Edith Bouvier Beale e Edith 'Little Edie' Bouvier Beale antigas socialites frequentadoras das mais altas rodas, ex-aspirantes a celebridades de Hollywood foram encontradas absolutamente esquecidas na antiga mansão com lixo até o teto. Chamada de Grey Gardens, a floresta de ervas daninhas esconde o que foi em tempos remotos o mais belo jardim da vizinhança.
Sem água encanada ou qualquer conforto, como única companhia tinham vários gatos e alguns guaxinins que aparecem no sótão e são alimentados. A sobrinha e prima Jack O. teria ajudado as duas desembolsando US $ 32.000 para limpeza que resultou em mais de mil sacos de detritos além da reinstalação da água e calefação.
Em 1975 os irmãos Maysles dirigiram o documentários Grey Gardens que acompanhava o cotidiano das duas senhoras. Assisti graças à dica de alguém anonimamente nos comentários aqui do blog.
Esperava algo terrivelmente deprimente, embora o teor da história me soe interessante logo de cara. Mas as personagens são incríveis, meio a um passo da loucura, vivendo num mundo só delas, mental e físico, brigando e se amando, cercadas pelo passado glorioso e fantasmas insistentes.
A mansão continua com aspecto abandonada. Dormem, acordam, ouvem rádio e cozinham apenas em um cômodo, com um monte de quadros delas jovens no chão, encostados na parede.
Tomam seus drinques em potes de geleia, quando escutam algum ruído maior no sótão, a pequena Eddie vai lá e espalha uma pacote de pão de forma com ração de gato pros guaxinins, assim, displicente. Ela foi vítima de uma doença que fez cair todos os pelos do corpo, por isso aparece sempre cobrindo a cabeça.
Mesmo na mãe, com dificuldades de se locomover ao beirar os oitenta anos, vemos muito do antigo brilho e até bons modos. Algumas frases delas são inesquecíveis como “É óbvio que tudo o que não vivemos parece que teria sido melhor".
Não passam fome porque alguém lhes entrega uma caixa de mantimentos semanais, embora o filme não conte quem faz isso. Quem cuida dos pormenores cotidianos de conservação do imóvel é um garoto cabeludo que aparece às vezes, meio caseiro, pintor, jardineiro.
A mais velha jura que ele está de olho na filha que às vezes lamenta não ter conseguido casar por culpa da mãe que sempre detestou todo mundo que se aproximava dela. Faleceu em 2002 sem conquistar o sonho de se casar com um homem de sagitário.
Em 2009 a HBO produziu um telefilme também chamado Grey Gardens em que Jessica Lange e Drew Barrymore interpretavam a história. Conta o que aconteceu aquelas mulheres para chegarem ao ponto em que foram registradas em 1975.
As imagens, exceto os frames, são um oferecimento Swell Dames Parlour
[Ouvindo: Nantonaku Nantonaku – The Spiders]
Ah, corri aqui quando vi no Facebook o mote da postagem.
ResponderExcluirAssisti ao filme meio que às escuras, sem saber que aquela história era real. Depois que assisti o documentário, o que significavam para a sociedade americana, os contatos...
E admito que gostei bastante da película e da atuação.
É angustiante ver aonde as duas mulheres chegaram. A ajuda um tanto quanto distante da parente Jacqueline Kennedy e a reação das duas quando outras pessoas estavam por perto. Me peguei julgando se era loucura mesmo ou uma opção - algo que foi deixando levar e acabou virando rotina, realidade e comodismo.
Talvez a perplexidade tenha feito com que eu gostasse da película da HBO; me peguei pensando várias vezes nas duas. Assim, não sei dizer "com olhar crítico" se de fato é bom; mas só de se tratar de uma história real, chocante e , por vezes, angustiante e cômica, acho que já vale.
Somos MUITO, mas MUITO fãs dessas duas, Miguel queridão! Assim tipo: temos poster do filme na parede, assistimos inúmerasw vezes o documentário - e sua continuação, que também é bárbara! Essa semana fotografei o Moyses com uma caracterização inspirada em Little Eddie, e ficou muito legal, está em algum canto do facebook do Pink Crooner.
ResponderExcluirGrey Garden´s é um ponto de referência que nos acompanha através da vida, tanto estética quanto filosoficamente. Embora, quero deixar bem claro, a ossa casa é linda, arrumada e chiquérrima, como se fosse na origem da história delas. Mas somos, de alguma forma, uma espécie de socialites cariocas, portanto criatura expostas e vulneráveis à decadência e à loucura. Tentamos nos manter atentos, mas nunca se sabe. Um dia, a casa cai.
Um beijo querido! Eu e Moyses adoramos o seu blog e você, que é, em grande parte responsável por nossa feliz união. Ele vive juntando mil coisas pra mandar pra você: CDs de filmes, fotos, livros, catálogos, nem sei o que, e a qualquer hora o carteira vai bater na sua porta com essas lembranças.
Se cuida, seja feliz! E, óbvio, conte conosco.
Daniel, ainda estou pra ver o telefilme. Devo assistir por estes dias.
ResponderExcluirTenho praticado o exercício (duro) de não julgar. O documentário foi bem útil.
Até porquê, estou melhor financeiramente, mas de cabeça elas dava de dez em mim!
Jôka, verdade! Eu vi a foto do Moyses de Little Eddie! hahahaha!!!
Acho que todos nós temos um pouco dessas duas. Eu pelo menos cataria o saco de pão e ia dar a um animal silvestre que aparecesse aqui.
