Na entrevista a seguir,
Vampira (sim, VAMPIRA!) fala sobre seu tempo glorioso de sucesso nacional e
dos amigos famosos que teve. Amigos e amantes, sendo que relembra até do toco
que tomou do Marlon Brando e o pito que deu em Elvis por ser grosseiro com mulheres.
Importante resaltar que foi concedida em 1984 e publicada na revista Touch naquela época. Antes de seu nome ser resgatado graças à cinebiografia de Ed Wood dirigida por Tim Burton em 1994.
A partir dos anos 90 até seu falecimento em 2008, geralmente ela era chamada pra falar sobre cinema B. Nesta entrevista ela é a apresentadora de TV que foi muito famosa antes de embarcar no universo dos filmes de baixo orçamento.
Importante resaltar que foi concedida em 1984 e publicada na revista Touch naquela época. Antes de seu nome ser resgatado graças à cinebiografia de Ed Wood dirigida por Tim Burton em 1994.
A partir dos anos 90 até seu falecimento em 2008, geralmente ela era chamada pra falar sobre cinema B. Nesta entrevista ela é a apresentadora de TV que foi muito famosa antes de embarcar no universo dos filmes de baixo orçamento.
O interesse principal aqui, como
você perceberá lendo, é que Vampira foi muito além de Ed Wood! O trabalho com o "pior diretor de todos os tempos" foi apenas uma fase, embora seja lembrada na posteridade por esta fase.
Também é delicioso conhecer detalhes dos anos 50 por quem realmente viveu lá. A lista de celebridades que ela cita é grande, além de expressões antigas como "Beard Lady" (Moças que andavam com casais amigos gays para ajudá-los a despistar fofocas).
Agradeço ao blog Vivir en Tucson que a traduziu para o espanhol e gentilmente permitiu que fosse republicada aqui no La Dolce Vita em português com leves alterações nos links remissivos. Divirta-se!
Nós nos encontramos com ela em um pequeno restaurante em Hollywood. Vampira, ou Maila Nurmi (seu nome real), se tornou uma sensação na década de cinquenta. Conhecida como apresentadora de TV, atriz e confidente de muitas estrelas como James Dean, Elvis Presley, Tab Hunter e Troy Donahue, agora atende pelo nome de Helen Heaven e é dona de uma loja de antiguidades. Ela também escreve contos e, ocasionalmente, faz um cameo. O último pode ser visto no independente População 1 (René Daalder, 1986). Nós conversamos com ela sobre Hollywood, o Dia das Bruxas e os horrores cotidianos.
- O que
assusta Vampira?
- Este século... Os ratos,
morcegos, noites, aquelas coisas de tempestade não me assustam. Você me assusta com os hospitais, com
câmaras de tortura, coisas assim.
- Qual foi o seu
Halloween mais memorável?
- O que fazia
Vampira antes de ser famosa?
- Eu trabalhei por muitos
anos como atendente em uma loja. Eu
ganhei um monte de dinheiro, era boa de vendas. Escrevia-me a muitos testes,onde
conheci pessoas muito interessantes, como a bailarina Lily St. Cyr. Também fui show girl em um show de Earl Carroll.
- Como você criou
seu personagem?
- Meu primeiro marido, o
roteirista Dean Riesner, teve a ideia de criar um personagem sexy do tipo Charles
Addams. Ele disse: "Nós
temos que levar Homebodies à televisão ". Depois fui para um festa -
Baile do Caribe, apresentado por Lesley Horton, que naquele ano foi realizada
no Teatro Aquarius. Lá
conheci Hunt Stromberg Jr. (diretor de programação para KABC-TV). Eu queria fazer um programa com
Charles Addams, mas ele disse:. "Não, queremos você". Então preparamos Vampira para dar-lhe
um ar hollywoodiano: Nós adicionamos um toque Bizarre
(revista), colocamos salto alto, unhas longas e arranhões sangrentos em seu
peito. Combinamos sexo e morte,
os dois fatores principais.
- Foi divertido?
- Foi muito divertido. Usávamos a criatividade e recebíamos dinheiro. Isso foi ótimo.
- Como você
escolheu o nome?
- Eu fiz uma
lista... Tinha muito nomes
vitorianos, mas eles não eram muito bons. Meu
marido veio com o nome Vampira. No
começo eu descartei, parecia um nome demasiadamente pretensioso. Outro nome descartado foi "Creeponia". Finalmente
fiquei com Vampira.
Tab Hunter e casal de amigos |
- Hollywood era
um lugar muito interessante nesses dias?
- Não era mais interessante
do que hoje. Você já viu Morgan
Fairchild? Eu amo essa mulher.
- Agora vemos o
Fifties como "os anos dourados."
- Naquela época os "anos
dourados" foram os anos trinta. Contemplávamos
fascinados O Jardim de Alá (o hotel e complexo de apartamentos de
propriedade de Alla Nazimova): Esse era o centro de tudo no trigésimo Jardin e
Chateau (Marmont, o hotel). Todos
os que vinham para a cidade queriam ficar no Chateau.
– Você conheceu Tab Hunter e Troy Donahue. Como
eram eles naquela época?
