Para a grande plateia, não importa em absoluto o conteúdo da produção e sim seu desfecho. Pode ser uma obviedade ridiculamente constrangedora por 90 minutos, contanto que seu final seja edificante, mocinha fique com mocinho, uma última piadinha e fim.
Filmes com finais abertos, tristes, que necessitem de ínfimo raciocínio são fadados ao fracasso ou no máximo a não receberem a merecida atenção. Não importa se a trama é baseada num caso policial verídico, que todos sabem que nunca foi solucionado...
Lembro-me de casos como o de Hollywoodland - Bastidores da Fama (Hollywoodland , 2006 de Allen Coulter) , pichado como péssimo quando na verdade é apenas simples. Execrável, não só no cinema, mas na vida, é a obviedade, a previsibilidade.
O mais recente de Klotzel é recomendado pelo esmero da trilha sonora, direção de arte, fotografia e um raro e humor negro. Só por fugir da enfadonha estética daquelas comediazinhas da Globo Filmes (as Globochanchadas conforme cunhou Guilherme de Almeida Prado) já é um alento.
Esperava muito pouco por não assistir nada do diretor desde 1996, numa malfadada sessão de Capitalismo Selvagem (1993) com a presença dele no saudoso Cine Vitrine de São Paulo. A vergonha alheia da tela se estendeu quando a plateia começou a fazer-lhe perguntas (ataques?) indignadas pela qualidade do que foi exibido.
Reflexões de Um Liquidificador está anos luz de Capitalismo Selvagem. Até por centrar toda sua força na atriz Ana Lúcia Torres, não mais do que FABULOSA como a dona de casa suburbana que mantém um tête à tête com o eletrodoméstico do título.
Derrapa na filosofia de botequim que o liquidificar narra o tempo inteiro com a voz do onipresente Selton Mello . Se levarmos em conta que sua função na vida era justamente fazer batidas num boteco, isso nem é tão grave assim.
E o final, claro! Nem tentaram solucionar o rocambole passional do roteiro. Aparecem os créditos e ficamos naquelas de “Ué! Acabou?”.
Deviam ter prestado atenção ao que respondeu a anti-heroína quando o aparelho celebra a facilidade de moer vísceras: “Moleza, claro! Coração, intestino... Quero ver é OSSO!".
[Ouvindo: La Amorosa - Atahualpa Yupanqui]
Quase assisti esse filme no sábado... depois do seu post, fiquei mais curioso. Ana Lucia é daquelas boas atrizes que nunca foi estrela de novela e por isso, o grande público mal sabe o nome.
ResponderExcluirGlauco, tá ótima, veja! O filme é quase um, terror.
ResponderExcluirEla é como a saudosa Miran Pires, volta e meia relegada pela Globo, mesmo brilhando em qualquer ponta que receba. Viu o post sobre ela?
Ah, Miguel, boa lembrança a de Miriam! Aliás, só lembro da Ana Lucia como protagonista em TV no seriado O Santo da Casa da Band.
ResponderExcluirGlauco, só vc pra lembrar de Santo da Casa...
ResponderExcluirHahahaha! Não sei se era bom ou ruim, mas lembro que assistia...
ResponderExcluirGlauco, volta e meia a Band encana com sitcoms nacionais. Tem um no ar atualmente, vc notou?
ResponderExcluirTem Selton Mello? Mesmo so a voz to fora...nao consigo.Tenho ojeriza
ResponderExcluirDavi, mas a voz tá boa. E perto do trabalho da atriz não é nada.
ResponderExcluirNotei sim, Miguel, é baseado numa peça de teatro que fez bastante sucesso aqui no Rio. Mas não assisti ainda, não tenho mais aquela disposição pra TV.
ResponderExcluirVi o filme há uns 4 meses, e adorei. Me assustei com a falta de informações e do rumo da história,que, se fosse norte-americana, com certeza seria premiada ou alçada a modinha.
ResponderExcluirA protagonista (li os comentários mas já esqueci o nome; internet no interior de MG é aquela a manivela, sabe?...), atriz que sempre foi notável pra mim desde a novela "A Indomada", mostrou-se digna de ser lembrada como veterana das antigas. Aquela que com uma risada de seu personagem já a caracterizamos.
