs, tios.
Muitas crianças na década de 80 (e que estão quarentonas
hoje) davam pulos de alegria quando chegava julho e a Globo anunciava Festival
Jerry Lewis. Um filme dele por dia durante uma semana na Sessão da Tarde!
Quem tinha irmãos e irmãs se reuniam pra assistir, cada um se
jogava num canto da sala, sofá, tapete, tanto fazia, só havia um aparelho de televisão
na casa. Claro que estudavam pela manhã e sempre dormiriam até o final da Sessão
da Tarde, mas Festival Jerry Lewis era um bônus das férias!!!
Repleto de gags, cada filme (apenas produções em technicolor
da fase Paramount) nos alimentava de micagens para serem reproduzidas às
gargalhadas por meses! Eram como memês daquele tempo, só quem tinha assistido
entendia e dava risada de novo e de novo.
Selecionei cinco momentos de cinco filmes de um jeito muito
pessoal. Provavelmente você e seus amigos tinham outras que foram lembradas com
a morte deste eterno gênio.
- A cena do “Rapaaaaaz!” em Cinderelo Sem Sapato
(Cinderfella, 1960 de Frank Tashlin)
Lewis é o pobre Cinderfella escravizado pela madrasta malvada
(Judith Anderson de Rebecca, A Mulher Inesquecível - que nós ainda não sabíamos quem era mais curtiríamos
pacas no futuro!) depois que o pai morre. Sentado no fundo de uma mesa enorme ele tenta
comer, mas seu “irmão”, sentado na outra ponta, o chama toda hora pra pedir
alguma coisa.
Bem, lá em casa a gente dizia “Rapaaaaaz!” para quem
estivesse mais longe quando querimos que passassem a jarra de suco, ou a panela
de alguma coisa. É uma bobagem hoje, né? Mas era divertido!
- Grande liquidação em Errado Pra Cachorro (Who's Minding
the Store?, 1963 de Frank Tashlin)
Não há liquidação do Supermercado Guanabara que impressione
quem viu Jerry Lewis sendo soterrado por senhoras atrás de uma pechincha. Não
há também anúncio de uma grande barganha que não dê vontade de literalmente se
jogar como no filme.
E quando a baciada de DVDs nas Lojas Americanas ficavam numa
piscina Regan montada no meio da loja? Só facilitava a ideia de pular de
cabeça!
- Comendo um grão de feijão com classe em Artistas e Modelos
(Artists and Models, 1955 de Frank Tashlin)
É meu filme favorito de Lewis, aqui ainda em parceira com o
Dean Martin (num alto grau de maravilhosidade! – mas minha mãe reclamava por ele
parecer muito vaidoso). Poderia contar cenas e mais cenas fantásticas de
Artistas e Modelos, mas vamos nos ater apenas à do feijão que culmina num banho
de catchup.
Posso citar outra desse filme envolvendo comida também. Vem
logo depois dessa, onde os dois são artistas em momento de vacas magras sem
nada pra comer.
Martin vai dormir com fome e Lewis na janela começa a ouvir
uma briga nos vizinhos do apartamento superior. O cara está furioso porque a
esposa fez bife de novo e acaba jogando um pela janela.
Morando em apartamento não há briga de vizinho que eu não
espere que um bife pule pela janela. Nunca aconteceu evidente.
- Luva de borracha para amamentar trigêmeos em Bancando a Ama
Seca (Rock-a-Bye Baby, 1953 de Frank Tashlin)
Luvas de látex não eram lá muito comuns no nosso cotidiano,
mas às vezes apareciam algumas ou pra lavar louça ou pra alguém que ia pintar o
cabelo. Irresistível reaproveita-las pra encher de água.
- A implacável ressaca em O Professor Aloprado (The Nutty
Professor, 1963 de Jerry Lewis)
Piada que entenderíamos após muitos anos, quando teríamos a
primeira ressaca brava. Que sofrimento!
O Professor Aloprado, espécie de Médico e o Monstro sexual,
não era de total compreensão infantil até no seu argumento central, mas quem se
importava? A sucessão de piadas visuais e a berrante palheta de cores (azul,
rosa e amarela) eram suficientes para ser um dos mais amados filmes.
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