O mais terrível espetáculo da Terra

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Com lindas garotas em trajes mínimos, um médico louco, números arriscados circenses e violência acima da média pra época, não tinha como Circo dos Horrores (Circus of Horrors, 1960 de Sidney Hayers) dar errado. Não esqueceram nem te incluir um homem numa fantasia de gorila!

A trama é sobre um cirurgião plástico ambicioso e de métodos duvidosos que, ao errar numa paciente, foge da Inglaterra (o filme é britânico!) rumo à França. Adquire por vias tortas um circo que ele julga ser o disfarce ideal para viajar pela Europa desenvolvendo suas técnicas.

Para formar a trupe ele contata meliantes miseráveis que tenham deformidades no rosto. Coisa (segundo o roteiro) comum em países que enfrentaram a Segunda Grande Guerra duas décadas antes.

Arruma a cara de todo mundo sem esquecer de fotografar o antes. Caso o sujeito resolva fugir ou denunciá-lo à polícia ele tem como chantagear.

Com o passar do tempo seus planos mudam. Ele tem um exercito de beldades com rostos impecáveis que ao se fartarem da vida mambembe podem sofrer “acidentes” de trabalho em pleno picadeiro.

É quase a história de um assassino em série debaixo da lona de circo. Assombrosamente ousado em termos de violência e de adorável brilho kitsh na encenação.

Assisti outro dia graças á indicação do Refer por e-mail e já é um dos meus favoritos. O Refer presta atenção ao cinema por causa da música e eu à música por causa do cinema...

Circo dos Horrores emplacou um hit nas paradas musicais do mundo todo: Look for a star na voz Gary Mills. Incontáveis regravações foram feitas, inclusive por Gary Miles, cujo nome parecido gerou certa confusão sobre qual era a que se ouvia no filme!

A música toca o tempo todo nas sequencias da trapezista, ex-prostituta. Ouça no player abaixo ou clicando aqui.



No Brasil entre os que gravaram está Roberto Carlos que a adaptou em 1961 para “Olhando estrelas”. A música pertence a seu disco de estreia Louco por Você, aquele que RC nunca mais permitiu que fosse reeditado.

Ronnie Cord (aquele que virava na Rua Augusta a 120/h) e Tony Campello regravaram na mesma época mas mantendo a letra em inglês (confira cada qual clicando em seus nomes). E a música virou um hino de casaizinhos apaixonados e não veio de nenhuma comédia romântica açucarada.

Muito pelo contrário! O crítico David Pirie disse que Circo dos Horrores completa a “trilogia sádica” da produtora Anglo-Amalgamated.

Bastante distintos dos êxitos góticos da Hammer no mesmo período, estes tinham foco em sadismo, crueldade e violência (com conotações sexuais). Horrors of the Black Museum (1959 de Arthur Crabtree) e A Tortura do medo (Peeping Tom, 1960 de Michael Powell).


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4Comentários

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  1. A gravação que mais tocou no rádio em SPaulo foi a da orquestra de Billy Vaughan. Há "mil" versões do imbroglio Garry Mills/ Garry Miles no YouTube e alhures. Ninguém bateu na tecla certa.

    Seguinte: o filme era da inglesa Rank Organization, em co-produção com a MGM, americana. A MGM pegou o tema 'Look For A Star' que Tony Hatch (de 'Downtown', 'Call Me'; na época usava o nome 'Mark Anthony') escreveu para o filme e passou para Buzz Cason, que produziu uma gravação dele para o selo Liberty.

    Na sequência, a Rank rejeitou a gravação porque ela não poderia ser editada na Inglaterra no braço fonográfico da empresa, a Top Rank, porque não existia acordo contratual entre as 2 gravadoras (Top Rank e Liberty; a Liberty era editada pela EMI, na Inglaterra.)

    Então, a Top Rank correu produzir sua 'Look For A Star', com Garry Mills, para ser usada no filme e editada em disco. Nos EUA, a Liberty e Buzz Cason acharam que deviam "compensar" a frustração e o prejuízo e lançaram o single com o 'nom du disk' Garry Miles, aproveitando a publicidade feita para o filme, inclusive. Deu certo, fez mais sucesso que a versão de Garry Mills, que está na trilha do filme.

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  2. Refer, e pelo que vi, os dois lançaram compacto com imagens do filme na capa.

    Pessoalmente acho a do Garry Miles um pouco mais rápida.

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  3. Garry Miles / Buzz Cason ainda está na área. Fez parte dos Crickets pós Buddy Holly, compôs hits, produziu bastante, se deu bem. Já o inglês, Garry Mills, desapareceu

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  4. Refer, mas está sendo lembrado aqui, tanto tempo depois, só por este hit.

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