Bem, obrigado pelo carinho de sempre vindo de vocês dois! Beijão!
Bom, estou tentando puxar da memória algumas coisas que achei legais no filme. Senão me engano, mostra-se toda a vida das duas, desde os sucessos, a "queda", a revanche da filha.... É uma cinebiografia - e o documentário, creio, tem mais graça depois da biografia.
ResponderExcluirGente, morro de inveja dessa rasgação de seda viu... Me sinto a pessoas mais sozinha e esquecida do mundo, hahahaha! Sucesso aos 3!
Daniel, apostei no contrário. Primeiro o documentário e depois o telefilme como bônus, não esperava tanto encantamento. rs
ResponderExcluirJesus! Vem cá e me dá um abraço!
A minha dica rendeu post? levo isso como elogio! haha
ResponderExcluirAlexandre, ah, foi você! Qual dos "Alexandre" é você?
ResponderExcluirMuito obrigado. Gostei bastante do filme.
Você estava certo quando disse que era "a minha cara". rs
Caro,
ResponderExcluirConheci seu blog ontem.
Duas palavras: muito bom!!
Nao conhecia as Beale, mas seu destino pós filme esta na wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Edith_Bouvier_Beale
Abs
Littlejose Goodview
Miguel, não sei qual! hahaah depois comento aqui com o perfil real.
ResponderExcluirachei ele parecido contigo pela história delas ter uma espécie de "aura" de Sunset Boulevard.
o que impressiona é a alegria delas no meio da merda. hahah
Anônimo, opa! seja bem vindo!
ResponderExcluirOlha, quando tem algum negrito no post é um link com a referência à informação. Faço assim pra não sobrecarregar o post.
Veja como tem um link da Wiki ao verbete do documentário. :)
Alexandre, pois é! Uma aula de pessoa alto astral sob todas as diversidades!
Você já assistiu? Assista!!!
Já me conhece. hehe
Miguel, já assisti, é um dos poucos filmes de hollywood que não me faz dormir (eu sou do tipo que vê Godard e entende hahaha)
ResponderExcluirAlexandre, ah, vá! Nem é tão Hollywood assim.
ResponderExcluirRodado em 16mm, história de pessoas decadentes sem final feliz...
Jôka é uma figura!!! Bjocas a ele e ao Moyses!
ResponderExcluirLetícia, quando puer, assista e esse documentário. Sua cara também!
ResponderExcluirTô pensando nele até hoje.
Miguel olha que engraçado eu descobri sobre essas duas numa revista de moda americana lá em 2001!
ResponderExcluirIncrível como a Eddie influencia até os dias de hoje na moda, esse documentários inspirou até o estilista Marc Jacobs numa de suas coleções, e até as revistas de moda como a Vogue americana volta e emia fala sobre essas duas como ícones de estilo até o jeito da Eddie de amarrar o lenço virou moda há um tempo, os maquiadores sempre falam da beleza e da maquiagem que ela usa nesse documentário,engraçado como a atitude dela tão anti-moda acabou virando referência nos dias de hoje, no Brasil algumas estilistas já lançaram coleção e campanha com referência à essas duas.E gostaria que você olhasse esssas fotos da Vogue Itália de 1999, o editorial Gray Gradens por Steven Meisel , as fotos ficaram idênticas ao documentário mas com peças de moda daquela época, aqui o link ohe me diz o que achou:
http://forums.thefashionspot.com/f71/steven-meisel-photographer-100411-40.html
Dino, que legal! E bom que isso tudo aconteceu enquanto a Little Eddie estava viva ainda.
ResponderExcluirMuito legal o editoral e já é antigão, né?
"Quando puder", este tem sido meu lema, ai ai...
ResponderExcluirEnquanto não vejo, lembro, grosseiramente, das irmãs Batista...
Letícia, bem parecido às irmãs Batista. As yankees pelo menos tinham um teto.
ResponderExcluirBem, as irmãs Bap também tinham. O problema é que não limpavam o que estava abaixo dele...
ResponderExcluirLembro bem na época em que uma delas morreu, meus pais estavam de mudança pra cá. Lá fui eu com uma semana de antecedência, porque nessas coisas gosto de tudo antecipado, organizado, metódico, lógico e limpo.
Na hora de desmontar móveis (e limpá-los), há sempre as partes que a limpeza rotineira não alcança: fundo e base de cômodas, guarda-roupas, etc. Minha mãe via aquelas bolas de poeira e ficava horrorizada consigo mesma, dizendo que sua casa parecia das irmãs Baptista...
Letícia, pensava que as batista tivessem morrido num asilo, esquecidinhas.
ResponderExcluirÓtima postagem. Assisti a esse filme totalmente por acaso, exibido na TV Cultura, quando estava sem vontade de sair, na casa de praia. Mais inesperado impossível, meu pai até acompanhou um trecho tentando entender o que havia acontecido com as duas "malucas".
ResponderExcluirFiquei encantado com as personagens e suas histórias, o filme levanta muitas ideias relacionadas com coisas que eu costumo pensar... acaso muito oportuno. E agora fico sabendo desse telefilme! Valeu a dica, vou tentar encontra-lo.
E realmente, quem conhece um pouco sobre as irmãs Batista encontra eco nas histórias. Também eram pessoas que estiveram ns alturas da glória e do sucesso, com vidas de luxo e terminaram suas numa situação muito triste.
Wipsley, realmente faz pensar em coisas que em geral, não se diz. Interessantíssimo!
ResponderExcluirO telefilme você consegue achar fácil. Impressiona a reconstituição.