Acreditando que talento é nato, aflitivo imaginar a dura vida para ascender num meio como o cinema comercial de pessoas de outras origens étnicas. Não se trata apenas de racismo.
Plateia média necessita de identificação com o que assiste e filmes são produzidos para um número maior possível de público. O que explica com o passar do tempo os elencos multiétnicos, principalmente orientais, coincidindo com a consolidação do sistema de distribuição dos americanos.
Anna May Wong começou a trabalhar em 1919, cinema mudo! Décadas antes do detetive Charlie Chan ou do vilão Fu Manchu serem conhecidos da galerinha que frequentava matinés.
Como os papeis realmente eram escassos, ela foi para a Europa. Estamos falando de um período efervescente no cinema do velho mundo, antes de Hollywood se importar como a fábrica de sonhos oficial do mundo.
É notável que seus filmes mais interessantes são deste período. Entre eles o ousadíssimo britânico Piccadilly (1929) onde interpreta uma sensual lavadora de pratos alçada ao posto de bailarina número um da casa de shows.
Pode não ser uma santa caucasiana, mas está longe de ser a vilã da fita. Mesmo que o exotismo de seu rosto possa ser usado como desculpa para a sexualidade desmedida.
Jamais conseguiu um papel como este trágico tipo de Gilda do oriente em sua terra natal. Nem tão pouco é facilmente lembrada como as grandes estrelas da tela grande.
Sua fase mais ativa nos EUA foi justamente na TV. Década de 50, primeiros passos do veículo, então desprezado como menor diante do cinema.
Faleceu no ano seguinte aos 56 anos de ataque cardíaco. Guarda o duvidoso título de uma das poucas protagonistas que jamais beijaram os seus pares românticos do cinema.
Esquisito mesmo é que exatamente meio século após sua morte, podemos identificar pouquíssimas atrizes de origem asiática pertencente ao primeiro escalão de Hollywood. Lucy Liu e olhe lá!
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que linda!
ResponderExcluirDiogo, linda mesmo!
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