- Ambos são bons atores, embora
as pessoas não saibam... Troy foi
um bom amigo e Tab ficou lá em casa por um tempo... Até eu fui sua “beard lady”... Antes, quando duas pessoas saiam (e
queriam ser discretas) levavam junto ao companheiro uma “beard lady” para tudo parecer mais platônico. Naquela época Tab saía com Stephanie
Zimbalist. Eles eram apenas amigos, mas Tab estava muito preocupado com o que
foi dito sobre ele nas revistas, você sabe ... Ah, eu adoro Tab, é tão adorável. A Confidential (revista) colocou na capa que Tab era
anti-americano. Ele teria
contrabandeado mercadorias para o Partido Comunista Chinês. Que era um pervertido, um ser escuro. Todo tipo de insultos sobre ele.
- O que você pode
me dizer sobre Nick Adams ?
- Ele era odioso, detestável. Um tipo de Sammy Glick. Se ele visse que você tinha
sucesso, colocava seus tentáculos sobre você e depois já não se conseguia livrar. Exceto se você tornou-se um “has-been” .
- Elvis Presley?
- Eu lembro de
que peguei em sua mão quando ele foi vaiado na saída do Frointier em Las Vegas,
em 1956 ... Eu fui um grande apoio para ele no momento. Era
um homem grande, belíssimo... Mas teve muitas falhas. Ele não sabia como tratar as mulheres. Uma vez vi que tratava mal uma menina
na frente de todo o mundo. Mais
tarde, em privado, reprovei a sua atitude. Isso
o irritou no momento, mas depois de um tempo corrigido, agradeceu-me e disse-me
que seu comportamento com essa menina (e comigo) não estava correto.
- Você saiu com
pessoas conhecidas. Alguma vez
você já teve que rejeitar uma proposta?
- Fernando Lamas me ligou um
dia e me convidou para comer fora. Não
me pareceu apropriado para aceitar o convite, porque, embora soubesse de suas
intenções, ele era casado na época. Agora eu lamento não ter ido jantar com
ele, era um homem encantador. E Vince Edwards estava interessado em mim uma vez, mas eu descobri anos mais tarde. Acho que o meu amigo (que Vincent
perguntou de mim) foi um pouco ciumento.
- Nem sempre tudo
foi algo emocionante.
- Exatamente. Lembro-me de uma vez. Marlon (Brando) estava na Europa,
vivendo aventuras e planejando se casar com a filha de um pescador francês. E enquanto isso eu estava aqui,
pensando em sua volta, no tempo que passamos juntos. Ele estava sempre no meu apartamento. Passei horas sentada ao lado do
telefone esperando que sua ligação, mas o telefone nunca tocou. Fiquei inquieta, verificando se o
telefone funcionava corretamente (risos) ... Eu não podia sair com qualquer
pessoa em seis meses. Em todo
esse tempo eu estava lá fora, com Jimmy Dean... Não, não o chamei para sair,
nós éramos apenas bons amigos.
- Por que você
acha que James Dean foi atraído por você?
- Jimmy adorava o glamour. Todos os seus amigos tinham uma imagem
glamourosa, Eartha Kitt, Ursula Andress, Vampira. Ele estava apaixonado por Pier Angeli,
mas ela o deixou plantado.
- Voltemos aos
vampiros. Parece que esteve ligada
a eles toda a sua carreira.
- Me especializei. Até pela minha estrutura óssea tão
dramática. Primeiro interpretei
um vampiro na Broadway em Spook
Scandals. Howard Hawks me levou a Hollywood para participar de Dreadfull Hollow, um filme
sobre vampiros em Hollywood. Nunca
chegamos a fazer.
- Então veio
Vampira. Bastante sucesso em festas a fantasia de Halloween.
- Lembro-me de um ano que cheguei
a receber mais de duas centenas de telefonemas de pessoas perguntando como se
vestir de Vampira para o Halloween. No
estúdio, me disseram para ligar para casa de Zsa Zsa Gabor para contar a sua
empregada como obter parecer a Vampira. Liguei
para sua casa naquela noite, e atendeu seu mordomo. Ele disse (imitando sotaque
arrogante): "Desculpe, não posso chamar Elizabeth. Ela está muito ocupada
com os pedaços do vestido da senhora Gabor.".
- Quem foi a
pessoa mais extraordinária que conheceu em Hollywood durante esses anos?
- A pessoa mais notável que
conheci não era uma pessoa. Ele
era um deus que andou entre nós por um tempo. Não
acho que James Dean fosse humano. Todo
nós somos almas, espíritos reencarnados. Mas
ele era um deus. Ele veio aqui
para que nós aprendêssemos com ele.
- O que ele teria
a ensinarmos?
- Eu acho que ele veio aqui
para ensinar os adolescentes, para dizer-lhes como se comportar com seus pais.
- Ele era uma
presença forte na tela grande.
- Eu me lembro dele enquanto
se preparava para o seu papel no Assim Caminha A Humanidade (Giant). Ele raspou parte da cabeça, simulando
a calvície. Andou por toda parte
agachado como um homem velho. Vestia-se
com roupas esfarrapadas. Quando
as pessoas o viram exclamaram: "Você já viu James Dean recentemente? Parece
que está com 60 anos". Ele
vivia cada dia como se fosse o seu personagem. (*)
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