”Tudo o que você queria saber sobre sexo <br> mas tinha medo de perguntar”

Junto com toda a revolução sexual 60’s vieram as dúvidas sobre a coisa em si. E com as dúvidas, centenas de doutores lançando livros de auto-ajuda, ou manuais do sexo. Provavelmente o mais famoso seja ”Tudo o que você queria saber sobre sexo - mas tinha medo de perguntar” do Doutor David Reuben. Lançado em 1969, ficou tão famoso que alguns anos depois inspirou uma comédia do Woody Allen com o mesmo título e uma edição brasileira pelo Círculo do Livro. Lido nos dias atuais fica-se entre a revolta e indignação, mas às gargalhadas tamanha estupidez contida ali! E de pensar que ele fez fama e fortuna à custa de tanta burrice travestida de educação sexual. Reproduzo a seguir algumas perguntas e repostas das mais bizarras e idiotas. Há muitas outras, mas OCR é doce, mas não é mole, né? As ilustrações ficaram por minha conta. Lógico!

É verdade que o clitóris não passa de um pênis em miniatura?
Muitos peritos acham que o clitóris nada mais é do que um pênis que não cresceu. Descrevem todos os órgãos genitais femininos como órgãos masculinos que não amadureceram. É claro que todos os sábios que assim pensam são homens. As mulheres peritas no assunto raciocinam de outro modo. Segundo elas, o pênis nada mais é do que um clitóris superdesenvolvido. Consideram o órgão masculino como uma versão primitiva do aparelho sexual feminino, mais "refinado".

Os homossexuais já nasceram assim?
Muitos homossexuais gostam de pensar isso. Preferem considerar o seu problema como um pé torto ou uma marca de nascimento; algo com que têm de se haver a vida inteira.

Essa explicação é um tanto trágica. Implica que os homossexuais estão condenados sem apelação a viverem uma vida de que alguns deles dizem gostar tanto. Na verdade, para os que desejam mudar, existe uma oportunidade.

Como?
Se o homossexual que deseja renunciar à homossexualidade encontra um psiquiatra que sabe curá-lo, tem toda a probabilidade de se tornar um homem normal, ajustado e feliz.


Todos os homossexuais são pervertidos?
Infelizmente, eles são assim mesmo. Um dos principais aspectos da homossexualidade é a promiscuidade. Desafia a razão. Os homossexuais vivem procurando o impossível: resolver o problema com apenas metade das peças. Dizem eles que procuram a satisfação sexual e o amor, porém desde o início eliminam a mais evidente fonte de amor e satisfação: a mulher. A única outra forma possível de atividade sexual deve girar em torno do seu próprio pênis (ou do pênis de um outro homem). Pênis ou vagina, isso é tudo. Não há outra opção.

Como uma moça se torna prostituta?


Felizmente as terríveis histórias da escravidão branca só existem nos filmes de classe B. "Indefesas virgens obrigadas a se submeterem contra a sua vontade a essa degradação" fazem sucesso nas matinées de sábado, mas a prostituição na vida real é uma história muito diferente.

Na maioria, as moças se fazem prostitutas porque gostam. Em geral, a transição de uma moça "direita" para uma perfeita "prostituta" se faz gradualmente. Começa com a entrada na promiscuidade, talvez um ou dois divórcios, depois um emprego num clube noturno como garçonete ou moça do bar. O amor livre praticado com os fregueses em troca de presentes mais a associação com prostitutas profissionais que rondam os clubes corrompem a moça e a jogam na vida. Sally conta como começou:

-- Em primeiro lugar, não pense que estou me desculpando. Sei o que estou fazendo e gosto. Poderia deixar no momento em que eu quisesse. Perdi-me quando tinha catorze anos. Na suja cidadezinha em que me criei, nada mais havia para fazer. Quando tinha dezessete anos, já me havia deitado com todos os rapazes do lugar. Eu não era uma prostituta, isto é, deixava que me levassem para jantar e tudo o mais, porém apenas por prazer. Casei-me quando tinha dezoito anos e nos mudamos para uma cidade. Homem, que pulo eu dei, que mudança! Depois de seis meses, deixei o marido e arranjei um emprego num bar. Não havia muito o que fazer e então continuei a dar minhas escapulidas. Havia algumas prostitutas trabalhando no bar e fiz amizade com elas. Um dia disseram: "Por Deus, por que está jogando isso fora? Você quer nos arruinar?" Naquela noite, depois de fecharmos a casa, saímos para tomar uns drinques juntas e elas arranjaram as coisas para mim. Experimentei algumas vezes com rapazes que elas me mandaram, e não achei tão mau assim. Quero dizer, eu era paga para fazer o que antes fazia de graça. Os caras tinham o que queriam e, assim, todo mundo ficava feliz.

Infelizmente, Sally esqueceu-se de um pormenor: na prostituição, ninguém é feliz.

Retirado de ”Tudo o que você queria saber sobre sexo - mas tinha medo de perguntar" Everything You Always Wanted to Know About Sex (But Were Afraid to Ask)
Dr. David Reuben -
1ª edição - páginas 33, 149, 150 e 223

[Ouvindo: Ballata Messicana – Armando Sciascia]