Avesso da cena: de médico a monstro diante dos nossos olhos

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Efeitos ópticos que ainda impressionam aqui em 2019: a transformação em monstro como em O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1931 de Rouben Mamoulian). O rosto do ator se transmuta diante dos nossos olhos sem corte algum para adicionar maquiagem.

O efeito difere, por exemplo, daquelas maquiagens de lobisomem do cinema clássico, onde a imagem dava “soquinhos” até completar a transformação (era adicionada quadro a quadro, em stop motion). Aqui é contínuo, sem nada de edição.
Bastante utilizado em histórias de terror ao longo das décadas, o efeito teria sido visto pela primeira vez na versão de Ben-Hur produzida em 1925. Para mostrar o milagre de Cristo na pele das "leprosas".
Mas não há milagre! Pura ciência e técnica muito bem aplicada junto a maquiagem, conforme muito bem demonstrou o canal RocketJumpFilm School.

O ator tem partes do rosto maquiadas com tons avermelhados como se fosse a máscara do monstro.  Colorizei o frame abaixo, apenas para termos uma noção do que deve ter sido nos bastidores em 1931.
Na hora de filmar ele normal usavam uma luz vermelha que se misturava ao tom da maquiagem, a disfarçando.
Quando ele vai se transformar, a iluminação era trocada de vermelha para azul (a cor contrastante) o que fazia revelar a maquiagem avermelhada que dava os contornos monstruosos ao rosto do ator. Isso, claro, só funciona em filmes preto e branco, ou perceberíamos o truque da diferença da cor da luz.
E estava feito a "mágica"! Maquiagem, troca de filtros de iluminação e a interpretação do ator (Fredric March  levou o Oscar de melhor ator daquele ano). 

O diretor Rouben Mamoulian guardava o segredo quando era perguntado, embora a técnica fosse empregada em vários outros filmes, sendo bastante lembrada nos do italiano Mario Bava. Apenas no final da década de 60 Mamoulian revelou em entrevista como fez a cena mais famosa de seu O Médico e O Monstro.

Existe um gif ou vídeo que percorre as redes sociais há algum tempo onde uma velhinha vira bruxa. Geração acostumada a computação gráfica fica assustada com a perfeição numa época tão remota do cinema.
A cena pertence à comédia Sh! The Octopus (1937 de William C. McGann) filme que por muito tempos e considerou perdido. Perceba que após 12 anos de Ben-Hur e 06 de O Médico e O Monstro a técnica está aperfeiçoada e até os olhos e dentes da atriz mudam.

E um dos fascínios dos velhos truques ópticos ou mecânicos dos primórdios do cinema sob a CG é exatamente este. Quando funcionavam são insuperáveis em sua magia.

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