O episódio do TV Pirata (em fase mensal) se chamava O Último E Derradeiro Capítulo e foi o último do programa mesmo. Nele a atriz Debora Bloch herda do tio moribundo uma novela de época, gênero então igualmente moribundo.
A atriz aceita e se muda pra fictícia Barro Seco, a cidade cenográfica. Assumindo o personagem Sela Miranda, troca o enredo escravagista pelo rural, porque se a onda sertaneja “deu certo pro Gugu e pra Lúcia Veríssimo”, porque não daria pra ela?
E assim eles brincam com todos os clichés imagináveis da teledramaturgia brasileira, como nudez para levantar audiência, merchandisings fora de contexto e sotaques baianos. E claro, ataques da concorrência como os do grupo liderado pelo bispo Pastor de Andrade e da apresentadora Lebre Camargo, a coelhinha do mês, que não se sabe de qual ano.
Na realidade a Globo sofria bons aranhões de audiência e estilo da TV Manchete que buscava uma linguagem própria para suas produções. O SBT tirava-lhe ibope com novelas mexicanas de qualidade infinitamente inferior e tramas simplistas como Simplesmente Maria e Carrossel.
Tudo isso agora não existe mais como Sela Miranda sonhou um dia para seu universo capitular. Qualquer outra emissora está longe de ameaçar as novelas da Globo que reinam absolutas no horário nobre.
Destaco a sentença de que “Para cada novela das 8 que cair, duas das 7 se erguerão e retomarão a bandeira da repetição.”. Cada novela mais ousada que fracassa lembro-me disso, e sei que virão muitas outras reprisando coisinhas que já funcionaram.
O novo tempo a que ela se refere é agora e só não temos todo mundo com a cara da Malu Mader. Assista ao vídeo no player acima ou clicando aqui.
[Ouvindo: Countess Dracula - Harry Robinson]
As novelas mexicanas se foram, mas A Praça é Nossa continua aí, firme e forte.
ResponderExcluirFico me perguntando se o TV Pirata teria o mesmo impacto se voltasse hoje. Acho que não. Só eu e meia dúzia veríamos...
Letícia, nem pensar! Humor pra dar certo agora tem que ser achincalhando os outros.
ResponderExcluirRindo de pobre, fazendo discurso demagógico, etc. Agora nunca entenderíamos crítica ao sistema em si.
E outra, vivemos um tempo de suscetibilidades feridas. O ser humano, entidade mais ridícula que há, sacralizou-se. Não pode mais falar mal, debochar genericamente. Para além do respeito humano, temos a estupidez da intocabilidade.
ResponderExcluirLetícia, e se confunde mais do que nunca (exatamente por isso) irônica com estupidez.
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