Filmes em cartaz no Brasil em 1980!

Tem um momento de Amor, Palavra Prostituta (1982 de Carlos Reichenbach) que um dos protagonistas sai pelo centrão de São Paulo gastando o dinheiro que roubou de um enforcado. Acabamos vendo o que estava em cartaz nos cinemas da capital.

O filme do Carlão é de 1982, mas pelas produções sendo exibidas no momento, as filmagens aconteceram em 1980. Tanto Superman II: A Aventura Continua (Superman II de Richard Lester e Richard Donner) quanto O Iluminado (The Shining, de Stanley Kubrick) ainda iriam estrear no mesmo dia 25 de dezembro.

Perceba que o nome de Gene Hackman sobrepõe-se ao do protagonista Christopher Reeve. Mesmo sendo a segunda aventura do herói, após toda aquela febre da produção de 1978, a Warner destacava o vilão.

Já O Iluminado trazia o nome do diretor Kubrick acima do título do filme, honraria para poucos. E abaixo os que estavam sendo exibidos mesmo: Sexta-Feira 13 (Friday the 13th de Sean S. Cunningham) e Tom Horn, O Cowboy (Tom Horn de William Wiard), tardio faroeste com Steve McQueen.

No IMDB consta que este primeiro Sexta-Feira 13 estreou no Brasil em 1º de dezembro de 1980. Como a data de estreia de Superman II e O Iluminado que está no site bate com o que aparece no filme, dá pra apontar que Amor, Palavra Prostitua teve essas sequencias rodadas em dezembro de 1980.

Caminhando um pouco, em outro cinema estava em cartaz Giselle o polêmico e arrebatador filme brasileiro dirigido por Victor di Mello. Mais de 2 milhões de espectadores, conta-se, abririam as portas a um filmografia cada vez mais picante.

Em outro cinema estava finalmente em cartaz A História de 'O (Histoire d'O de Just Jaeckin). Espécie de avô do Não Sei Quantos Tons de Cinza, e uma das muitas versões do romance de Dominique Aury, alcançava o status de “obra-prima” no desbunde sensual dos anos 70.

Estrelado por Udo Kier, essa versão foi lançada na verdade em 1975, a toque de caixa após o diretor Jaeckin ter dado ao mundo Emmanuelle no ano anterior. Levou cinco anos para estrear no Brasil, naqueles tempos cinzentos em que senhores estranhos decidiam o que podíamos ou não assistir.

E ainda não acabou! Podemos ver que Roller Boogie de 1979 também estava em cartaz nestas terras tropicais, embora, acho que nem a Linda Blair se lembre dele.

Roller Boogie é uma daquelas produções da época que seguindo os moldes dos Embalos de Sábado á Noite (Saturday Night Fever, 1977 de John Badham) tentavam ressuscitar os musicais no ritmo disco/pop. E como tantos outros, foi um fiasco de bilheteria!

Bom, tudo isso e apenas o que aparece no filme do Reichenbach. Em 1980 tinha filme de Super-herói, cowboy, terror, erotismo, musical, nacional, norte-americano, europeu, tinha filme para todos os públicos!

Enquanto aqui, quase 40 anos depois, um único filme de super-heróis norte-americanos ocupa 80% das salas de todo o país. Não tem como não achar muito estranho estarmos vivendo essa versão de "Invasion of the Body Snatchers" da vida real...