O que há de errado em Mamãezinha Querida

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 Inegável que Mamãezinha Querida (Mommie Dearest, 1981 de Frank Perry) é um dos mais saborosos ultrajes que o cinema já produziu! Baseado no best-seller que Christina Crawford escreveu em 78, quando sua mãe, a estrela Joan Crawford lhe deixou de herança o mesmo que Mariazinha ganhou atrás da horta é tão estridente quanto apaixonante.

Joan Crawford na década de 60
Como é evidente, o filme erra em mostrar apenas um dos lados da história, uma tremenda mágoa de cabocla oriunda de um livro ruim. Olha, mas eu aponto que vai além disso!

Direção de arte se baseou em tudo o que o grande público conhece de Joan Crawford. Para isso reproduziram fotografias publicitárias e até cenários de seus filmes como se fossem a casa da atriz.

Para a caracterização da personagem central, Faye Dunaway (que ganharia a Framboesa de Ouro por pior atriz do ano) chamou o maquiador Lee Harman. Os dois trabalharam juntos desde Chinatown (1974 de Roman Polanski).

E aí está um deslize grotesco: Joan Crawford nunca teve essas sobrancelhas de palhaça! Eram célebres por serem arqueadas, mas não no começo, seguindo a linha do nariz.

Assim, qualquer expressão mais forte de atriz será risível. Veja abaixo uma montagem que eu fiz na mesma foto com as sobrancelhas reais de Joan Crawford, retiradas de uma foto mais ou menos da época que tentaram retratar nessa imagem da Dunaway, anos 60.

Muito mais humanamente possível, vamos combinar! Não sei se o filme estaria salvo com este detalhe, mas pelo menos o resultado seria diferente.

E que tal essa foto de Faye Dunaway com o maquiador (e carrasco) Lee Harman? Criatura e orgulhoso criador...
A amizade entre eles foi desfeita? Que nada! Continuaram a trabalhar juntos, inclusive em Supergirl (1984 de Jeannot Szwarc), sendo que a última parceria da estrela com o maquiador foi no obscuro Ambição Fatal (The Temp, 1993 de Tom Holland).

Veja também:
John Waters fala sobre Mamãezinha Querida
Faye Dunaway querida!
Revista Veja elogiou Joan Crawford de Dunaway

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5Comentários

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  1. Como leiga nesses detalhes (até agora!), gostei muito do filme no sentido em realmente sentir pena das duas crianças pela crueldade da mãe, mas acho que, como você disse, tentar fazer a coisa mais realista possível daria um baita crédito para produção. Valeu pela lembrança do filme!

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  2. Não conhecia o filme. Mas fiquei com muita vontade de vê-lo. Parabéns pelo blog!

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  3. Eu vi o filme e não achei tão ruim assim... rs rs rs ... Mas sei que a crítica como um todo detonou o filme. Realmente nunca vi ninguém falar bem. Mas de fato o filme mostra uma Joan implacável, ruim, impiedosa... quase uma torturadora. Custa acreditar que alguém fosse daquele jeito o tempo todo.

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  4. Olha, eu não duvido de nada desse filme rs

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  5. Vítimas de violência costumam ser silenciadas justamente por medo do descrédito, sobretudo quando o agressor é alguém com boa imagem social.
    Não podemos afirmar se é verdade ou não, mas creio que é bem possível.
    Existe pais de sangue, ricos, pobres, famosos ou não que maltratam seus filhos, então é bem possível sim.
    Ainda mais que os outros adotados chegaram depois,quando talvez ela tivesse amadurecido ou pelo crescimento dos filhos fisicamente não pôde mais machucá-los.

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