Assisti o filme quando ainda morava em SP (fiquei doido pra assistir só de ter assistido o trailer). Tinha pouquíssimas salas, e lembro que contando comigo o número de pessoas assistindo ao filme não chegava a 20. Mas achei o máximo. Bem sacado, uma história bem contada, que não subestima o espectador, pelo contrário - e sem estética novelesca ou final feliz com casamentos.
ResponderExcluirSem contar algumas cenas hilárias. Ela na praia com o liquidificador na mão, tentando se esconder...
Só que é aquela coisa: não apelou pro popularzão, não tem Xuxa, não tem cantor famoso fazendo participação especial, não tem atriz da novela das oito... O público ignora. Dureza.
Glauco, credo! Nem eu tenho. Vi as chamadas e depois li no jornal que eles vão precisar de um milagre!
ResponderExcluirDaniel, achei estranho uma porcaria qualquer fazer 1 milhão de espectadores e um filme como este passar batido.
Lembro bem dela como a mulher do Otávio Augusto acho que em Tieta. Que tinha mania de limpeza e bactérias.
LH, comigo foi mais ou menos assim. Havia lido no jornal a luta desse filme pra achar sala de exibição. Depois me deparei com ele em DVD.
Bizarro que os Globo Filmes estreiam em 200/ 300 salas, têm aquela divulgação FREE que nós sabemos e disputam verbas estatais do mesmo jeito que qualquer outro produtor...
Nem sei direito do que se trata, mas quero assistir esse filme!
ResponderExcluirIgres, comédia de humor negro sobre uma dona de casa e um liquidificador. Hehehe! Veja!
ResponderExcluirAssisti este filme em uma sessão comentada com o diretor em uma mostra. O triste é que ele mesmo comentou na ocasião como ia ser difícil achar um espaço pro filme nas salas de exibição. Grande filme, Ana Lúcia Torre está divina. Realmente uma pena que grandes filmes nacionais passem despercebidos assim.
ResponderExcluirLeo, UAU! Após a desastrada exibição que participei, ele continua fazendo outras aparições.
ResponderExcluirO filme é todo corretinho. Merece ser visto, pelo menos agora em DVD!
Ainda não pude assistir "Reflexões de Um Liquidificador", mas é bem delicado a situação dos filmes brasileiros que não carregam a marca Globo Filmes. O próprio André Klotzel teve de rebolar para exibí-lo em São Paulo, abrindo sessões com preços populares. Pior foi o caso do Guilherme de Almeida Prado que você menciona em seu post, que jogou seu "Onde Andará Dulce Veiga?" para download após descobrir que ele não seria lançado em DVD após o fracasso de público.
ResponderExcluirAlex, Guilherme de Almeida Prado é um fofo que eu adoro! Um grande diretor, mas que infelizmente não estava em seu melhor momento com "Onde Andará Dulce Veiga?". Fiz um post a respeito faz um tempinho.
ResponderExcluirEle disponibilizou para download até A Dama do Cine Shangai, um de seus melhores trabalhos.
Miguel, baixei "Onde Andará Dulce Veiga?" assim que o Guilherme postou os links no Orkut dele (acabo de pesquisar seu post do filme e vi que também soube da novidade). Não assisti, na ocasião que botei no DVD não leu e eu acabei me esquecendo do filme. Fiquei interessado na filmografia dele através de uma extensa entrevista que ele concebeu na época do lançamento de "Dulce Veiga". Eu assistirei "A Dama do Cine Shangai" em breve.
ResponderExcluirMiguel, deixe-me aproveitar enquanto me lembro: você conseguiu assistir alguma coisa do jornalista Alfredo Sternheim?
Alex, uma coisa que já pensei, mas que é bem pessoal: Quanto mais gosto de cinema, e conheço filmes, mais gosto de Guilherme de Almeida Prado. Aquela pessoa que nunca conheci pessoalmente mas que fala a mesma língua.
ResponderExcluirDo Sternheim acho que só vi Corpo Devasso.
Vi alguns filmes de Alfredo Sternheim, mas só consigo me lembrar de O Anjo Azul com Vera Fischer, que tem a mesma história de O Anjo Azul, com M.Dietrich.
ResponderExcluirSinal que não gostei de nenhum, mesmo esse O Anjo Azul não é grande coisa. Se não me engano, foi o 1º papel dramático de Vera Fischer.
Ahnn, O Anjo LOIRO, com Vera Fischer, que tem a mesma história de O Anjo Azul etc etc
ResponderExcluirRefer, ou, como no meu caso, não se atinou pelo nome do "autor".
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