Mas não é qualquer CD! A gravadora Biscoito Fino está colocando no mercado Carmen Hoje, coletânea da nossa Carmen Miranda.
Polêmico trabalho já que as 12 faixas foram “abertas” para retirar apenas a voz dela. Todo o acompanhamento foi refeito em gravações acústicas.
Poderia ser heresia se as canções não estivessem caquéticas, não por razões artísticas, mas por limitações da época em que foram gravadas. Estão muito longe de representar a força da cantora/atriz.
Mesmo com as restaurações que passaram, em algumas mal dá pra entender o que ela diz. Sem falar na percussão que a acompanha, de resultado murcho.
Quando comprei o primeiro CD dela, na década de 90, foi decepcionante. Anos depois encontrei outros de qualidade superior, mas ainda sofríveis.
Tinindo de novas ajudará a preservar a memória da Pequena Notável além de promovê-la para as novíssimas gerações. Embora eu não seja ingênuo ao ponto de achar que ela disputará espaço numa rádio com a Lady Gaga, infelizmente.
Estou dizendo tudo isso sem ter ouvido o resultado novo, a página da gravadora não tem nem amostras do que vende. Mas dá pra botar fé na produção que é do Ruy Castro.
O que não está nada, nada legal é o preço de R$ 34,90 que a Biscoito Fino está cobrando em loja (virtual!) própria, por fonogramas antigos e de áudio apenas... Isso é o que eu chamo de um brinde ao peer to peer.
UPDATE 17/06/10 16h11 - Leleka, do blog da Biscoito Fino, deixou nos comentários o seguinte link onde é possível escutar uma das faixas: http://blip.fm/profile/biscoito_fino/blip/40857078/Carmem+Miranda%E2%80%93O+samba+e+o+tango
A foto maior é um oferecimento House of Mirth and Movies e a menor Music2MyEars
Veja também:
Um século de Carmen Miranda
[Ouvindo: Bendable Poseable – Hot Chip]
O MP3 alterou a forma como ouvimos música, mas só deixa cair nessa "praticidade" quem quer...
ResponderExcluirEu não abdico do CD (e, já agora, do DVD também).
Abraço.
Sam, do DVD eu tb não. Eles são práticos como são. Já CD de audio dá preguiça pegar um pra ficar ouvindo.
ResponderExcluirCurto ouvir música no randômico. Sem falar do pó que eles acumulam...
O pó é problema rapidamente solucionado! :)))
ResponderExcluirSam, de centenas e centenas? Tenho muitos CDs, primo, e me dá preguiça só de olhar pra eles.
ResponderExcluirEu sou desses chatinhos que não desistem dos cds também. Por mais que use o computador e os ipods da vida pra ouvir, gosto de amontoa-los pelo quarto.
ResponderExcluirE a Carmen, fiquei que nem louco esse fim de semana procurando alguma amostra online dos remixes, lí na folha sobre o cd mas não sei se me arrisco!
O que eu acho chato das coletaneas dela é que nenhuma chegou a reunir todas as fases da carreira dela e fazer uma restrospectiva completa. Fora o fato de que muitas das músicas dos filmes nem tem versão oficial. Eu queria tanto uma versão decente da The Lady With The Tutti Frutti Hat :p
Rao!, trilhas de musicais, fora aqueles hits estrondosos tipo Cantando na Chuva e muitos da MGM, são dificílimos de serem achados.
ResponderExcluirRepare que o site da gravadora não dá nem a capa em tamanho bacana, quanto mais amostras do que vendem. Eu queria usar pra gentilmente promover e nada!
Sabe que eu gosto de CDs, e principalmente de bolachões? São objetos, sempre tropeçamos neles. No MP3, e acho que isso é minha cabeça antiga, você não lembra de ouvir, não sabe tudo o que tem arquivado...
ResponderExcluirQuanto ao som, Miguel, a não ser que ocorra um milagrão tecnológico, sempre haverá essas falhas.
E as coletâneas são meio chatas porque sempre reúnem as músicas de sempre. Eu lembro que uma vez comprei uma fita cassete dele, feita por um cara que gravava músicas fora de circuito. Na verdade, comprei duas de Carmen. Uma maravilha! Tinha até aquela do "Adão, meu querido Adão", que adoro! Está com minha tia. Ela fcou tão fissurada com aquilo que não tive coragem de pegar de volta.
Letícia, entendo isso em relação aos filmes. Gente que fica baixando .avi e acha que os tem...
ResponderExcluirGosto de ter os DVDs bonitinhos na estante. Música não sou de me importar, e como disse, acho mp3 mais prático.
Quanto ao lançamento, claro, falhas podem ocorrer, mas é bacana dar mais vitalidade pra um artista relevante, sempre tão esquecido no Brasil.
Olá!
ResponderExcluirMeninos, no blog da Biscoito Fino colocamos uma faixa para ser ouvida: http://scup.it/2ua
e no Blip.fm colocamos mais uma: http://scup.it/2ub
Acho importante este feedback. Adorei o post - falo por mim e não pela gravadora.
Abraços!
Leleka, obrigadão!!! Estou indo conferir o resultado.
ResponderExcluirAbraços
A RCA já fazia uso de tática semelhante nos anos 60, quando já havia se livrado das matrizes dos anos 30 e só tinha os discos para reeditar. Triste retrato da falta de arquivos da música brasileira: a Casa Edison se desfez de suas matrizes em 1940 (diz Franceschi); a RCA Victor, nos anos 50 e 60. A EMI atual nem tem mais fábrica no Brasil.
