Morre Elke Maravilha, a maravilhosa Elke

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Lilian Pacce
Elke Maravilha faleceu no Rio de Janeiro nesta madrugada. Aos 71 anos de idade ela não resistiu a complicações operatórias.

Modelo no inicio dos anos 70 - ValMCJacob
Nascida na Rússia em 1945 veio ainda pequena ao Brasil morar na zona rural de Minas Gerais. Sem abandonar suas raízes familiares, se identificava com o Brasil e suas multifaces, bem mais do que muitos brasileiros.

Com uma carreira multimídia anterior à invenção do termo, pode significar uma função diferente dependendo da geração que a conheça. Modelo, atriz, cantora, jurada de calouros, foram muitas Maravilhas.

Ficou conhecida como uma bela modelo da renomada Zuzu Angel. Envolvida aos laços afetivos com a estilista e o país, chegou a ser detida por quase uma semana durante a ditadura militar ao rasgar um cartaz onde o filho da estilista aparecia como “procurado”.

A popularidade mesmo viria ao ser jurada fixa nos programas do Chacrinha a partir da década de 70. Após o falecimento do apresentador em 1988 ( que chamava de Painho) frequentou a bancada de vários outros programas de TV, como Show de Calouros de Silvio Santos.

Nua na revista Status em 1975
Maquina de bordões, aparecia a cada semana com um figurino espalhafatoso diferente, sempre pronta a demonstrar amor a todos. Eram um deleite aos olhos até das crianças.

No inicio de cada programa marcava o rosto do "Painho" com um grande beijo de batom. Gays, negros, mulheres, idosos, absolutamente todos se sentiam abençoados com maravilhas.

Como atriz trabalhou em filmes famosos de diretores consagrados, se destacando como as vilãs em Xica da Silva (1976 de Cacá Diegues) e Pixote, A Lei do Mais Fraco (1981 de Hector Babenco). Invariavelmente fazia personagens opostos à personalidade fofa que todos amavam.

 Ainda teve seu próprio filme em 1978: Elke Maravilha Contra o Homem Atômico. Dirigido por , Gilvan Pereira, era uma produção extremamente popular, como não poderia deixar de ser algo que estampasse seu nome no topo.



Sua última participação em longa metragem foi neste ano e no mesmo estilo popular. Em Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina (de  Mauricio Eça) ela acena para nova geração de fãs. 

De opiniões fortes, sobre temas nem sempre populares,  nunca escondeu que praticou aborto, nem que não possuía aptidão materna. Entendia e propagava a homossexualidade como uma coisa sagrada da natureza.

Num país ainda bastante racista como o nosso se derretia toda pelos calouros negros que queria levar pra casa. Enumerava tudo o que mais gostava nele, com uma delicadeza que só ela nos mostrava na TV.

Sobre a vida e suas várias funções, comparava a uma grande festa que ia aceitando ou não o que o garçom lhe oferecia na bandeja. Nesta madrugada acabou o champanhe.

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