Tarzan à caça de James Bond (ou quase isso!)

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 Criado na literatura pulp na década de 10 do século passado, Tarzan é o mais prolífico super-herói cinematográfico. Um bem sucedido bisavô da febre de heróis de quadrinhos que pesteia os cinemas nos últimos anos.

A Brook Fun está distribuindo em DVD vários títulos de Tarzan, com excelente qualidade de áudio e imagem. As mais de duas ou três décadas de filmes disponíveis com qualidade agora, com interpretes diferentes, são um deleite para se observar a trajetória de um personagem blockbuster, além das mutações socioculturais. Mas vamos por partes!

A Maior Aventura de Tarzan (Tarzan's Greatest Adventure, 1959 de John Guillermin) é a penúltima aventura protagonizada por Gordon Scott, considerado por muitos o melhor intérprete do Homem Macaco.

Após seis filmes (1955 – 1960) gritando na selva ele partiu para a Itália, em plena febre dos Peplums para aproveitar seus músculos como Maciste, Hércules, Golias, etc. Não que Tarzan tenha deixado de fazer sucesso!

Característica interessante do personagem é que durantes estes mais de 90 anos nem sempre ele está no topo das bilheterias, mas sempre tem pelo menos um filme a ser lançado, além de cópias, sátiras e séries de TV. Em 2013 saiu uma animação 3D, mas há outros projetos em andamento até 2016, segundo o IMDB.

A produção em questão, de 1959, teve sequencias rodadas na África e conta com direção de John Guillermin, que em 1976 seria o responsável pela refilmagem de King Kong. Ainda faria outros dois ou três filmes rodados ou referentes ao continente Africano, um especialista em florestas!

Em termos de trama, grupo de traficantes ingleses que pretende explodir uma mina de diamantes hora foge do Tarzan, hora caça o Tarzan. Entre os bandidos, Sean Connery, um pouco antes de se tornar ninguém menos que o agente James Bond, enfeita o núcleo feio.

Connery, que não era propriamente um novato, tem um papel relevante, com texto e tudo. Mas não é o líder da gangue, o que, traduzindo em linguagem do cinema popular, diz muita coisa quanto a sua permanência em cena.

E a história é isso, desculpa para um desfile de clichês (literalmente) rio abaixo, conhecidos provavelmente até por quem nunca viu um filme do Tarzan. Entre flechas, armadilhas no chão disfarçadas com folhagens e a infalível areia movediça, o grito célebre só acontece no final, pra plateia ficar ansiosa pra ouvir.
Com efeitos especiais que envolvem maquetes e imagens de arquivo de animais abaixo de granulado diferente, é voltar a ser criança nos idos em que a Sessão da Tarde exibia coisas do tipo. Divertimento garantido para os de boa imaginação.

Há ainda, claro, alguns momentos bizarros pelo tempo em que o filme foi feito. Começando por conceitos como ecologia que ainda engatinhavam entre o grande público.

Por exemplo, pra salvar uma periguete que fazia gracejos para ele de dentro de um avião, e cai de bico na água, Tarzan mata um lindo crocodilo sem remorso algum. Ok, na verdade um grande crocodilo de plástico, mas ainda assim, muito estranha a atitude do herói hoje em dia.


 Num dos enxertos de imagens de animais, a mocinha fica aflitíssima vendo (se não me engano) leões devorando um outro animal qualquer. Para acalmá-la, Tarzan muito sério explica que é da natureza deles, para comer e que apenas o “homem mata por matar".

Isso porque, ele não só mata o já citado crocodilo, com mandará para o colo do capeta dois dos vilões! Do tempo em que herói não fazia cerimônia em mandar vidas humanas ou não pras cucuias.

Final da década de 50 e ainda imperava aquele pudor estranho de mostrar o umbigo, assunto que já tratei antes neste post aqui do blog. A tanga do ator forçadamente esconde o umbigo...
Mas não havia menor problema em mostrar até a polpa do bumbum do rapaz.
 Pra gente ver como a moral e bons costumes é uma coisa muito subjetiva, dependendo da época e dos olhos de quem enxerga. Umbigos foram motivo de muita vergonha por décadas.

O figurino só revelaria o umbigo dele em Tarzan Vai à Índia (Tarzan Goes to India) de 1962, também dirigido por John Guillermin. Enfim, a revolução sexual 60’s não deixaria esse mero detalhe continuar escondido.

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