ResponderExcluirAgora, o que é ainda mais nojento é as gravadoras não tomarem vergonha na cara e não investirem em recuperação de acervos e digitalização. Agulhas certas, boas máquinas e competência técnica salvam acervos discográficos de toda espécie. Eu mesmo me surpreendo com a excelente qualidade sonora de discos dos anos 20 e 30, sem chiado algum, enquanto sofro com audições de 78 rpm mal transcritos, abafados e na rotação errada depois de remasterizados em CD.
Carmen Miranda com roupagem nova? Não mesmo. Nada supera um Benedito Lacerda original, um Pixinguinha. Nada. Ninguém. Nunca.
Charles, falou a voz da experiência. Tem razão, tem razão...
ResponderExcluirDesculpe-me pelo desabafo, mas fiquei p*** quando ouvi a gravação da Biscoito Fino.
ResponderExcluirA título de comparação, nos EUA disponibiliza-se, por exemplo, a obra completa de Billie Holiday na Columbia (1933-1940) com excelente remasterização, inclusive colocando os takes de gravação. No Brasil, nem há matrizes nem se procuram os colecionadores para se propor um trabalho sério. O resultado é isso: o trabalho de pioneiros como Romeu Silva, Simão Bautman, Pixinguinha e Benedito Lacerda apagado da memória musical brasileira na ficha técnica de um CD estúpido. Estúpidíssimo!
Charles, mas sabe o que faz isso? Vivemos num país miserável culturalmente!
ResponderExcluirFalo por cinema, mas se aplica a música. As majors nunca irão investir aqui! Num país que não consome absolutamente nada além do lixo atual que lhe impingem, ou se consomem, se sentem felizes e orgulhosos por consumirem algo que não pagaram ou que pagaram pouco no camelô...
Vejo discos e discos de DVDs clássicos encalhados, boxes de séries descontinuadas. Todo mundo diz que gosta, mas na hora de fazer sua parte adquirindo para incentivar a indústria, deixa-se para terceiros.
Até bem pouco tempo eram os executivos de grandes gravadoras que ditavam o que todos iam ouvir. Foi assim com o rock brasileiro, com a lambada, com o sertanejo, com Mamonas Assassinas. O público é dócil, é manipulável. Poder-se-ia apostar em divulgação desse passado musical, antes da Internet.
ResponderExcluirDepois da Internet, a única bala na agulha são os blogs ou a iniciativa da mídia de grande massa: caso da minissérie Dalva, que ENTUPIU o Chiadofone de tal forma que fiquei com minha conta do Divshare suspensa por 30 dias devido aos milhares de acessos. Infelizmente, a Globo mesmo não lançou CD com os originais da briga entre a Dalva e o Herivelto. Mas há demanda sim por esse repertório. O que não há é oferta.
Charles, entre aqui: migre.me e veja quais são os assuntos mais tuitados e repassados.
ResponderExcluirVê se dá pra vender caviar a gente assim, acostumada a angu! Eu morro de vergonha só de olhar!
O povo lotou o teu blog pra baixar de GRAÇA, porque assistem Globo e são pessoas experrrrtas! Me refiro a interesse comercial dos grandes em investirem em algo que gere retorno, não que façam qualquer coisa por boa vontade.
A questão do gosto popular é complicada demais e seria um erro usar esse critério sobre a música brasileira de épocas passadas. Basta lembrar que a própria Carmen Miranda era tida como cantora ruim e má sambista (coisa que de fato ela é mesmo, se comparada a uma Aracy de Almeida ou a uma Marília Batista) quando ainda era viva.
ResponderExcluirMas quando se juntam o distanciamento temporal e a indiferença dos executivos musicais em preservar a memória musical brasileira, aí tudo f**e mesmo. É nesse pé que a coisa está.
Qual a saída? Enquanto Mônica Salmaso regravou Gastão Formenti e ninguém ouviu falar, pelo menos Ivete Sangalo (ou Claudia Leitte, nunca sei bem a diferença entre cantoras de axé) regravou "Não tenho lágrimas", que Patrício Teixeira gravou originalmente em 1938. Bom sinal.
Charles, executivos musicais vão pela maioria, pelo que trará retorno. E infelizmente a maioria é zumbi.
ResponderExcluirO que poderia haver era o interesse por incentivos fiscais. Como a Petrobras fez com alguns filmes nacionais.
Mas aí entramos naquele outro dilema: preços exorbitantes! Mesmo com dinheiro público na restauração, custam os tufos!
Nunca sou fã a ponto de comprar discos de Carmen Miranda, mas se o fosse não daria um tostão por esse disco da Biscoito Fino. Qual o sentido de editar uma obra tão deturpada, que coloca a cantora com acompanhamento novo? A que público pode interessar? Sei lá, deve haver uma Petrobras qq bancando...
ResponderExcluirNão há lógica nenhuma no público consumidor nem de palha de aço quanto mais de música. Tive loja de discos por 18 anos e posso garantir que reedição não vende. O público "quer" porque não existe mais — mas assim que é reeditado, o interesse desaparece.
ahn,
ResponderExcluir"Nunca FUI fã a ponto etc.'
Refer, olhai outra voz da experiência!
ResponderExcluirEu queria para poder ouvir sem a sensação de que estou escutando um disco de quadrilha junina. Mas enfim...
Aqui eu saboreio um pouco isso do gosto alheio. Raramente acerto!
Tem posts que gosto tanto e não gera nada...