Vivo bradando por aí que curto todo tipo de filme, independente de gênero, mas não é verdade, viu? Romances geralmente me dão preguiça, tenho resistência à obviedade.
Talvez porque sejam voltados ao público feminino e escritos por homens, não raro a inteligência da plateia é subestimada. Como tudo na vida, há exceções!
Horror a listas de melhores ou piores, portanto, seguem os 12 filmes que primeiro me vêm positivamente à mente ao pensar sobre o tema.
O Jardim de Allah (The Garden of Allah, 1936 de Richard Boleslawski)
Em berrante tecnicolor, a rica Marlene Dietrich ferve por Charles Boyer, desconhecendo que ele é fugitivo de um mosteiro. Um dos charmes é exatamente a trama tão démodé passada no deserto do Saara.
A Carta (The Letter, 1940 de William Wyler)
Bette Davis é a respeitável e casada dona de casa que mata o amante e mesmo assim continua LOUCA por ele. Tão louca que sua fidelidade ao morto não lhe permite aceitar o perdão do marido traído.
Acordes do Coração (Humoresque, 1946 de Jean Negulesco)
Milionária quarentona cansada de afogar as mágoas em taças de Martine mira em aspirante a músico. John Garfield parece ser areia insuficiente para o caminhãozinho de Joan Crawford, mas como julgar os desígnios do coração?
Tudo o Que o Céu Permite (All That Heaven Allows, 1955 de Douglas Sirk)
Viúva quarentona, mãe de dois filhos e com certa visibilidade social, engata romance com o jardineiro pobre e muito mais jovem. Claro que não será fácil levar a relação adiante, ainda mais num dramalhão desse diretor.
Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956 de Joshua Logan)
Vaqueiro ingênuo insiste em ficar com bailarina que só quer chegar a Las Vegas. As investidas de Don Murray pra cima da brilhante (como nunca!) Marilyn Monroe são tão desagradáveis que dão um bode dele... Espantoso como no final ainda se torce pela união do casal.
Tarde Demais Para Esquecer (An Affair to Remember, 1957 de Leo McCarey)
Filme leve e agradável, mas surpreendente. Só compreendi o quão Cary Grant era um espetacular ator (além do mito) assistindo a esse filme. Principalmente na cena final, diante da amarga realidade.
Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958 de Alfred Hitchcock)
De estraçalhar o coração a cena em que James Stweart, o detetive aposentado, abraça Kim Novak e diz “Madeleine, eu te amei tanto...”. O verbo amar no passado, aniquilando as possibilidades de qualquer romance.
Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961 de Blake Edwards)
Em mãos mais pesadas, a história dos três perdidos (gato, Audrey Hepburn e George Peppard) descambaria numa espécie de Plínio Marcos a go-gô. Mas transborda tanto charme das telas que se aquilo ali não é o romance que todos julgamos serem merecedores, não sei o que é.
A Lei do Desejo (La Ley Del Deso, 1987 de Pedro Almodóvar)
Aprendiz de psicopata (Antonio Banderas) entra na vida de famoso diretor espanhol (Eusebio Poncela) e não quer sair mais. Nem que tenha que apagar literalmente qualquer possível outro amante. Como é um Almodóvar, tem até uma espécie de La Pietá gay em chamas ao som de Bola de Nieve...
Feitiço da Lua (Moonstruck, 1987 de Norman Jewison)
Cher é a quarentona viúva que cai nos encantos do cunhado nas vésperas de casar. Como se passa numa comunidade italiana, muito berro, beijo e gritaria sob a luz de uma gigantesca lua. Filme Lexotan!
A Razão do Meu Afeto (The Object of My Affection, 1998 de Nicholas Hytner)
Geralmente eu fugiria de uma comediazinha romântica estrelada por Jennifer Aniston como o diabo da cruz. Garota se apaixona por colega gay com quem divide apartamento. Como imaginar que desfecho os roteiristas do gênero, acostumados ao piloto automático, deram a isso?
Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004 de Michel Gondry)
Os sacrifícios para se esquecer da pessoa amada, num filme confuso tal e qual a mente de pessoas apaixonadas.
Evitei produções muito novas ou que eu tenha assistido recentemente. Mais frescos na cabeça, e portanto, levariam vantagens sobre os outros, que realmente me tocaram em algum ponto.
E deve estar faltando um monte de películas queridas que só recordarei quando o post já estiver no ar. É sempre assim...